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POLÍCIA

Internos relatam abusos e torturas em clínica para dependentes químicos na Grande Belém

Uma clínica clandestina para tratamento de dependentes químicos foi descoberta pelas polícias Civil e Militar, ontem (21), em Benevides, na Região Metropolitana de Belém. O espaço funcionava numa residência no centro da cidade e abrigava 6 pacientes que e

Uma clínica clandestina para tratamento de dependentes químicos foi descoberta pelas polícias Civil e Militar, ontem (21), em Benevides, na Região Metropolitana de Belém. O espaço funcionava numa residência no centro da cidade e abrigava 6 pacientes que estavam vivendo em condições desumanas.

As vítimas recebiam choque, eram acorrentadas, torturadas e obrigadas a fazer as necessidades fisiológicas na própria roupa. Cabia aos demais - que não estavam presos nas correntes - limpar os colegas.

Além disso, medicamentos eram dados aos dependentes em dosagens acima do que seria prescrito. Entre esses medicamentos, a polícia encontrou veneno para carrapato. “Eles (os pacientes, dependentes químicos) estavam na condição de custodiados. A violência contra eles era latente”, destacou a delegada Claudilene Maia, diretora da Delegacia de Benevides.

Os acusados relatam que as famílias das vítimas consentiram o tratamento, mas não sabiam o que acontecia dentro da clínica.
A delegada contou que estava numa operação conjunta na qual uma barreira havia sido montada quase em frente a clínica. No imóvel não havia nada que indicasse que ali seria um centro de tratamento para dependentes químicos.

“Um paciente, que é advogado, viu as guarnições, escreveu ‘socorro polícia’ numa folha de papel e jogou para o Major PM Rogério que foi verificar o que estava acontecendo e me chamou”, relatou Claudilene.

INQUÉRITO

Ela conversou com o rapaz, que relatou os abusos e as torturas que sofria. No momento da denúncia, dois homens que se identificavam como monitores do espaço apareceram e tentaram driblar o trabalho da polícia. “Eles resistiram em abrir a porta da casa e quando fizeram tentaram esconder as correntes usadas na tortura, mas nós encontramos o material”, disse a delegada.

Ao entrar na casa, a polícia percebeu de imediato as condições insalubres do imóvel e dos quartos onde estavam baldes com fezes dos pacientes acorrentados. Alguns dos pacientes estavam dopados. Os nomes dos monitores ainda não haviam sido divulgados até o início da noite porque a delegada ainda iria colher o depoimento deles.

O casal proprietário do imóvel ainda iria prestar depoimento também. “Um inquérito já foi aberto”, frisou Claudiane ao reforçar a situação irregular da clínica. “Até o momento já podemos dizer que os acusados vão responder por crime de tortura e cárcere privado. Ainda vamos verificar outros crimes relacionados a este caso”.

Dependente tinha marcas de torturas na cabeça. (Foto: Pedro Guerreiro/Diário do Pará)

“Batiam na gente e quem reagisse levava choque”

“Eu estava dormindo em casa quando acordei com os dois monitores me segurando e me levando a força para clínica. Acho que me doparam porque eu ‘apaguei’. Quando acordei já estava na casa diante de pessoas acorrentadas”, relatou um dos pacientes. Ele é um advogado que teria problemas com álcool e teria ido para o espaço a mando da família.

“Eu não consenti o tratamento e nem o internamento. Todos foram ‘sequestrados’ e levados para lá para serem torturados”, declarou a vítima. “A minha mãe pagou R$ 1 mil pela internação e mais R$ 1.500 de mensalidade para que eu ficasse lá dentro”, prosseguiu.

Ao lado dele, na delegacia, outra vítima apresentava ferimentos nos pés por causa da corrente em que estava preso e também um corte na cabeça, que teria levado durante um momento de tortura.

“Batiam na gente e quem reagisse levava choque”, comentou. O rapaz relatou ainda que a família chegou a enviar mantimentos e materiais de higiene pessoal, mas nunca recebeu nada. Familiares de outros pacientes também estavam na delegacia, mas não quiseram conversar com a reportagem.

A delegada Claudilene Maia destacou que deverá intimar o médico que consultava os pacientes na clínica uma vez por semana. “A priori a gente já soube que ele fazia o atendimento no pátio e não tinha acesso às dependências da casa”, pontuou.

O imóvel, a priori, não está relacionado a nenhuma igreja ou instituição filantrópica. De acordo com os pacientes, o médico que os atendia era um psiquiatra e durante as consultas os monitores ficavam ao lado dos pacientes proibindo que eles relatassem qualquer tipo de agressão que acontecia no espaço.

(Denilson D'Almeida/Diário do Pará)

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