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DENÚNCIA

Abrigo do terror: animais morrem de fome e até queimados no Pará

Um abrigo municipal está sendo acusado de mal tratos a animais no interior do Pará, mais precisamente na cidade de Curionópolis, no sudeste paraense. O local foi apelidado pelos moradores da cidade de "Abrigo do Terror". É para lá que são levados todos os

Imagem ilustrativa da notícia Abrigo do terror: animais morrem de fome e até queimados no Pará camera Reprodução

Um abrigo municipal está sendo acusado de mal tratos a animais no interior do Pará, mais precisamente na cidade de Curionópolis, no sudeste paraense.

O local foi apelidado pelos moradores da cidade de "Abrigo do Terror". É para lá que são levados todos os cães e gatos retirados das ruas de Curionópolis. O abrigo é mantido pela Prefeitura Municipal e de difícil acesso, localizado na zona rural, o que torna mais complicado a fiscalização no local.

Alguns vídeos feitos por duas jovens, defensoras da causa animal e divulgados na última quinta-feira (14), mostram a precariedade do local e as condições dos animais. O que gerou revolta em várias pessoas.

Érica Diniz e Nilhya Santos mostraram o descaso e a insensibilidade do município de Curionópolis em relação ao tratamento dado os animais.

Reprodução

Nas imagens é possível ver um cão de pequeno porte deitado e respirando com dificuldades. “Para que a prefeitura tá pegando, recolhendo os bichinhos da rua, para os deixar morrer à míngua desse jeito aqui?”, diz uma das jovens no vídeo.

Na sequência, mostram as vasilhas vazias, sem comida ou água. As imagens mostram também a péssima condição higiênica do local. Elas denunciaram também que “têm cachorros saudáveis misturados a cachorros doentes”.

Na sequência do vídeo, um cachorro que aparece deitado respirando com dificuldades, resgatado pelas jovens, é levado para receber atendimento médico em uma clínica veterinária de Parauapebas. Mas, infelizmente, o animal foi diagnosticado com cinomose (em estágio avançado) e precisou ser sacrificado.

A Prefeitura de Curionópolis, que tem como prefeito Adonei Aguiar, informou em 2017 que, através da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), tomaria medidas que tinha como objetivo manter o controle de Leishmaniose. Já em 2018, o Poder Executivo enviou à Câmara Municipal um projeto de lei que pedia a regulamentação para que fosse realizada a apreensão de animais soltos nas ruas. O projeto teve aprovação e um abrigo municipal foi criado para que os animais recolhidos ficassem no local.

O Secretário de Meio Ambiente, Adalto da Silva dos Santos, na época, garantiu que os todos animais recolhidos teriam tratamento descente e que, inclusive, iriam comer ração da melhor qualidade, além de receberem também um acompanhamento veterinário. Porém, as imagens mostram o contrário.

DESCOBERTA

Érica disse que foi com Nilhya ao local para se informar se lá faziam o teste rápido para diagnóstico de Leishmaniose. “Quando chegamos aqui [abrigo], não tinha ninguém e vimos o horror, como os animais estavam sendo tratados”, disse.

“Era um horror. Os animais sem água, comida e vivendo em meio as fezes. Vimos cachorros que não conseguiam nem ficar de pé, porque não tinham mais força devido a fome e a sede. Alguns estavam amarrados com cordas no sol. Uma cena de filme de terror”, continuou.

“Nós fizemos as imagens, resgatamos dois cachorros que estavam do lado de fora, como a cachorrinha que aparece no vídeo. Depois voltamos, com ração e colocamos para os animas, assim como demos água a eles. Ficamos a tarde toda aqui e fomos embora quase 18 horas e não apareceu ninguém da prefeitura”, concluiu.

VÍDEO FALSO

Na tentativa de desmentir a denúncia das jovens, o Secretário Municipal de Meio Ambiente, Adalton Santos, publicou um vídeo do abrigo que mostrava que o local já estava limpo e as vasilha dos animais com água e ração.

Segundo ele, uma pessoa fica no abrigo para tomar conta dos animais. Ele acusou as jovens de terem causado danos no local.

“A única coisa que fizemos foi alimentar e matar a sede dos animais, que estavam morrendo à míngua, pelo abandono e descaso como são tratados pelo município. Se é para tratar os animais assim, dessa forma cruel, porque os tiram das ruas. Nas ruas pelos menos eles encontram água e alimentos. Eu mesma, junto com a Érica e outras amigas sempre conseguimos ração e damos aos animais de rua”, disse Nilhya Santos em resposta ao secretario.

Ainda segundo Nilhya e Érica, Adalton Santos, que também é o coordenador do abrigo, não gosta de animais. “A ideia dele era capturar os animais das ruas e matar”, detalhou Érica, dizendo que ela e Nilhy e outras amigas que gostam de animais pediram para trabalhar como voluntárias no abrigo, apenas exigiram do governo que Adalton Santos não fosse o coordenador do local, pelo histórico dele de não gostar de animais.

“A resposta que nos deram foi que ele era o secretário e ia ficar à frente do abrigo. Pessoas ligadas ao prefeito ainda disseram que não sabiam porque estávamos nos preocupando com cachorro. Era só cachorro”, ressaltou Érica.

“Nossa bandeira são os animais, e vamos continuar defendendo essa causa. Se flagramos maus tratos, vamos denunciar”, afirmou Nilhya.

CORPOS DOS ANIMAIS SÃO QUEIMADOS

A equipe de reportagem do Correio de Carajás esteve no abrigo e segundo eles, o local já havia passado por uma higienização e também já havia água e comida para os animais. Porém, a situação onde os mesmo se encontram são insalubres. A maioria está desnutrida e doente.

