Nada mais estranho do que subir a avenida Nazaré, no sentido contrário dos carros, e ouvir silêncio em um segundo domingo de Outubro. Pode ter sido um Círio de pouca gente, mas de muita fé. “Eu tenho uma mãe de 82 anos para cuidar, e doente [pela Covid-19], havia dias em que eu não tinha força para comer um pedaço de pão. É muita coisa para agradecer, todo o livramento”, declarou, chorando, a professora Zélia Santos, 49, que desde a Sé fez o percurso da Imagem Peregrina.
O motorista de aplicativo Sidney Gomes fez uma promessa pela filha, que nasceu há dois anos e meio, antes da Covid-19. De joelhos, seguiu da Sé até a Praça Santuário, com o primeiro sapatinho que a filha usou na vida pendurado em um colar no pescoço. “Mas promessa é promessa, né? Claro que a gente viria cumprir”, conta a mãe, Luana Cabral, empresária. A pequena Laura Valentina nasceu após apenas seis meses de gestação, e hoje é uma menina saudável. “Um milagre de Deus em nossa vida”, credita a mãe.
No final da manhã, o helicóptero com a imagem peregrina pousou na área da Praça Santuário, após sobrevoar hospitais da Região Metropolitana de Belém. “Damos graças por esse Círio diferente, que nos ensinou a testemunhar nossa fé nos momentos difíceis”, declarou o bispo auxiliar, Dom Antônio de Assis Ribeiro, na missa de encerramento do Círio 2020, já na Basílica de Nazaré.
HONRARIAS
Logo após o pouso, a imagem de Nossa Senhora foi entregue ao Governador do Pará, Helder Barbalho, para receber as honrarias de chefe de Estado – como ocorreria durante a recepção a ela na Escadinha do Cais do porto, ao final do Círio Fluvial. “O Círio é uma das maiores manifestações de fé do mundo e em 2020, por causa da pandemia, ele teve que ser diferente, mas não menos especial. Parabéns à diretoria da festa, que buscou alternativas para manter acesa a fé em Nossa Senhora de Nazaré e tornou a celebração deste ano especial, inesquecível. Feliz Círio a todos os paraenses”, desejou o governador Helder Barbalho.
A imagem foi posta posteriormente na berlinda e fez um pequeno percurso até a Basílica, sendo recebida pelo arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira. Às 11h40 se iniciou a missa celebrada pelo bispo auxiliar, as portas fechadas, apenas com a presença do governador Helder Barbalho, da primeira-dama, Daniela Barbalho, de diretores da festa e dos jornalistas.
“Demos graças a Deus porque estamos com saúde, foi um ano difícil, de choros e lamentos, em que uma doença desafiou a ciência, promoveu crises econômicas e políticas. Uma doença limitou a nossa liberdade, convivência familiar, mas a nossa fé continuou inabalável”, afirmou Dom Antônio. “Este foi o Círio da solidariedade, não poderíamos fazer festa no meio de tantos irmãos sofredores que perderam familiares. E foi um convite para que possamos promover a solidariedade sempre”.
Desde as 15h deste domingo, a imagem peregrina está na Praça Santuário para visitação e a Basílica também abrirá as portas durante as missas, mantendo os cuidados com o coronavírus. (Com informações da Agência Pará)
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