Unidade para adolescentes é barril de pólvora

Superlotação, estrutura precária, péssimas condições de trabalho e ainda supostas agressões praticadas por adolescentes infratores. É assim que monitores denunciam a realidade do Centro de Internamento de Adolescente Masculino (Ciam), localizado no Conjunto Jardim Sideral, em Belém. De acordo com um dos funcionários, que preferiu não ser identificado, a casa tem capacidade para 54 internos do sexo masculino, mas atualmente abriga 89 adolescentes infratores de 15 a 20 anos, que cumprem medida socioeducativas. “Muitos deles já foram sentenciados, mas já estão lá mais de 45 dias, que seria o prazo de internação ali. São esses que dão mais trabalho”, revela.

E para atender a demanda que está dividida em duas alas e ainda o corredor protetivo (onde estão os adolescentes que teriam praticado estupros e homicídios, por exemplo), o Ciam conta com apenas 10 monitores, sendo 2 deles mulheres. O denunciante relata ainda que a estrutura do prédio está precária. “As grades e paredes estão podres”.

FUGA

Essa situação teria contribuído para a fuga que aconteceu há um mês, quando 9 internos conseguiram escapar pelos fundos que dá acesso a um matagal, após arrancarem barras de ferro das grades e furarem as paredes do banheiro. Na ocasião, apenas quatro dos adolescentes foram recapturados.

Na terça-feira passada, 6, um monitor foi ferido com golpe de estoque no rosto no momento em que retirava um adolescente de 17 anos do quarto–cela para visita. “O pior é que eles (internos) recebem proteção total, enquanto nós, monitores, não temos nenhum tipo de apoio”, reclama o denunciante ao falar sobre a cirurgia que ele e outros colegas custearam para o monitor agredido. Além disso, no último domingo, 11, outro monitor teria sido agredido com golpe de estoque, também do lado esquerdo do rosto.

O QUE DIZ A FASEOA?

Em nota, a Fasepa informou que o Ciam passará por reforma completa e ampliação que vai seguir as normas previstas pelo Sistema Nacional de Antendimento Socioeducativo (Sinase).

A Fasepa diz ainda que mantém mesa de diálogos para discutir a implantação de plano de segurança nas unidades, além de realizar planos de ação que facilitem o atendimento técnico.

(Michelle Daniel/Diário do Pará)