De acordo com uma fonte, que preferiu não revelar o nome, não existe uma triagem para saber se o animal que foi retirado da rua está doente ou não, ficando todos no mesmo espaço, e o veterinário que era para atender no abrigo não pisa no local, já que não existe espaço adequado para ele. Com isso, os animais não recebem atendimento e muitos morrem.

Ainda segundo a fonte, a existe uma média de morte entre os animais. Cerca de seis por semana. Os corpos são levados para um terreno perto do abrigo, e são queimados em fogueiras feitas com pneus e madeira.

Abrigo do terror: animais morrem de fome e até queimados no Pará
📷 |Reprodução
Abrigo do terror: animais morrem de fome e até queimados no Pará
📷 |Reprodução

As cenas chocaram moradores de Curionópolis e pessoas envolvidas na causa animal. Em Parauapebas, a presidente da Associação dos Amigos e Protetores dos Animais e do Meio Ambiente (Apama), Biancka De Lavor, se disse revoltada após ver as cenas. “É revoltante, queremos uma explicação do município vizinho diante dessa situação e vamos denunciar o caso”, disse.

Biancka também informou que a forma como os corpos dos animais mortos estão sendo descartados não é o correto. E ainda dá como exemplo o município de Parauapebas, que coloca o corpo do animal em câmaras frias e depois encaminham para Belém, por uma empresa contratada, onde são cremados no crematório licenciado.

NOTA DE REPÚDIO DA APAMA

“A Associação dos Amigos e Protetores dos Animais e do Meio Ambiente-APAMA, vem manifestar perante a população de Parauapebas-PA e de Curionópolis-PA, repúdio a situação degradante e totalmente insalubre, em que foram encontrados, diversos cães, em um local denominado 'abrigo municipal'.

Circulam pelas redes sociais, vídeos que foram gravados nesse local, apelidado de “abrigo do terror”, onde mostram animais sendo privados, de água e comida, animais muito magros, feridos, desidratados e alguns visivelmente doentes, um deles já estava agonizando, prestes a morrer, conforme relatado, por pessoas, que realizaram o flagrante.

Como visto no vídeo, animais grandes com pequenos, filhotes misturados com animais doentes.

Muitas fezes, urina pelo chão, mostrando claramente situação de maus-tratos desses animais. E inclusive, uma fogueira, com restos mortais de animais, levando a entender, que foram descartados ali mesmo e após, foram queimados.

A infeliz iniciativa do município de Curionópolis, atenta contra princípios da transparência, moralidade e eficiência da gestão, incorrendo em prevaricação e crime ambiental. A sociedade precisa de uma resposta célere em relação a esse acontecimento.

Para defender os animais, no âmbito federal existe a Lei Federal dos Crimes Ambientais, Nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Seu artigo 32 cita como crime: praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. Comina uma pena de 3 meses a 1 ano de prisão e multa, aumentada de 1/6 a 1/3 se ocorrer a morte do animal.

O sofrimento dos animais importa e deve ser respeitado. Não se cale diante da crueldade contra seres indefesos. Animais são seres conscientes, ou seja, são capazes, entre outras coisas, de sofrer e sentir dor. Se você sabe de alguma situação de maus tratos ou desconfia de envenenamento de animais, DENUNCIE.

Estaremos de olho e esperamos que seja feita JUSTIÇA para esse caso”.

POSICIONAMENTO DA PREFEITURA

Em nota, a Prefeitura Municipal de Curionópolis negou as acusações e afirmou que o espaço tem a finalidade de abrigar animais em fase terminal.

Confira o texto na íntegra:

"A Prefeitura municipal de Curionópolis vem à público se pronunciar a respeito do vídeo fazendo graves acusações de maus-tratos à animais e divulgado nas redes sociais de maneira irresponsável, com objetivo de causar tumulto, pânico e revolta na população. Sobre o conteúdo veiculado a prefeitura esclarece que: o prédio atualmente funciona como local de transição, recebendo unicamente animais em fase terminal, deixados no local pela comunidade carente, que se vêem sem condições de manter as necessidades básicas deles até o procedimento final de eutanásia. Os 16 animais ali alojados passaram por testagem sorológico positiva para leishmaniose, chegaram ao local doentes e bastante debilitados e estão alocados no prédio por um breve período, até o cumprimento do protocolo do Ministério da Saúde para controle da doença. Em hipótese alguma, estão sofrendo maus-tratos ou privados dos cuidados necessários.

O local ainda passa uma reestruturação, abrigando somente animais que oferecem riscos imediatos à saúde da população. Por este motivo, o prédio não é um local de reabilitação ou de destinação dos animais para adoação. Acolher os animais em fase terminal foi uma medida tomada, visando garantir em primeiro lugar, a segurança e o direito à saúde humana, e em seguida, para garantir os direitos básicos à alimentação, hidratação, medicação e abrigo provisório aos animais em seus últimos momentos de vida.

As pessoas responsáveis por realizar as filmagens, infringiram a lei, ao invadir o local, destruindo o patrimônio público e fora do horário de expediente, por volta das 6:30h, desacompanhadas dos servidores responsáveis pelo local, colocando em perigo suas próprias vidas. Publicaram intencionalmente o conteúdo sem oferecer o direito de resposta aos possíveis questionamentos.

A Prefeitura ressalta o compromisso de preservar primeiramente a saúde da população, diminuindo as chances de contaminação da leishmaniose, e repudia os atos irresponsáveis, com ideações políticas e despreocupados com os possíveis impactos à população.

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