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POLÍCIA

Assassinatos políticos ficam sem solução

Os crimes de pistolagem no Pará sempre foram marcados majoritariamente pela morte de trabalhadores rurais e sem-terra. Nos últimos anos, no entanto, os assassinatos de políticos vêm aumentando no Estado, atingindo, sobretudo, vereadores e prefeitos de cid

Os crimes de pistolagem no Pará sempre foram marcados majoritariamente pela morte de trabalhadores rurais e sem-terra. Nos últimos anos, no entanto, os assassinatos de políticos vêm aumentando no Estado, atingindo, sobretudo, vereadores e prefeitos de cidades do interior paraense. O mais recente desses homicídios ocorreu na última terça-feira (16), quando o prefeito de Breu Branco, Diego Alemão, foi executado em plena manhã, quando passeava de bicicleta com amigos. Assassinado com um tiro no peito, Alemão foi o quarto político vítima da pistolagem no Pará, em menos de 2 anos.

A área de Segurança Pública não possui qualquer levantamento sobre a morte de políticos ocorridas no Estado. Cada caso é investigado de maneira isolada, mas as ocorrências vêm crescendo e alarmando líderes políticos. Para eles, o momento é delicado e remete a meados da década de 80 do século passado, quando os crimes de encomenda proliferavam, sobretudo nas regiões sul, sudeste e oeste do Pará.

PREOCUPAÇÃO

José Araújo Neto, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PA vê com muita preocupação as mortes, não apenas de políticos, mas as “políticas”, englobando as que acontecem no campo e na cidade. “A comissão vai cobrar das autoridades a elucidação de todos esses casos”, afirma Araújo Neto.

O advogado lembra que cada região possui um contexto específico para a violência, que “é um fenômeno complexo e deve ser combatido com políticas públicas”. Ele lembra que, no Pará, a situação é agravada pelas grandes distâncias que dificultam a presença do Poder Público nas áreas mais afastadas dos centros.

“A impunidade pode ser resolvida por meio de denúncias e comprometimento do povo. Canais como o 181 e as ouvidorias têm papel fundamental para a solução dos crimes”. A comissão está fechando um relatório sobre a violência, que será apresentado ao Conselho Federal da OAB.

ANTROPÓLOGO DIZ QUE AUSÊNCIA DO ESTADO GERA A VIOLÊNCIA

Para o antropólogo Romero Ximenes, crimes políticos não envolvem apenas parlamentares e detentores de mandatos, mas também contra sindicalistas, líderes religiosos, comunitários, ambientalistas. “São pessoas que são eliminadas porque pensam e agem de maneira contrária ao estabelecido”, coloca.

“A guerra é pela posse do Estado e do poder que dele decorre. Por outro lado, há um quadro de insegurança geral provocado pela pobreza e pelo desaparelhamento do aparato policial judiciário”. Segundo Ximenes, isso decorre da fragilidade institucional do Estado, incapaz de prover a segurança pública. “Vivemos uma crise econômica que fragiliza ainda mais esse Estado, aumentando a disputa pelo poder”.

Carlos Bordalo já recebeu 3 ameaças de morte. (Foto: divulgação)

DEPUTADO AMEAÇADO ANDA COM ESCOLTA DE DOIS HOMENS ARMADOS

O deputado Carlos Bordalo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado, está na lista dos ameaçados de morte. Já sofreu três ameaças e hoje anda escoltado por dois policiais militares armados. “Os índices de violência são alarmantes e em crescimento, e a sociedade está assustada e sem confiar no sistema de segurança. Essas mortes políticas seletivas, como a que vitimou o prefeito Diego Alemão e que também está atingindo lideranças populares, sindicais e rurais, vêmaumentando”, destacao deputado.

Os crimes de encomenda sempre atingiram mais os trabalhadores rurais. Bordalo lembra que foram sete mortos em apenas uma semana no Pará recentemente. “Grupos estão se sentindo mais à vontade para voltar a praticar esse tipo de crime: ameaçam deputados, assassinam prefeitos e executam lideranças sindicais. Isso é preocupante, porque não há respeito às instituições”, afirma.

Ele lembra que o nível de atrevimento dos criminosos é absurdo. “Antes do atentado ao prefeito de Breu Branco, tivemos a morte do prefeito de Goianésia do Pará, durante um velório, e o assassinato da líder rural Kátia Martins, em Castanhal, ocorrida dentro de casa”, lembra. “Há alguns dias, outro trabalhador rural foi torturado e executado, em Eldorado dos Carajás”, destaca.

IMPUNIDADE

O deputado Iran Lima ressalta que “a impunidade traz a reiteração de crimes. Em outros casos, não houve punição aos culpados, o que faz com que os criminosos percam o medo ao agir. No ritmo em que vivemos, o Pará está em uma guerra civil”, destaca.

O deputado Tércio Nogueira lembrou que segurança pública está à deriva no Pará e o Governo não percebe a gravidade da situação. “Começamos a falar aqui das mortes de policiais. Depois, tivemos mortes de vereadores. Agora, mais um prefeito”, diz. “Mesmo assim, não percebemos nenhuma ação eficaz do Governo para estancar essa violência”.

Presidente da Assembleia Legislativa do Pará, Márcio Miranda protocolou moção ao governador, cobrando providências imediatas para apuração do crime e prisão dos responsáveis. Ele quer “que seja dado um basta à onda de assassinatos com características de execução, que tantas vidas tem ceifado no Pará, o que não é possível tolerar”.

(Luiz Flávio/Diário do Pará)

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