Quer ganhar até R$ 3 mil por mês com aplicativos? Saiba como!

Com o auxílio de um smartphone, basta baixar um aplicativo, realizar o cadastro e apresentar os documentos necessários para começar a trabalhar. Diante da necessidade de garantir o sustento da família, muita gente tem recorrido aos aplicativos para trabalhar de forma autônoma fazendo entregas de pedidos de restaurantes e lanchonetes. Em alguns casos, há quem consiga uma renda de até R$ 3 mil por mês apenas com as entregas mediadas pelos aplicativos.

Depois de passar cerca de 4 meses procurando por um emprego formal que não apareceu, o jovem Frankllin Maia, 28 anos, decidiu recorrer a um aplicativo de entrega de comidas e lanches. “Foi por conta do cenário econômico muito precário que eu estou trabalhando como entregador de aplicativo há 60 dias, mais ou menos”.

Frankllin é paraense, mas passou 10 anos morando no Estado vizinho do Amazonas. Diante da necessidade de retornar a Belém, ele precisou sair em busca de um emprego que possibilitasse o sustento da família, a esposa e os filhos de sete e um ano de idade. “Está muito difícil conseguir um emprego formal. Como eu já tinha a moto, comecei a fazer as entregas enquanto não consigo passar em um concurso público”.

O jovem explica que, para começar a fazer as entregas, precisou fazer um cadastro no aplicativo e informar os documentos pessoais, incluindo habilitação, e da moto. Feito o cadastro, o colaborador passa por uma verificação de segurança e, sendo aprovado, fica ativo para atender aos pedidos. A espécie de mochila personalizada na qual eles levam as refeições pode ser comprada da empresa responsável pelo aplicativo por R$50, com possibilidade de parcelamento.

Através do próprio aplicativo, o entregador é informado sobre o restaurante ou lanchonete onde deve ir buscar a comida e o endereço de entrega. Caso não esteja disponível para receber pedidos em determinado período do dia ou da semana, basta sair do aplicativo.

Frankllin conta que, para ter uma renda satisfatória, precisa atuar em dois aplicativos diferentes. Ele conta que chega a fazer R$1.500 por quinzena, rendendo, portanto, um total de R$3 mil em apenas um mês.

Assim como Frankllin, o técnico em farmácia Cleber Marinho, 31 anos, adotou a função de entregador por aplicativo por causa da necessidade. Ele conta que trabalhava em dois hospitais. Porém, ao ser demitido de um dos empregos formais, recorreu aos aplicativos para que a renda não caísse tanto. Em 30 dias, ele consegue render R$1.500 apenas com as entregas.

“Para que tenha um rendimento bom, eu estou inscrito em cinco aplicativos. Fico logado nos cinco e atendo o que chamar primeiro”, explica, ao contar que trabalha com as entregas há 5 meses. “O dia que eu quiser trabalhar, ligo o aplicativo e começo a receber os pedidos. Mas eu coloquei meu currículo em outros hospitais e pretendo voltar a ter dois empregos formais”.

Já no caso do padeiro Rogério Barata, 40 anos, a renda obtida com as entregas mediadas pelo aplicativo são apenas um complemento para a renda. Ele conta que atua pelo aplicativo apenas no intervalo do almoço do emprego formal que mantém – de 12h às 15h - e à noite, no período de 18h às 0h. Apesar da rotina puxada, ele aponta que o complemento garante um respiro no orçamento. “Está suprindo as minhas necessidades. Estou no aplicativo há um mês e já fiz R$1.200”, estima. “Com isso eu já abasteço a minha moto, faço a manutenção dela. É um trabalho informal, mas que garante um extra”.

Como ficam as relações de trabalho

Especialista em direito trabalhista, o advogado Ugo Freire explica que existem muitas modalidades e formas de contratação, porém, normalmente as que são mediadas por aplicativos se enquadram no serviço autônomo. “É uma situação em que não há vínculo de emprego”, explica. “Nesses casos, o aplicativo não tem a capacidade de determinar a jornada ou exigir o cumprimento de determinadas situações”.

O advogado reforça que, nos casos em que o indivíduo fica livre para acionar o aplicativo e trabalhar no horário e pelo período que quiser, não há a configuração de uma condição importante para uma possível caracterização do vínculo empregatício: a subordinação. “Na maioria dos aplicativos é o motorista ou entregador que escolhe a jornada que pretende fazer. Como não existe esse fator, que é a subordinação, não vejo como reconhecer o vínculo de emprego”, avalia. “Com a lei da terceirização é possível que esses entregadores sejam classificados como terceirizados e, portanto, estão na categoria de autônomos”.

O especialista destaca que a presença cada vez mais frequente dos aplicativos em diversas atividades da vida cotidiana dá margem para o surgimento de um novo cenário nas relações de trabalho. Nesse cenário, cada caso deve ser analisado de forma individualizada. “Existe, sim, o risco de o desenvolvedor do aplicativo ser arrolado em eventual processo judicial. O que vai determinar o resultado é a matéria fática”.

COMO FUNCIONA

Como funciona o trabalho em um dos aplicativos de entrega, o Uber Eats

- O entregador utiliza veículo próprio, podendo ser motocicleta, carro ou bicicleta

- É possível realizar as entregas quando e por quanto tempo quiser, bastando estar on-line no aplicativo

- Os pagamentos são transferidos ao entregador uma vez por semana

- Após receber o pedido de entrega pelo aplicativo, o entregador se dirige ao restaurante, recolhe o pedido e realiza a entrega para o usuário.

Fonte: Uber Eats.

(Cintia Magno/Diário do Pará)