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REPORTAGEM ESPECIAL

Queijo! O Ouro Branco do Marajó

Diga a um paraense que você pretende visitar o Marajó e ele certamente o aconselhará a experimentar o queijo da ilha e, se possível, lhe trazer um de presente. E não é para menos. Ao longo de quase dois séculos, desde a chegada dos búfalos a maior ilha fl

Imagem ilustrativa da notícia Queijo! O Ouro Branco do Marajó camera Wagner Santana/Diário do Pará

Diga a um paraense que você pretende visitar o Marajó e ele certamente o aconselhará a experimentar o queijo da ilha e, se possível, lhe trazer um de presente. E não é para menos. Ao longo de quase dois séculos, desde a chegada dos búfalos a maior ilha fluviomarítima do planeta, a tradição se encarregou de fundir a história de um dos destinos turísticos mais belos do Brasil ao sabor de seu produto mais típico, fruto de uma receita única, trazida por colonizadores portugueses e franceses e protegida por gerações de nativos.

A viagem de Belém a Salvaterra dura, aproximadamente, três horas até o desembarque no porto do Camará, principal porta de entrada do Marajó aos turistas. Logo na chegada, nota-se que o queijo é um dos principais cartões-postais do lugar. Aos gritos e palmas, trabalhadores ambulantes o vendem nos arredores do porto e até mesmo dentro das embarcações. O cheiro da natureza excêntrica do bioma marajoara anuncia ao turista que ele está num território extraordinário, agraciado com as forças do rio e do mar, que se encontram, se fundem e se confundem.

É neste ambiente portuário que marajoaras como Sivaldo Almeida e Edson Cristian ganham o pão de cada dia. Os dois, que trabalham com a venda nos portos desde adolescentes, acordam de madrugada para o dia de trabalho. Munidos de caixas térmicas de isopor, que servem para armazenar o queijo e uma pequena armação de madeira, usada como mesa, os vendedores passam o dia oferecendo o produto aos turistas, que partem e chegam ao arquipélago do Marajó.

O vendedor ambulante Edson Cristian recebe cerca de R$ 1200 por mês para vender nas embarcações e veículos que fazem a travessia em Soure.
📷 O vendedor ambulante Edson Cristian recebe cerca de R$ 1200 por mês para vender nas embarcações e veículos que fazem a travessia em Soure. |Wagner Santana

“A gente acorda quatro horas da manhã pra vim pra foz do rio Camará. Venho andando da minha casa, que fica a cinco quilômetros daqui. Tenho que chegar aqui às 5h, pra poder pegar os turistas que saem da lancha e do navio de manhã. Esse é nosso dia a dia. Desde os meus 15 anos trabalho aqui. Hoje tenho 35 anos e trabalho vendendo queijo, mas também trabalhei vendendo frutas como bacuri, cupuaçu, abacaxi, tudo plantado aqui”, conta o extrovertido comerciante, ao mesmo tempo em que, entre pequenas pausas, vai oferecendo o queijo, vindo de uma cooperativa de Cachoeira do Arari.

“O Turismo aqui representa a fonte de renda da maioria das famílias do Marajó, principalmente as de baixa renda, eu acredito. Eu vendo queijo com muito orgulho e alegria, sustento minha esposa e meu filho daqui da foz de Soure. Dependemos muito dos turistas que chegam para comprar aqui. Todos apreciam o queijinho premiado”, diz Cristian, que vende os produtos da queijaria Laticínios Leal, premiada este ano no Concurso Ouro Brasil, realizado em Santa Catarina.

Aprendizado em família: tradição que passa entre gerações

Prudêncio e sua família: "devemos tudo ao queijo do Marajó"
📷 Prudêncio e sua família: "devemos tudo ao queijo do Marajó" |Wagner Santana

A venda em portos como o de Camará e o de Soure é a ponta final de um processo que começa a mais de 30 quilômetros de distância dali, na chamada bacia leiteira do Marajó, que compreende as cidades de Soure, Salvaterra e Cachoeira do Arari. Os queijeiros nativos vão buscar pela manhã o leite fresco nas fazendas vizinhas, e em seguida retornam às queijarias, para começarem a produzir o laticínio. É preciso correr contra o tempo, especialmente na época de alta estação, de abril a novembro.

O produto precisa ficar pronto antes do almoço para ser transportado até as regiões portuárias, nas quais é entregue aos vendedores como Sivaldo e Cristian. O caminho é geralmente feito de motocicleta e pode durar horas, principalmente no período do inverno marajoara, onde grande parte das vias ficam alagadas. Muitas vezes é preciso largar o veículo e transportar o produto utilizando búfalos.

