Todo mundo sabia que o Náutico não viria a Belém para se
arriscar. Gilmar Dal Pozzo armou seu time para seguir à risca o receituário do
visitante cauteloso. Permaneceu lá atrás, na manha, defendendo-se em duas
linhas de marcação e saindo só (muito) de vez em quando. Queria que o jogo
terminasse exatamente como começou, no 0 a 0. Conseguiu. E contou com uma
considerável contribuição do PSC para arrancar o empate.
Sem criatividade no meio-campo, baixa produção dos laterais
e lentidão dos atacantes, o Papão só criou três boas chances de gol durante
toda a partida. No primeiro tempo, o único momento digno de nota foi o chute de
Léo Baiano, aos 38 minutos, que o goleiro Jefferson espalmou para escanteio. Os
45 minutos iniciais foram jogados dentro do planejamento e da perspectiva do
Náutico.
Em ritmo sonolento, o confronto nem parecia decisivo no 1º
tempo. Como o Náutico não queria nada com a bola, o PSC controlava a partida,
mas não fazia nada de útil. As tentativas iniciavam sempre com chutões que não
causavam nenhum problema para a zaga pernambucana.
Sem ataques agudos, o jogo se arrastava, tecnicamente feio e
pouco emocionante. Tão sem atrativos que a torcida não se sentiu motivada a
vibrar com as ações em campo.
Na etapa final, o panorama mudou. O PSC melhorou, com
lampejos do time ágil e intenso de outras jornadas. Vinícius Leite quase meteu
um gol batendo de fora da área. Parecido com o lance do Re-Pa, ele disparou da
intermediária e a bola bateu na trave.
A jogada entusiasmou a equipe, que exerceu uma pressão forte
sobre a defesa do Náutico. A questão é que as manobras tinham pouca
contundência. A aproximação era previsível, tanto pelos lados quanto no meio.
Muitos cruzamentos sobre a área e algumas tentativas infrutíferas com Nicolas e
Hygor no meio da área.
Quando Elielton substituiu Hygor, o Papão passou a agredir
mais pelo lado direito, forçando passagem. Apesar disso, Tomas Bastos teve
atuação fraca, com discreta participação no ataque e nas tentativas de
finalização.
Aos 19’, aconteceu a situação mais clara de gol. Nicolas
recebeu na área entre os zagueiros e finalizou em cima do goleiro Jefferson. No
rebote, Tony chutou por cima do gol. Foi a bola do jogo.
Depois desse lance, o PSC ainda teve tempo, campo e bola nos
pés para tentar resolver a parada, mas se perdeu nos passes alongados e
cruzamentos na cabeça dos zagueiros. Tiago Luiz e Tiago Primão ainda entraram,
mas sem contribuir para mudar o destino da partida.
Nicolas era o atacante mais presente na área, mas foi pouco
produtivo, demonstrando ter ficado ainda mais intranquilo depois de perder a
grande chance de gol da partida.
O resultado não representa um desastre. O PSC pode superar o
Náutico na batalha dos Aflitos, mas o torcedor lamentou porque o time teve
condições de se impor e chegar à vitória. Pecou por se acomodar no início e por
custar a reagir no 2º tempo.
O público pagante de 20 mil torcedores ficou abaixo da
expectativa criada durante a semana. Pela importância do jogo, esperava-se um
Mangueirão lotado.
Técnico responde
torto a pergunta incômoda
Ao final da partida, o técnico Hélio dos Anjos fugiu à
tradicional amabilidade com que trata a imprensa, respondendo com rispidez a
uma pergunta que considerou inadequada. Cometeu dois erros num só. A grosseria
é injustificada por razões de civilidade e o questionamento do repórter Carlos
Magno (Rádio Marajoara) foi absolutamente jornalístico, formulado de maneira
educada.
Depois de sua análise sobre a atuação do PSC, Hélio foi
indagado sobre o desempenho do meia Tomas Bastos na partida de ontem. O
repórter perguntou o que estaria causando a queda de rendimento do jogador.
Irritado, Hélio afirmou que o radialista sempre faz
perguntas críticas, em tom negativo. Magno rebateu, perguntando se o treinador
só aceita elogios. Hélio, então, disse que não iria mais responder a ele.
Destempero completamente desnecessário e descabido. Não há
histórico de postura negativa por parte do repórter. Além do mais, é fato que
Tomas não repetiu nos últimos dois jogos as atuações que teve contra
Atlético-AC, São José e Luverdense, algo corriqueiro em futebol.
Entende-se até que Hélio tenha buscado blindar seu atleta,
parte da cartilha normalmente usada por técnicos para fortalecer o ambiente
interno, mas não se concebe que um técnico experiente reaja de maneira tão
agressiva a uma pergunta simples.
Clubes de massa têm dessas coisas, bônus e ônus. Até o
episódio de ontem, o técnico teve comportamento irrepreensível no contato com a
imprensa. Espera-se que retome essa prática, em nome da boa convivência
democrática. Respeito é fundamental.
Diferenças abissais entre dois candidatos ao título
Jogo entre Flamengo e Palmeiras mostrou o abismo técnico
entre dois dos principais concorrentes ao título da temporada. O time de Jorge
Jesus parecia até brincar com a lentidão dos palmeirenses. Fez três gols, podia
ter feito cinco. O Palmeiras sofreu com o VAR, teve um pênalti fake contra si –
qualidades de Rafinha incluem o talento para encenações na área –, mas a
superioridade dos rubro-negros foi incontestável.
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