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TECNOLOGIA

A agricultura digital veio para ficar

Levantamento feito entre Embrapa e Sebrae tenta mapear as tendências tecnológicas dos produtores. Acesso à internet e falta de mão de obra especializada são gargalos já encontrados

Imagem ilustrativa da notícia A agricultura digital veio
para ficar camera Uso de equipamentos móveis, e aplicativos podem melhorar produção | Lilian Alves

Quem encontra através de uma rede social um novo parceiro comercial, usa informações de um grupo de Whatsapp para chegar ao fornecedor de insumo mais barato e até negocia a compra desta forma, já está vivendo a chamada “Agricultura 4.0” ou “Agricultura Digital”. Bastante abrangente, ela vai além do maquinário de ponta ou do uso de drones no campo. Isso é o que mostra o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária Édson Bolfe, coordenador de um levantamento online sobre tendências, desafios e oportunidades em agricultura digital.

“Hoje existem vários softwares de gerenciamento do agronegócio propriamente dito; uma associação ou cooperativa pode comprar um equipamento mais sofisticado em conjunto, tudo isso em um ambiente digital. A agricultura digital pode estar no pós-porteira também, que é a comercialização. Nessa época de pandemia, tem crescido muito a venda direta, usando redes online de comercialização, em que o produtor rural ou associação, consegue por o produto mais facilmente para o consumidor final e para a área urbana”, diz.

O levantamento coordenado por Bolfe é uma iniciativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). E o objetivo é saber de que forma essas tecnologias são utilizadas atualmente, em especial, pelos pequenos e médios produtores brasileiros. As entrevistas encerraram no último dia 31 de maio, e os resultados dela logo devem estar disponíveis ao público.

Edson Bolfe (Embrapa) : dados definirão perfis do agronegócio do futuro
📷 Edson Bolfe (Embrapa) : dados definirão perfis do agronegócio do futuro |Graziella Galinari

Mesmo sem o resultado da pesquisa em mãos, Bolfe é capaz de apontar ao menos duas dificuldades bastante citadas quando os técnicos da Embrapa visitam essas propriedade ou conversam com produtores. “Um problema bastante citado em todo Brasil é a baixa disponibilidade de sinal, a conectividade no campo”, diz ele. Mesmo uma região altamente produtiva, como Paragominas, no Pará, ou em estados como São Paulo, as propriedades passam pelo mesmo desafio. “Com a pesquisa a gente vai, inclusive, poder obter um percentual disso por região; saber onde tem essa dificuldade em proporção maior que outra”, afirma. O outro desafio é que muitos agricultores acreditam que é muito caro para se investir em agricultura digital, pois tendem a pensar apenas em maquinário. “Realmente, quando se fala de equipamentos e máquinas, não é qualquer produtor que consegue fazer esse investimento; mas tem outras formas de baixo custo”, lembra. É o caso dos aplicativos de celular, tecnologia simples, mas que já pode proporcionar avanços na produção. “Claro, não deixa de ser um gargalo para alguns pequenos produtores comprar um smartphone, mas, às vezes, eles conseguem via cooperativa, associação”, aponta.

Ainda por esse caminho, a pesquisa perguntou quais tecnologias não eram usadas, mas o produtor gostaria de utilizar e para quê, visando uma base de dados para investir no futuro. As empresas maiores costumam ter bom acesso a essas tecnologias. Os gargalos dos grande produtores, então, são outros, como ter gente capacitada no campo para trabalhar em maquinários totalmente informatizados - o que não deixa de ser importante. “Alguns também falam da incompatibilidade de tecnologia, uma máquina com tecnologia. A não conversa com o sistema da máquina B”, exemplifica.

TENDÊNCIAS

A vanguarda da agricultura digital e que já começa a chegar ao Brasil são os “serviços digitais online”. Um exemplo é o agricultor que não precisa comprar um equipamento, ter uma pessoa especializada na propriedade, para usar certos recursos tecnológicos. “Ele pode pagar uma mensalidade a uma empresa que presta serviço de mapeamento da propriedade, ao invés de comprar um drone, cuja manutenção é cara”, diz Bolfe. Muitas vezes, a empresa nem precisa visitar a região, fazendo seu trabalho por meio de imagens via satélites. “Outra tendência é a organização dos produtores, seja em cooperativas, associações ou mesmo realizando uma união informal de vizinhos para venda em plataformas online direto para os clientes, o que é chamado “circuitos curtos de comercialização”.

Victor Ferreira (Sebrae): a ferramentas vieram para ficar
📷 Victor Ferreira (Sebrae): a ferramentas vieram para ficar |Hugo Santarém

Também está presente - assim como na Indústria 4.0 - a inteligência artificial, já usada em alguns casos para prever produtividade da safra, detectar pragas e deficiências nutricionais. “A partir do mapeamento do drone, por exemplo, o produtor consegue processar imagens e ter um diagnóstico de problema. Se tens mil hectares e só uma parte está com problema, o agricultor pode passar o produto químico apenas nas áreas mais afetadas. Você diminui o custo e também é bom para o meio ambiente”, exemplifica. A participação voluntária de produtores - e também de prestadores de serviços para o agronegócio - na pesquisa esteve acima das expectativas da Embrapa. “Isso significa que ambos estão querendo falar sobre suas preocupações. Há respostas de todas as regiões do Brasil. Surgiu várias que não imaginamos que a parte digital estaria tão forte, como piscicultura, silvicultura e sistemas agroflorestais”, diz Bolfe.

A idade dos produtores interessados no tema também surpreendeu. “A gente imaginou que seria um pessoal mais novo, abrindo caminho com essa agricultura de precisão; mas tem um número significativo de produtores acima dos 40 anos, já aderindo à agricultura digital, usando rede social, informação de software”, aponta. A competitividade dentro da economia está ligada às condições de alcançar resultados melhores do que os concorrentes, e, Victor Ferreira, Analista de Competitividade no Agronegócio do Sebrae, aponta que o digital já pode ser considerado fator fundamental para isso - especialmente no cenário pós-pandemia. “Essa condição está antecipando o futuro em temas como a inteligência artificial cognitiva para acompanhamento da produção; análises multiescalares e multifontes dos riscos agrícolas; e o monitoramento das propriedades rurais em tempo real. Dessa forma, a transformação digital terá um papel ainda mais relevante nos próximos anos, apoiando diferentes regiões e Estados do Brasil, como o Pará, na produção de alimentos, fibras e energia em maior quantidade, qualidade e com sustentabilidade”, diz ele.

Para Ferreira, usar o digital para conectar as propriedade com o mercado, com novos “stakeholders” (parceiros), que podem ajudar na gestão do negócio também é tendência importante. “Tem muita gente com produto de qualidade, chancelado, mas que poucos conhecem”. Nesse sentido, o Sebrae também está começando a implementar rodadas de negócios virtuais. “O que a gente pode ter certeza é que as ferramentas digitais vieram para ficar”, diz ele.

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