“Eu acordo por volta das três da madrugada. Começo o processo aqui na queijaria, e por volta de uma da tarde preciso estar com o queijo pronto, para depois fazer minhas entregas. Chego em casa por volta das seis da tarde, e o trabalho continua. Eu vou pra talha da coalhada, faço o desnate, e dez horas da noite estamos liberados pra descansar, pra depois ter que retornar as três da manhã de novo (risos)”, descreve Prudêncio Amador da Paixão, proprietário de um dos queijos mais populares do Marajó, inclusive vendido para outras cidades paraenses. Nada mal para quem começou há 22 anos, vendendo leite de bicicleta pelas vilas da cidade.

“Aqui em Cachoeira eu fui o primeiro a ganhar certificação. Nossa queijaria foi construída dentro de uma planta sugerida pela Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará). Hoje podemos vender para todo o Pará e em breve para o Brasil. Tudo isso graças às pessoas que sempre apreciaram nosso queijo, nativos e turistas. Agradeço de coração a todas as pessoas que compram nosso queijo. Quero dizer a elas que são elas que fazem nosso crescimento, desde quando isso aqui era apenas uma vendinha”, diz o homem que carrega amor e paixão no sobrenome, e que mora com a esposa e com os filhos bem ao lado de sua queijaria.

Clique e saiba mais da história da família Prudêncio:

APÓS DOIS SÉCULOS, O APOGEU

Variedade de produtos feitos à partir do leite de búfala.
📷 Variedade de produtos feitos à partir do leite de búfala. |Wagner Santana

Até pouco tempo, o comércio informal era a única opção de negócio para os produtores de queijo da ilha. O produto esteve isolado durante quase 200 anos, podendo ser consumido apenas dentro do Marajó. Os nativos fizeram da abundância do alimento um importante pilar gastronômico, social e econômico do arquipélago. Andando pelas arborizadas ruas da ilha, vê-se os produtos de búfalo em todo lugar, do churrasquinho vendido nas esquinas aos pratos sofisticados de restaurantes espalhados pelas orlas. As receitas são muitas, e algumas estão guardadas pelos caboclos marajoaras. Pirão de leite, queijo e manga; filé de búfalo com risoto de queijo, frito do vaqueiro, ou até mesmo como sobremesa, misturado com doces típicos da região.

Os bons ventos chegaram em 2013, quando o estado do Pará criou a primeira legislação para regulamentar o queijo artesanal do Marajó, reconhecendo-o como um produto único e genuinamente paraense, permitindo sua produção e comercialização em todo Estado. Em julho deste ano, mais uma excelente notícia: o Governo Federal regulamentou a Lei do Selo Arte, permitindo a venda interestadual de produtos alimentícios artesanais, como o queijo. A medida abriu uma grande porta de negócios e criou otimismo em todos que estão ligados este produto. A expectativa é que - no início do próximo ano - já existam queijarias do Marajó vendendo seus produtos para todo o país.

Outro importante programa criado pelo Governo do Pará para dar suporte ao crescimento da indústria do laticínio marajoara é o Promebull (Programa de Melhoramentos Genético de Búfalos). E tem dado muito certo. Através principalmente da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), os investimentos em técnicas de manejo e biotecnologia realizados na ilha desde 2013 estão ajudando pequenos e grandes produtores do setor bubalino a aumentar a produção e acompanhar o ritmo de franco crescimento do setor. Segundo o Dr. José de Ribamar, coordenador do programa e pesquisador da Embrapa desde 1979, o objetivo é tornar a Amazônia autossuficiente em leite até 2023. Isso significa maior capacidade de produção dos laticínios e, consequentemente, atender a uma demanda que já está ansiosa em ver os produtos bubalinos nas prateleiras de todo o país.

A legalização e os programas de incentivos revolucionaram todos os setores do Marajó, aumentando a cadeia produtiva e transformando o setor em uma indústria pujante, responsável por milhares de postos de trabalho. Ao todo, 12 queijarias já foram certificadas com o selo estadual e indicação geográfica, em ação conjunta da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) e da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará). Um selo que, além de levar o queijo para além das fronteiras da ilha, garante a qualidade do produto oferecido ao consumidor.

“Essa vitória não é só para as queijarias. Tudo está ligado. O queijo chega a mais pessoas, e com isso chama mais turistas para a região. Estamos partilhando uma receita centenária com todos que quiserem. Temos praias, belas comidas, hospedaria de qualidade”, diz Antônio Péua, proprietário da queijaria que leva seu sobrenome e que já está há quatro gerações na família, na cidade de Soure.

