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40% da água tratada no Pará foi desperdiçada

A última pesquisa divulgada pelo Instituto Trata Brasil apontou que Ananindeua e Belém ocupam os seis primeiros lugares no ranking das 100 cidades brasileiras que mais desperdiçam água no país. O estudo é de 2017 e coloca Ananindeua no topo do ranking e B

A última pesquisa divulgada pelo Instituto Trata Brasil apontou que Ananindeua e Belém ocupam os seis primeiros lugares no ranking das 100 cidades brasileiras que mais desperdiçam água no país. O estudo é de 2017 e coloca Ananindeua no topo do ranking e Belém na sexta colocação. O estudo revela que 40% da água tratada no Pará, ou seja, em condições para o consumo da população, é perdida antes mesmo de ser utilizada. Os sistemas sofrem perdas na distribuição, que na média nacional alcançam 38,29%, que representa mais de 7 mil piscinas olímpicas de água potável perdidas todos os dias.

Segundo o estudo, “no processo de abastecimento de água por meio de redes de distribuição podem acontecer perdas do recurso hídrico em decorrência de variadas causas, tais como: vazamentos, erros de medição e consumos não autorizados. Essas perdas trazem impactos negativos para o meio ambiente, para a receita e para os custos de produção das empresas, onerando o sistema como um todo, e em última instância afetando todos os consumidores”.

Fonte

Engenheiro eletricista e diretor de operações da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), Gilberto Drago explica que a maior fonte de produção de água da Região Metropolitana de Belém (RMB) vem do Rio Guamá. Mas, antes de estar disponível nas torneiras, a água passa por alguns processos. O primeiro deles é o bombeamento no reservatório natural que é o Lago Água Preta, em seguida, também passa pelo Lago Bolonha. A partir daí, inicia-se alguns processos químicos de tratamento para atingir a qualidade necessária para ser consumida.

Segundo o engenheiro, os números do Instituto captaram dados durante o período de 2015 a 2017, quando a Companhia passava por um momento de sucateamento, onde “não havia equipamento reserva, nem manutenção preventiva”. Por conta disso, o atual governo herdou algumas “bombas-relógio” que estão sendo combatidas com várias ações que buscam melhorar a qualidade do sistema. Para melhorar esses índices, o atual governo está agindo. De uma só vez, pretende resolver o problema de grande parte da capital, envolvendo 11 bairros mais problemáticos, em torno de 220 mil imóveis.

Causas

Segundo Gilberto Drago, no Pará, depois de tratada, a água pode se perder por pelo menos cinco motivos

1º - Falta do hidrômetro (equipamento usado para medir e registrar o volume de água fornecido pela companhia ao imóvel, permitindo o controle do seu consumo), pois maior parte dos consumidores acabam não sabendo quanto estão consumindo

2º - Hidrômetros vencidos, já que o aparelho possui vida útil em média de 10 anos

3º - Vazamento do ramal predial, ou seja, a tubulação que atende o imóvel e gera vazamento na casa do cliente

4º - Vazamento na rede de distribuição de água, na maioria dos casos da região dificulta a identificação do rompimento

5º - Fraudes, tentativas de danificar o medidor de água, desvio e utilização irregular.

Em dois anos e meio serão investidos R$ 250 milhões

Segundo Drago, será investido cerca de R$ 250 milhões em 2 anos e meio. Durante esse tempo, serão realizadas obras para combater o desperdício. “Fazendo substituição de redes, substituição e instalação de hidrômetros em todos os clientes nessa área, substituição de ramais (tubulação que vai para dentro do imóvel onde há o relógio) e etc”.

Segundo ele, 80 km de rede serão substituídas nessa região de Belém. “E na hora de planejar novos hidrômetros, será feita uma campanha social para orientar e educar o consumidor para que ele acompanhe o seu consumo e não seja surpreendido quando receber a fatura”, diz o diretor de operações.

Entre os vilões do desperdício dentro das casas estão: vaso sanitário vazando, torneiras mal fechadas, infiltrações e uso irracional, como deixar a torneira ligada enquanto escova os dentes, entre outros. Com esse trabalho, a expectativa é que haja uma economia de água equivalente ao abastecimento de 50 mil imóveis. “Mas, a estatística mostra que o consumidor gasta em média de 50 mil litros por mês. Quase que o triplo que necessita”, diz o engenheiro eletricista. “É preciso uma mudança de postura e observar as instalações”.

Dados

1º - Ananindeua: Média de 42% de IPD, IPF e IPFT

6º - Belém: Média de 37% de IPD, IPF e IPFT

-Índice de Perda de Distribuição (IPD) - Avalia, em termos percentuais, o nível de perdas da água efetivamente consumida em um sistema de abastecimento de água potável.

-Índice de Perdas de Faturamento (IPF) - Avalia, em termos percentuais o nível da água não faturada

-Índice de Perdas de Faturamento Total (IPFT) - Avalia, em termos percentuais, o nível da água não faturada do sistema de abastecimento.

Instituto Trata Brasil - é uma organização da sociedade civil de interesse público formado por empresas com interesse nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do país.

