Trabalhador rural é morto em São Félix do Xingu

Na última quinta-feira (04), o trabalhador rural e presidente da Associação Terra Nossa, Ronair José de Lima, foi assassinado com tiros em emboscada no Complexo Divino Pai Eterno, município de São Félix do Xingu, região sudeste do Pará.

O caso foi tema até de nota de repúdio da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), do Ministério Público Federal, que destacou que o homicídio é mais um episódio da violência contra trabalhadores e trabalhadoras no campo – fenômeno que tem se intensificado em razão de uma rede social e simbólica que se sustenta na articulação entre três pilares: impunidade, paralisia da reforma agrária e criminalização dos movimentos sociais. "Combinados entre si, esse elementos potencializam a violência no campo, na medida em que sugerem um certo endosso a ações como a recém-ocorrida", destaca a procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat.

No texto, a PFDC defende que crimes cometidos contra trabalhadores rurais necessitam de resposta penal pronta e adequada e que a morte de Ronair José de Lima deve ser objeto de rápida investigação e punição dos culpados.

Para a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, o direito à moradia digna é de natureza fundamental, sendo imperativa a agilidade na implementação de políticas efetivas de reforma agrária. A PFDC destaca ainda que a criminalização dos movimentos sociais atenta contra os direitos fundamentais de liberdade de associação e alerta para a aplicação desvirtuada da Lei 12.850/ 2013, que trata de organizações criminosas.

Vítima já havia sofrido atentado

Em março, a Polícia Civil cumpriu o mandado de prisão temporária expedido contra José Rodrigues da Silva, conhecido como “Zé Tocantins”, pelo crime de tentativa de homicídio contra Ronair, em São Félix do Xingu, no sul do Pará.

As investigações apontaram que “Zé Tocantins” estava tendo alguns desentendimentos com outros acampados da fazenda e decidiu vender a área que ocupava, alegando que iria embora da localidade. Entretanto, após a venda ele decidiu comprar outra área dentro da ocupação, mas Ronair Lima não aceitou, afirmando que ele estaria comercializando lotes e expulsou “Zé Tocantins” da associação de terras.

Segundo o delegado Valdivino Miranda, titular da Delegacia de Conflitos Agrários de Redenção, após ficar sabendo através de um amigo que a Justiça Federal havia proferido um mandado de reintegração de posse, o acusado divulgou entre os sem-terra que a qualquer momento eles seriam expulsos da fazenda e que Ronair havia se vendido para o fazendeiro.

“Zé Tocantins” mesmo sendo expulso da associação foi até a rádio local e anunciou uma reunião sem a autorização dos coordenadores da associação. A vítima então decidiu ir para a reunião a fim de explicar aos sem-terra a situação. Porém, quando se deslocava com sua esposa e filha para o local, foi alvejado por tiros de espingarda que acertaram também sua esposa.

(Com informações da PFDC e da Polícia Civil)