Péua, dono de uma queijaria, fala sobre o crescimento da insdústria do queijo:

Reconhecimento: premiações valorizam o queijo do Marajó

O Queijo São Victor, de Marcos e Cecília Pinheiro, coleciona títulos no Brasil e no mundo.
📷 O Queijo São Victor, de Marcos e Cecília Pinheiro, coleciona títulos no Brasil e no mundo. |Wagner Santana

A legalização estadual e federal era tudo o que os produtores esperavam para, enfim, colocar o queijo artesanal do Marajó no merecido patamar. Com a parceria das instituições do Governo do Estado e do Sebrae, foram realizados uma série de investimentos em estrutura, marketing e formação profissional ao longo dos últimos anos. Queijarias tradicionais da ilha, como Mironga, Prudêncio, Ideal e São Victor, conseguiram transformar o negócio de família em empresas sólidas, reconhecidas e premiadas nacional e mundialmente.

“O Sebrae teve um papel estratégico na consolidação desse avanço. A instituição atuou como ponte, permitindo que as demandas e expectativas dos pequenos produtores chegassem ao Congresso e ao governo, pois os queijos artesanais brasileiros são de grande qualidade, tão bons quanto os europeus”, conta Roger Maia, analista do Sebrae que atua diretamente no apoio às queijarias do Marajó. O trabalho árduo ao longo dos anos deu bons frutos, levando o queijo da região paraense a ser reconhecido mundialmente, como o queijo São Victor, produzido na iluminada cidade de Salvaterra.

Da entrada da propriedade Menino Deus, localizada próxima às centenárias comunidades quilombolas, até o local onde é produzido o queijo São Victor, são aproximadamente duas horas por estrada de terra batida. O longo e árduo caminho anuncia um tesouro cada vez mais desejado pelo Brasil e pelo mundo. O queijo tipo creme foi escolhido como o melhor queijo artesanal do país em 2018, e como um dos melhores em 2019, ambos no Prêmio Queijo Brasil, o mais prestigiado concurso do país. Como se não bastasse o Brasil, o produto chegou a todo o mundo, sendo escolhido, entre mais de 900 laticínios, como o segundo melhor queijo artesanal do planeta, na 4ª Edição do Mondial du Fromage et des Produits Laitiers”, evento promovido este ano na França, berço mundial do queijo.

Cecília e Marcos Pinheiro, casal proprietário da queijaria São Victor, acompanham de perto cada fase da produção. O respeito, o carinho e a sabedoria insubstituível dos nativos com o animal formam a chave do negócio. “Contratamos pessoas que já têm carinho pelo animal, a maioria lida com búfalo desde criança. Existe essa preocupação. As pessoas da queijaria gostam de trabalhar com os animais e conhecem cada um pelo nome. Nossos animais não são confinados, vivem em campo solto. Não temos animais confinados aqui. Isso tudo, além do pasto único do bioma marajoara, reflete no leite”, explica Cecília.

Em vídeo, os proprietários explicam mais sobre o produto.

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Rota do Turismo Pedagógico: o caminho do sucesso

Entrada da Fazenda Mironga, o recanto de seu Tonga
📷 Entrada da Fazenda Mironga, o recanto de seu Tonga |Wagner Santana

O setor do turismo foi um dos que mais cresceram, impulsionado principalmente por programas como a Rota do Queijo do Marajó, desenvolvido em 2016 pela Secretaria de Turismo do Pará(Setur). O programa inovador tornou-se mais uma alternativa de renda para produtores e comerciantes, aliando as belezas do Marajó com o laticínio único da região. O resultado foi o crescimento do número de visitantes à ilha, e uma verdadeira revolução que atingiu os mais diversos setores da economia, não apenas do Marajó, mas de todo o Pará.

“A gastronomia paraense, de modo geral, é um bem capaz de estimular e propiciar experiências únicas aos turistas, pois há uma relação direta entre a comida, os costumes e a tradição de um povo, além de uma descoberta dos saberes e sabores locais, levando-os a uma troca de conhecimento, lazer e satisfação. Somado a isso, em 2015, a Unesco incluiu Belém na lista das Cidades Criativas da Gastronomia Mundial, como reconhecimento coletivo, dos saberes e sabores de todo o Pará, levando a capital paraense a tornar-se referência mundial nessa área da cultura ao integrar uma rede de cidades que buscam desenvolvimento de maneira sustentável e de modo socialmente justo”, explica Julianna Saraiva, coordenadora do Núcleo Institucional da Secretaria de Turismo. Logo em seguida, perguntada sobre onde que o Marajó tem a ver com tudo isso, a servidora detalha.

