plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Previsão do Tempo 27°
cotação atual R$


home
POLÍCIA

Do bairro ‘nobre’ à ‘periferia’ sensação de medo é a mesma

O levantamento feito pela ONG mexicana Seguridad, Justicia y Paz (Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal) que aponta Belém como a 10ª cidade mais violenta do mundo, é realidade nas ruas da capital paraense. Do bairro nobre ao periférico

O levantamento feito pela ONG mexicana Seguridad, Justicia y Paz (Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal) que aponta Belém como a 10ª cidade mais violenta do mundo, é realidade nas ruas da capital paraense. Do bairro nobre ao periférico, a sensação de medo e insegurança é a mesma.

A afirmação da ONG partiu do número de assassinatos ocorridos em várias cidades do planeta. Mas o medo dos belenenses não está apenas de ser vítima de morte violenta. Dependendo do bairro, há um “tipo” de violência mais presente. Os assaltos, por exemplo, têm machado os bairros considerados nobres, como Nazaré, Umarizal, Reduto, Campina e Batista Campos.

Esse último, inclusive, foi cenário de latrocínio na última quarta-feira (7), quando um trabalhador morreu após ser baleado durante um assalto que aconteceu por volta das 7h30 na avenida Serzedelo Correa. “Belém é violenta e não tem o que questionar. E isso é em todo lugar, independente do bairro em que mora”, avalia Maria Bastos, de 37 anos, enfermeira e moradora de Batista Campos.

Embora seja um bairro com intenso fluxo de veículos, comércios, escolas e outros estabelecimentos, cerca de 24 horas depois do crime que vitimou o trabalhador, nenhuma medida protetiva foi tomada e a população é obrigada a conviver com o medo. “A gente precisa trabalhar, estudar. Uma pena porque foi mais um pai de família. Isso é um absurdo. Você sai de casa pela manhã e não tem a esperança de voltar vivo. É revoltante”, desabafa Leo Bastos, de 40 anos, que trabalha em frente aonde tudo aconteceu, próximo à avenida Conselheiro Furtado e morador do bairro do Guamá, em Belém.

TRÊS ASSALTOS

O secretário executivo Edimilson Santos, de 45 anos, contabiliza três assaltos que sofreu no bairro onde mora: Jurunas, considerado bairro periférico. Segundo ele, ninguém está imune à violência, seja ela qual for. “Qualquer hora é hora. Chegamos ao ponto de estar na parada do ônibus ou andar pelas ruas e ter 99% de chances de ser vítima de assalto”, comenta.

“Só Jesus na causa”, é o que acredita o pedreiro Abraão Rosa, de 39 anos. Ele, que também mora no bairro do Jurunas desde a infância, diz ter presenciado e escutado relatos de assaltos, homicídios e latrocínios (roubo seguido de morte) não somente naquele bairro, mas em toda a cidade. Para ele, o problema é de insegurança pública. “O governador e o prefeito que temos colocado no poder para tomar conta da gente não têm feito nada. As leis não são eficientes e a população de Belém está à mercê da bandidagem”, aponta.

Em um curto período em que estava parada no semáforo, a equipe de reportagem presenciou, por volta das 11h, em plena avenida Governador José Malcher, em São Brás, o momento em que um homem, de bicicleta, tentou arrancar o cordão de uma mulher que andava pela calçada. A ação foi rápida. Ele já estava prestando atenção na atitude da vítima por alguns segundos.

Enquanto ela caminhava, ele se aproximou dela e, como num piscar de olhos, foi em direção do pescoço dela. Por sorte, ele não conseguiu levar o cordão. A mulher ficou assustada, sem acreditar no que havia acontecido. Outros pedestres se solidarizaram com ela, mas ele conseguiu fugir.

CRIMES BEM DEFINIDOS

De acordo com o sociólogo e advogado criminalista Henrique Sauma, os belenenses têm vivido uma realidade característica de Belém, pois, dependendo do bairro em que mora, há crimes bem definidos. De um lado, nos bairros considerados nobres, prevalece o crime patrimonial, como assaltos, arrombamentos e, agora, latrocínio. Do outro, nos bairros mais afastados, populosos ou periféricos, os espaços são invadidos por homicídios e tráfico de drogas.

“São realidades diferentes. Talvez o monitoramento e policiamento mais efetivo na área nobre funcionem. Mas, na periferia, é preciso resgatar os espaços públicos dominados pelo tráfico, uma rede de proteção social e políticas públicas”, avalia.

Para Sauma, não somente a capital paraense, mas “o país está sofrendo consequências da violência relacionada à ausência do Estado. O crime domina as favelas e as casas penais por causa da incompetência da gestão pública, seja ela municipal ou estadual. Por isso, nos espaços dominados pelos criminosos, impera a ‘lei do silêncio’”, explica o sociólogo.

Enquanto isso, dentro e fora de casa, a população fica refém da insegurança. “Todo mundo tem medo de sair às ruas. A insegurança pública tem transformado Belém em uma cidade do medo”, pondera.

(Michelle Daniel/Diário do Pará)

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

Mais em Polícia

Leia mais notícias de Polícia. Clique aqui!

Últimas Notícias