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POLÍCIA

Pais são acusados de tentar matar bebê com doses altas de insulina por ganância

Um pai e uma mãe, que moram em Brasília, foram denunciados, pela  promotoria de Justiça do Tribunal do Júri da capital federal, por tentativa de homicídio por motivo torpe contra o filho de apenas dois meses: a mulher foi acusada de injetar altas doses

Um pai e uma mãe, que moram em Brasília, foram denunciados, pela promotoria de Justiça do Tribunal do Júri da capital federal, por tentativa de homicídio por motivo torpe contra o filho de apenas dois meses: a mulher foi acusada de injetar altas doses de insulina na criança, em julho, no Hospital Universitário de Brasília (HUB).

O bebê estava internado desde 24 de junho com suspeita de hiperinsulinismo congênito. Apesar das reações graves, o garoto teve pronto atendimento médico e sobreviveu. Dois filhos do casal, diagnosticados com a mesma doença, morreram no ano passado.

A acusada chegou a fazer campanhas em que pedia dinheiro para comprar medicamentos que estavam em falta na Secretaria de Saúde. De acordo com o promotor autor da denúncia, ela teria provocado o caso mais recente para que houvesse mais uma mobilização social e se beneficiar das doações. Ainda segundo a acusação, quem fornecia a substância era o próprio pai, que trabalha como entregador em uma farmácia. Ele nega as acusações.

Suspeita

O médico responsável pelo atendimento foi quem desconfiou da situação. Em depoimento, ele contou que, quando a criança chegou à unidade de saúde, solicitou-se o exame de glicose e insulina para que fosse feita a investigação diagnóstica. O resultado surpreendeu a equipe médica: foi detectado um nível de insulina acima de 1.000 mcUI/ML — a referência varia de 2,6 a 24,6 mcUI/ML. Por isso, o profissional achou pertinente pesquisar as causas.

Após novos exames, o médico percebeu que a única possibilidade dos altos valores seria a administração proposital da substância. Ele chamou uma conselheira tutelar, informou que suspeitava da mãe da criança e que estava preocupado, pois era quem sempre acompanhava o paciente.

As imagens do circuito interno do hospital comprovaram o crime: elas registram Cláudia injetando o medicamento no filho e, depois, a delegada encontrou uma seringa dentro da roupa íntima da mulher. À polícia, a mãe teria confessado o crime, mas não esclareceu o motivo.

Crianças estão em abrigos

Por meio de decisão judicial, pai e mãe foram afastados do convívio dos quatro filhos e, há dois meses, as crianças vivem em um abrigo.

O médico ainda reiterou no depoimento à polícia que o bebê de dois meses “era uma criança irritada e chorosa, que se transformou após o afastamento da genitora, ficando mais tranquilo e interagindo com os cuidadores”.

“Do ponto de vista médico, ele não fez mais nenhuma crise convulsiva e nenhum episódio de hipoglicemia, mesmo sem uso de qualquer medicação para controle do açúcar no sangue durante os 10 dias que permaneceu afastado dos outros genitores naquele hospital”, completou o médico.

Após o distanciamento, também foi determinado pela Justiça que uma das filhas do casal, que também tem diagnóstico da doença, deveria ser internada durante 10 dias para verificar se os quadros de hipoglicemia e de crises convulsivas descritos pela própria mãe eram, de fato, verdadeiros ou se também eram provocados.

Os medicamentos que a criança tomava há cinco anos foram suspensos e, durante o período em que esteve afastada dos pais, não apresentou sintomas da doença e as taxas de glicose e insulina estavam normalizadas.

Essa mesma criança apresenta um pequeno atraso no desenvolvimento neurocognitivo, que pode ser decorrente dos episódios de hipoglicemia. Serão recuperados os exames anteriores e, caso as análises do bebê de dois meses apresentem o mesmo comportamento, haverá “uma forte sugestão de que a doença possa ter sido provocada e não herdada ou artificialmente mantida”, conforme explicou o médico na oitiva.

Em razão da doença, a menina recebia o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Durante a semana passada, o promotor do Ministério Pública enviou para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) um pedido de abertura de inquérito para que sejam investigadas as mortes dos outros dois filhos.

Pais chegaram a pedir indenização

Os pais chegaram a ajuizar uma ação de indenização por danos materiais e morais contra o Governo do Distrito Federal, pela falta de medicamento para uma das crianças que morreu e ganharam na primeira instância.

Para o Ministério Público, as ações do casal atingiram “não apenas os próprios filhos, mas também o Estado e a Sociedade — que foi manipulada para doar dinheiro às campanhas realizadas pelos acusados”, esclarece o promotor no documento.

Marcelo Leite pediu a prisão preventiva dos pais, mas o juiz indeferiu. A quebra do sigilo bancário também foi solicitada e aprovada pelo magistrado.

“Era difícil conseguir essa prisão. A delegada já havia pedido, mas o juiz da vara criminal tinha negado e determinou como medida alternativa o afastamento”, apontou o promotor.

Após a decisão, o caso passou a correr em segredo de Justiça.

Versão do pai

O pai das crianças afirmou, à reportagem do portal Correio Braziliense, que a mulher realmente injetou a substância no bebê, mas que fez isso em um momento de desespero, devido a uma depressão.

“Eu jamais vou dizer que ela está certa, pois foi realmente um erro muito grande. Mas o que estão fazendo com a gente é uma injustiça, estamos sem saber notícias dos meninos há dois meses. Estou muito abalado, nem consigo trabalhar direito”, afirma.

O homem diz não entender o motivo pelo qual também está sendo denunciado por tentativa de homicídio, pois, segundo ele, o lote da insulina utilizada não saiu da farmácia em que trabalha.

“Eu só fui saber o que minha esposa tinha feito quando me chamaram na delegacia. Há uma série de contradições e acusações nessa história de uma coisa que nem foi comprovada. Nós vamos correr atrás para mostrar que não somos isso.”

A respeito das mortes dos dois filhos, Rodrigo afirma que ambos faleceram por complicações da doença.

“Não tem base o que dizem. Se ela realmente aplicasse isso nos meninos, eu perceberia, pois moro na mesma casa. E é claro que não passa pela minha cabeça fazer mal para eles”, critica o homem.

Sobre o afastamento das crianças, ele diz não entender o porquê. “Temos dois filhos que não são doentes e estão naquele lugar, vivendo de um jeito que desconheço. Qual é o perigo que podemos apresentar a eles?”, questiona.

“Meus parentes têm condições de cuidar de todos. Espero que tudo seja esclarecido o quanto antes, pois estamos sofrendo muito com essa história”, comenta.

Doença

O hiperinsulinismo congênito é uma doença que faz com que o pâncreas produza grande quantidade de insulina — o contrário do que ocorre no diabetes. A incidência é de um caso a cada 50 mil pessoas. Ela causa sintomas como convulsões e calafrios.

(Com informações do portal Correio Braziliense)

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