Uma ação civil coletiva será ajuizada, nesta terça-feira (30), solicitando a interdição e o embargo das atividades da empresa multinacional Minerva Foods, acusada de despejar, há anos, toneladas de fezes e urina de gado despejadas no Rio Curuperé, região localizada na fronteira entre as cidades de Abaetetuba e Igarapé-miri, no nordeste paraense.
A ação será ajuizada pela Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama) na Vara de Direitos Difusos e Coletivos, em Belém, solicitará, ainda, a suspensão do licenciamento ambiental concedido à empresa Minerva.
Segundo denúncia feita pela Cainquiama, a poluição causada por toneladas de fezes e urina de gado despejadas no Rio Curuperé exterminou todo a fauna e a flora do local. De acordo com a associação, não há mais vida nos rios, e, a população, que antes vivia do que a natureza proporcionava, agora é obrigada a utilizar a água contaminada.
Por causa da situação de calamidade ambiental, as famílias afetadas pela ação da multinacional decidiram bloquear a entrada da empresa, na rodovia PA-151, que liga Igarapé-Miri a Barcarena, não deixando o gado sair do local. Um acampamento foi montado no ponto de protesto, e a comunidade promete cobrar por medidas efetivas.
Moradores mostram como a poluição toma conta do rio e pedem ajuda pic.twitter.com/4WMMr3P9zs
— Diário Online (@doldiarioonline) 29 de abril de 2019
O caso
A empresa multinacional – que tem o príncipe da Arábia Saudita como um dos sócios – possui uma fazenda às margens do rio Curuperé, próximo a áreas onde residem ao menos 180 famílias de comunidades quilombolas e ribeirinhas.
No espaço, são mantidas, em média, de 20 a 25 mil cabeças de gado diariamente. De acordo com os moradores, a fazenda não está adequada para o tratamento das 200 a 270 toneladas de material que são expelidos diariamente pelos animais, despejando todo este conteúdo diretamente no principal rio da região.
A fazenda está localizada numa posição de declive em relação às comunidades e os dejetos lançados no rio Curuperé vão parar diretamente em pelo menos três igarapés (igapó-açu, bacuri, cataiandeua) que serviam para a subsistência das comunidades.
"O forte odor de fezes e urina é insuportável, se sente há quilômetros de distância. Não existe mais nenhum tipo de vida no local. Onde antes havia peixes, onde as pessoas retiravam água para beber e tomar banho, hoje não passa de um líquido pastoso e esbranquiçado", disse uma denunciante que por medo prefere não se identificar.
(DOL)
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