No Norte, 57,49% da população é abastecida com água tratada

O Norte perde 55,14% da água potável

Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS 2017)

Perdas de Água - Desafios para Disponibilidade Hídrica e Avanço da
Eficiência do Saneamento Básico – 2018

Unicef – Pobreza na Infância 2018

O saneamento e a vida da mulher brasileira 2018 – Instituto Trata Brasil

A Cosanpa e o abastecimento de água no interior

A Cosanpa fornece serviço de água para 53 municípios no Estado do Pará e, para isso, todos esses municípios assinaram contrato concedendo autorização para que a companhia intervenha em todos os sistemas de produção, tratamento e distribuição de água na região metropolitana, deixando a região do interior sob responsabilidade do município. Nessa intervenção a companhia procura obter recursos disponíveis no Orçamento Geral da União, no FGTS, na Funasa, no BID, em parceria com empresas privadas e no Orçamento Geral do Estado, este quase sempre presente em forma de contrapartida, por exigência dos fornecedores dos recursos.

Alguns desses órgãos são verdadeiros financiadores, como é o caso do FGTS, o que quer dizer que o Estado haverá de devolver o recurso em parcelas de longo prazo, pelo que cada obra representa um endividamento da Companhia e do Estado. Nada contra, em princípio, porque o observador desavisado dirá que uma das obrigações do Estado é fornecer o elemento água, imprescindível para a vida. Então, caro leitor, excetuando dois ou três, todos esses sistemas são fragilíssimos, quase todos SUCATEADOS, a maioria deles dependendo de poços artesianos às vezes rasos em forma de baterias de poços em quantidades de dezenas ou vintenas. Explico essa fragilidade dizendo que, onde a água vem de poços artesianos profundos, os poços estão com suas capacidades de produção no limite do esgotamento, tendo em vista que a população cresce e o poço quase sempre perde água, em virtude do esgotamento dos lençóis subterrâneos.

Melhor explicando, quando o cálculo de fim de plano, população a ser atingida em 20 anos, por exemplo, demonstra que a cidade haverá de ter 20 mil habitantes, os poços são produzidos para ejetar 140 metros cúbicos por hora e, mesmo estando na Amazônia onde os lençóis profundos (250 metros) fornecem água em abundância, a produção não tem reserva, em virtude do preço de confecção de um poço com essa profundidade, acrescentando-se bomba submersa para recalque dessa água até a superfície, profundidade essa que necessita de grande consumo de energia elétrica, um dos insumos mais caros na fase de operação.

Um exemplo está no município de Itaituba onde o sistema de captação é dos melhores e só de energia elétrica a companhia gasta quase cem mil reais quando o retorno atual não ultrapassa vinte mil. Nesse caso, como em outros, a companhia paga para fornecer água de boa qualidade, porque não houve intenção de tratar o serviço como um mercado, esticando a rede de abastecimento para mais consumidores a fim de que o retorno financeiro seja suficiente para, pelo menos equilibrar as contas.

Além do mais, caro leitor, a companhia faz contratação de serviços de terceiros para cadastramento, retirada de vazamentos e serviço de manutenção da rede, por valores custosos, inviabilizando ainda mais os custos da companhia. Para o observador desavisado parece, e parece mesmo, que essa equação monetária foi feita de propósito para demonstrar que a companhia “não tem jeito”.

O observador desavisado VÊ que não houve qualquer intenção de melhorar em um “minimorum” a produção e qualidade da água, não houve a menor intenção de reduzir custos de mão de obra e serviços, não houve nenhum esforço para ampliar a cobrança do serviço, mesmo o Estado admitindo para certas classes de população uma cobrança figurativa de cunho social. É fato que as pessoas se preocupam em pagar o preço justo do fornecimento de água, desde que ela seja constante, potável e com pressão dentro das normas. Para classes de população com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) muito baixo, a companhia pode estabelecer uma tarifa menor que a dita social, desde que comprovado o poder aquisitivo desfavorável da família porque também, essa é uma das missões do Estado.

As obras de saneamento são obras complexas e quando possuem a participação de outros órgãos, são demoradas, atingindo décadas, o que deixa prefeitos e populações em estado de quase desespero. Além do mais, quase sempre o asfaltamento das ruas vai mais rápido que a colocação de rede de água e, quando asfaltada a rua, a população não quer deixar cortar o asfalto, que é outro benefício adquirido com grande sacrifício e sempre nas vésperas de uma eleição, como aconteceu no fim do governo do Sr. Jatene, hoje motivo de investigação. Finalmente, o observador desavisado descobrirá que existe cidade onde a companhia serve água e, nesta cidade, tem SOMENTE UM (1) PAGADOR.

Vê também, que bairros inteiros não possuem nenhum consumidor pagando conta. E para salvar a Cosanpa, o que precisa? Ora, ora, precisa reestruturar esse paquiderme da época dos dinossauros. Sabe-se que o atual Governador Helder Barbalho tem o sangue do pai e que ele também sabe que É A OBRA quem sustenta o discurso político! Então, pelas suas palavras, sabe-se que haverá apoio. Sob todos os aspectos.

Nagib Charone Filho

Engº. Civil, MSc e Profº. da UFPa.

Na função de Diretor de Tecnologia e Expansão.

nagibcharone@ yahoo.com.br

(Michelle Daniel/Diário do Pará)

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