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Alforria: projeto premiado capacita e liberta mulheres da violência em Benevides

"Em pleno século 21, no século das mulheres, com tantas conquistas a gente ainda sofre muito". Este é o breve relato de Luciane Ferreira, idealizadora do projeto social Alforria, selecionado pela Natura para receber investimentos e desenvolver ações de en

"Em pleno século 21, no século das mulheres, com tantas conquistas a gente ainda sofre muito". Este é o breve relato de Luciane Ferreira, idealizadora do projeto social Alforria, selecionado pela Natura para receber investimentos e desenvolver ações de enfrentamento e prevenção à violência contra a mulher no município de Benevides, Região Metropolitana de Belém (RMB).

O projeto, que começou em março de 2018, já atendeu quase mil mulheres vítimas de violência doméstica em seu pouco tempo de atuação, alcançando resultados expressivos em uma cidade que registrou 469 casos de violência doméstica (sendo 119 apenas no primeiro trimestre) e hoje chegou a 42 no mesmo período.

Produtos artesanais vendidos pelas participantes do projeto (Foto: Fernanda Palheta/DOL)

UM CASO DE SUCESSO

Tudo tem um começo. O Alforria era apenas uma semente que começou a florescer há cinco anos depois que Luciane foi vítima de violência doméstica. "Quando eu passei por isso, percebi que precisava fazer um projeto voltado para as mulheres. Comecei em 2014, participando de um grupo de mulheres em Marituba [onde morava com o ex-companheiro] e três anos depois iniciei uma pesquisa na Delegacia de Benevides [no período de fevereiro a dezembro]", relembra.

A metodologia difere das habituais e por isso o projeto pode ser considerado um caso de sucesso. Luciane defende a necessidade de ouvir não apenas as vítimas de agressão, mas os agressores e todo os outros membros da família, como os próprios filhos. Ao longo dos meses de pesquisa, Luciane teve ajudas importantes, como a do sargento da Polícia Militar de Benevides Paulo Sérgio, que tinha como rotina acompanhar e registrar os inúmeros casos de violência contra a mulher benevidense, fosse na área central ou em comunidades afastadas.

Em seu primeiro contato com a ideia do projeto, ele não pensou duas vezes para unir forças com a idealizadora, através do Rota da Alforria. "A rota é feita por mim e quando eu estou de serviço faço essa checagem nas residências das pessoas que foram vítimas de violência. Elas são monitoradas por mim, justamente para dar uma segurança e também para não deixar que o agressor reincida", explica.

Ana Cristina foi convidada por uma amiga para participar das ações de capacitação do projeto (Foto: Fernanda Palheta/DOL)

INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA

Da capacitação profissional ao empreendedorismo: esse é o caminho trilhado pelas mulheres acolhidas no projeto, mulheres que não necessariamente foram vítimas de violência ou viveram em uma relação abusiva, mas que reconheceram que precisam ficar unidas para lutar pela causa.

Maria Alzenir da Silva foi convidada para participar do projeto. Aos 72 anos, a aposentada completou um ano em março deste ano, acompanhando as reuniões das mulheres acolhidas e desenvolvendo um trabalho em conjunto voltado para o artesanato. “Minha amiga me convidou e eu fui à primeira vez e já gostei. Participei das feiras [de artesanato], vendi minhas bonequinhas e depois que eu entrei no projeto aprendi mais técnicas e isso aumentou mais a minha renda. Graças a Deus!”, renda essa que vai toda para a alimentação e remédios.

"Eu já sabia fazer minhas bonequinhas, fazia em casa e vendia na feira, mas depois que entrei no projeto comecei a vender nos eventos. Agora as pessoas me procuram e solicitam encomendas", complementa dona Alzenir, que tem pretensões de abrir uma lojinha de suas bonecas em casa, onde mora com um de seus filhos.

E todas são bem vindas. Da mesma forma como não existe idade para combater a violência da mulher, cada voz que reconhece as batalhas ganhas e perdidas acrescenta ao projeto. “Conheci o Alforria em maio do ano passado através de uma amiga que me chamou por causa das ações de empreendedorismo. Em junho eu fui para as reuniões, participei das rodas de conversa e depois me formalizei, agora sou artesã. Nesse meio tempo comecei também a lutar pelas causas das meninas”, conta a moradora Ana Cristina Carvalho, de 25 anos.

As idas independentes aos encontros foram substituídas pela companhia do marido, com quem está casada há seis anos. Mãe de um casal, Ana afirma que aprendeu muito com as histórias de vida das vítimas, além do crescimento pessoal. "Todas as histórias chamam atenção por suas particularidades. Tem casos de conhecidas que conseguiram se libertar, mas outras que não. São histórias que a gente nem imagina, mas que acontecem tão próximo da gente".

Aos 72 anos, Maria Alzenir não fica parada e conquista um dinheirinho da renda extra com a venda das bonecas (Foto: Fernanda Palheta/DOL)

ANTES E DEPOIS

Para o sargento Sérgio, o índice de agressão diminuiu consideravelmente com o início do projeto. "O índice de agressão contra as mulheres era muito alto em Benevides, principalmente aos finais de semana. Até porque os agressores, maridos e companheiros ficam alterados pelas bebidas e o uso de drogas. E hoje como nós complementamos o projeto com a patrulha, temos esse monitoramento", avalia o militar.

"Depois do projeto eu passei a me engajar mais com as lutas e repreender qualquer tipo de agressão. Eu mudei muito, cresci como pessoa. A gente acaba amadurecendo, enxergando a dor do outro, ouvindo o testemunho de outras pessoas que lutaram e venceram. A gente não é só mais um projeto, a gente tem um vínculo, como se fosse uma família", relata Ana Cristina.

Já para o gerente de relações institucionais da Natura, José Mattos Neto, o projeto Alforria trouxe mudanças expressivas para a cidade de Benevides e foi um presente, resultado da paixão da empresa pelos cosméticos e por manter relacionamentos. Confira abaixo o depoimento na íntegra:

(Fernanda Palheta/DOL)

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