Depois de avançar por dois anos consecutivos, a produção
industrial brasileira recuou em 2019, segundo dados do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta terça-feira (4).
Enquanto o setor teve crescimento de 2,5% e 1% em 2017 e
2018, respectivamente, no ano passado o desempenho foi de retração de 1,1%.
Economistas ouvidos pela agência Bloomberg projetavam uma queda de 0,8% no
período.
O tombo é reflexo do mau desempenho da indústria extrativa,
cujo recuo, no acumulado do ano, chegou a 9,7%. O outro segmento do setor, a
indústria de transformação, avançou 0,2%, no mesmo período. A tragédia de
Brumadinho (MG), que teve um saldo de 249 mortos e 21 desaparecidos, e é
considerada o maior desastre ambiental brasileiro, contribuiu para a queda.
"Tiveram grande peso nesses resultados negativos os
efeitos na indústria extrativa, em decorrência do rompimento da barragem de
Brumadinho no início de 2019", disse André Macedo, gerente da pesquisa.
Após a tragédia, as unidades produtoras de minério
precisaram paralisar a produção para realizar medidas de segurança e de
proteção ao meio ambiente.
Ao longo do ano, mais da metade das áreas pesquisadas pelo
IBGE tiveram perdas. Segundo o instituto, 16 das 24 atividades pesquisadas
recuaram.
"A produção industrial pode estar sendo impactada pelas
incertezas no ambiente externo e também pela situação do mercado de trabalho no
país que, embora tenha tido melhora, ainda afeta a demanda doméstica",
explicou André Macedo.
A produção de bens de consumo foi o ponto positivo do ano,
com alta de 1,1% em 2019, sendo 2% dos bens duráveis e 0,9% dos semiduráveis e
não duráveis.
O avanço no mercado de trabalho e a liberação de saques do
FGTS contribuíram para a injeção de dinheiro na economia, o que ajudou a
impulsionar essa atividade, segundo o IBGE.
Apesar desse comportamento negativo em 2019, o ano registrou
redução na intensidade das perdas da indústria de um semestre para o outro. Nos
primeiros seis meses houve recuo de 1,4%, enquanto na segunda metade da
temporada a queda ficou em 0,9% -sempre em comparações com iguais períodos de
2018.
No recorte de dezembro, o recuo foi de 0,7% ante o mês
anterior. O resultado vem depois de novembro ter encerrado com queda de 1,2%,
quando interrompeu três meses de expansão acumulada em 2,2% no período entre
agosto, setembro e outubro.
Três das quatro grandes categorias econômicas, além de 17
dos 26 ramos pesquisados, mostraram redução na produção em dezembro, de acordo
com o IBGE.
O setor de máquinas e equipamentos teve recuo de 7%,
enquanto veículos automotores, reboques e carrocerias registraram queda de
4,7%, no que foram as influências negativas mais importantes do mês.
Já o melhor desempenho veio do setor de coque, produtos derivados
do petróleo e biocombustíveis, com 4,2%.
Na comparação com dezembro de 2018, a indústria caiu 1,2%.
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