“A capital paraense, além de ser o ponto de partida dos turistas que vão ao Marajó, oferece ao visitante uma rede de restaurantes especializados na culinária regional e o queijo do Marajó está presente como insumo indispensável à produção de diversos pratos. Uma rota pode contemplar várias pessoas e integrar comunidades de um mesmo polo turístico. A Rota Turística do Queijo do Marajó visa promover os atrativos turísticos e a gastronomia da Região do Marajó, possibilitando oportunidades aos profissionais da área e às comunidades locais produtoras de insumos da culinária regional. Isso permite que as mesmas adquiram novos conhecimentos e práticas por meio da troca de experiências com profissionais provenientes de outros estados, e por meio de capacitação, favorecendo também a divulgação turística da diversidade da produção gastronômica marajoara”, finaliza Julianna.

Rota do queijo e do turismo

Um corredor de árvores das mais variadas espécies leva os turistas até outro tesouro marajoara: a Fazenda Mironga, propriedade da família de seu Tonga, como gosta de ser chamado o senhor Carlos Augusto Nunes Gouveia, um homem que estudou búfalos a vida inteira e que tem planos ousados para a região.

“Rapaz o Vinícius morreu antes de eu processar ele, porque esse nome já era meu antes da música”, brinca, aos risos, se referindo à icônica canção A Tonga da Mironga do Kabuletê, do “poetinha diplomata” Vinícius de Moraes.

O senhor que recebe a reportagem descalço e de bermuda, gere uma fazenda voltada para um novo tipo de turismo, baseado em princípios como a sustentabilidade e a honestidade. Um turismo onde as pessoas passem a olhar o Marajó como uma grande sala de aula. A propriedade, que se tornou uma espécie de santuário do turismo e do queijo em Soure, recebe frequentemente excursões de turistas e estudantes - alguns vindos de outros estados - que chegam para se hospedar e aprender mais sobre a cultura marajoara através de seus principais elementos: o búfalo e o queijo. Para Tonga, é este tipo de turismo que interessa ao arquipélago.

“Vemos que um turismo focalizado no búfalo é a grande saída para todos nós. E a nossa experiência em termos de turismo no Pará é o turismo ecológico e, principalmente, o pedagógico. Nós acreditamos nesse turismo, e acho que o Marajó precisa se preparar pra isso. O foco da Mironga hoje é a pesquisa em torno do búfalo. Este animal precisa ser mais estudado. Nossa proposta é criar o primeiro centro de estudo prático da bubalinocultura. Preste atenção ao redor, você está aqui numa sala de aula.”, conta o sereno Tonga, que em seguida explica como aplica este conceito a sua propriedade, onde organiza encontros estudantis, eventos dedicados ao turismo e, claro, ao búfalo.

Sistema Pegue e Pague criado pela Queijaria Mironga. O cliente pega o produto  e faz o pagamento baseado na confiança. Proprietário já pensa em uma faculdade do búfalo na região
📷 Sistema Pegue e Pague criado pela Queijaria Mironga. O cliente pega o produto e faz o pagamento baseado na confiança. Proprietário já pensa em uma faculdade do búfalo na região |Wagner Santana

“A filosofia que defendemos é que as propriedades não possuam porteiras, que não possuam vigias, tudo fundamentado na sustentabilidade e honestidade. As propriedades têm de ter a preocupação com a sustentabilidade. Defendemos que o melhor turismo pra nós é o turismo pedagógico, com criação de centros de estudos da bubalinocultura, onde o queijo é fundamental neste processo. Pra ser mais audacioso, nós precisamos criar a primeira universidade de búfalo.”, afirma seu Tonga.

Logo em seguida ele se levanta e nos convida para mostrar os detalhes da fazenda. O local permanece sempre de portões abertos a todos que quiserem chegar. Para adquirir um produto Mironga, basta encaminhar-se a um espaço destinado às vendas, pegá-lo na prateleira ou no freezer, e depositar o valor em uma caixa que fica ao lado. Não há seguranças, nem funcionários, tudo baseado na confiança. “Queremos exercitar a honestidade das pessoas. Olha só pra essa delícia”, finaliza, mostrando seu mais novo produto, a manteiga de leite de búfala, de sabor sublime.

O búfalo, o queijo, a cultura e o turismo. Ao partir do Marajó rumo a Belém, temos a sensação de que estivemos em outra dimensão. Agradecemos a generosidade de uma grande ilha, a maior do planeta, que, como quis o destino, passou a partilhar com o mundo um tesouro que antes estava destinado somente aos nativos. Saímos do Marajó, mas certamente ele nunca mais sairá de nossos corações. É isso que este lugar causa a quem o visita: o torna para sempre um marajoara.

Texto: Igor Wilson
Fotografia: Wagner Santana
Produção: Kleberson Santos
Edição de vídeo: Demax Silva

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