Servidora é confundida com sequestradora

Pais e mães que moram na Região Metropolitana de Belém têm vivido dias angustiantes e pavorosos depois que tentativas de sequestro de crianças - nos quais uma mulher é apontada como a principal suspeita – foram registradas na Polícia Civil e o assunto ganhou repercussão.

Ao menos três ocorrências estão sendo investigadas e numa delas a mãe, de uma das crianças que quase foi vítima do rapto, relatou que a suspeita usou uma seringa contendo um líquido vermelho para ameaçá-la. Um retrato falado sobre a suposta sequestradora já foi divulgado. E, ao mesmo tempo em que a foto da suposta sequestradora passou a ser compartilhado nas redes sociais, dezenas de fake news (falsas notícias) ganharam amplo espaço, principalmente em grupos de WhatsApp, contribuindo para gerar pânico e tumultos, colocando, inclusive, pessoas em risco.

Ontem (24), por exemplo, uma servidora pública escapou de ser linchada por moradores do bairro do Aurá, em Ananindeua, após ser “confundida” com a então sequestradora de crianças. Ocorre que a vítima, identificada como Marcia Silva Sousa, trabalha na Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Trabalho de Ananindeua (Semcat) que estava fazendo visitas às famílias atendidas pelo órgão.

Populares cercaram o veículo em que a servidora estava, danificaram o carro e quebraram o celular tanto da servidora quanto do motorista do veículo. Os populares acreditavam que a servidora era a sequestradora e a acusavam de estar atrás de crianças de uma creche próximo ao local de onde ela estava. A servidora foi salva por policiais militares que foram acionados e impediram que ela fosse linchada. Eles conduziram a servidora e uma das agressoras, identificada como Elidalva Gomes, que teria quebrado o celular do motorista.

A SEMCAT confirmou que um motorista e uma colaboradora do Programa Criança Feliz, que regularmente fazem visitas as casas dos usuários do Serviço, sofreram agressões e intimidações por parte da população que os confundiram com sequestradores. O caso foi esclarecido na delegacia. A nota da secretaria ressalta que “a população precisa, sim, tomar todos os cuidados com as crianças, mas principalmente ter cautela com acusações e divulgação de informações inverídicas”.

CAUTELA

O delegado-geral de Polícia Civil, Alberto Teixeira, lembrou a população sobre a importância de serem mais cautelosos com o assunto. “Nós entendemos o temor da população, pois envolve a segurança de crianças. Todos ficam preocupados, principalmente aqueles que têm filhos. Por isso, algumas pessoas não têm o devido cuidado na divulgação de informações e de fatos. Mas é preciso ter calma e atenção nesse momento para não cometer enganos, principalmente nas redes sociais”, reiterou.

Ele frisou ainda que a divulgação de notícias falsas pode induzir o trabalho da polícia ao erro. “Toda informação que chega à nossa equipe de investigação é averiguada. Se existem várias ocorrências inconsistentes, que exigem nossa atenção, pode ser que a verdadeira informação demore a ser investigada”, pontuou Teixeira. (Com informações da Agência Pará)