Pelo menos 1,4 tonelada de drogas já foi apreendida pela Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc) da Polícia Civil, entre janeiro e outubro deste ano, no Pará. A quantidade é maior se considerar as drogas apreendidas em delegacias e seccionais de bairros. “Os números ainda estão sendo levantados”, disse o delegado Hennison Jacob, diretor da Denarc. “Porém, o balanço que já temos em mãos indica que houve um aumento de apreensões de entorpecentes entre os anos de 2016 e 2017”, afirmou o diretor da Denarc.
O tipo de droga mais apreendida este ano foi a cocaína. “O Brasil não produz cocaína, apenas manipula”, atentou. Entre janeiro e outubro foram 697 quilos deste tipo de droga apreendidos e incinerados pela Denarc. É o tipo de entorpecente mais apreendido e consumido no Brasil. Cada quilo da cocaína pura custa cerca de R$ 20 mil. “O quilo da pasta base de cocaína custa em média R$ 14 mil. O quilo do Skank é comercializado por até R$ 12 mil”, disse o delegado.
As rodovias BR-010 (Belém/Brasília) e BR-163 (Santarém/Cuibá) estão entre as estradas com mais trânsito de drogas. O Pará ocupa um local estratégico no mapa do tráfico de entorpecentes. Pelo Estado passam substâncias como a cocaína – produzida em países da América do Sul vizinhos ao Brasil. Do Pará, estas drogas seguem para a Europa e África. E não são somente as rodovias que colocam o Pará no mapa do tráfico. Cidades como Santarém, no oeste paraense, e Redenção, no sudeste, também são apontadas pelo Mapa do Tráfico de Drogas estudado pela Polícia Civil como regiões estratégicas para a chegada de entorpecentes.
Drogas no Pará (Ilustração)
RIOS
O grande número de rios que banham o território paraense também contribui para o trânsito e escoamento de drogas pelo Estado. Isso porque, pela via fluvial, a carência de fiscalização é ainda maior do que a observada nas rodovias e áreas de fronteiras do Pará. Segundo o delegado Hennison Jacob, o mapa do narcotráfico não tem sofrido alterações nos últimos anos. “A gente observa que não mudou muito. As rotas se mantêm mesmo com a intensificação das fiscalizações que temos desenvolvido nestas regiões”, pontuou.
Para Hennison, o ideal é que a fiscalização e o combate ao tráfico de drogas sejam feito de forma conjunta entre instituições, como as Forças Armadas (nas áreas de fronteira) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas estradas federais. “A droga vem de Cuiabá (MT) para Altamira pela BR-163 e BR-230, onde quase não existe fiscalização da PRF”, afirmou.
O geógrafo e pesquisador pela Universidade Federal do Pará (UFPA) Aiala Colares também desenvolveu um estudo que mapeou o trajeto do tráfico de drogas na região amazônica, em especial no Pará. Neste mapa, verifica-se que, antes de chegar de chegar à Europa e à África, as drogas produzidas em países da América do Sul - como Colômbia, Peru e Bolívia – percorrem os rios, estradas e as fronteiras da região Norte, seguindo em direção ao Pará, de onde serão levadas para abastecer outros mercados consumidores.
Parte dessa droga também abastece a região Nordeste do Brasil. O maior número de rotas de escoamento da droga ainda se concentra no Estado do Amazonas, mas as rotas seguem em direção ao Pará antes de serem distribuídas.
(Denilson d’Almeida/Diário do Pará)
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