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Projetos apontam ânsia dos belenenses de ver centro histórico preservado

De tanto ver todos os dias, você pode não ter dado atenção. Só porque é imponente, pode ter pensado que ele sobrevive a tudo. Só porque parece simples, você pode ter pensado que não faria diferença. Mas, e se você realmente parasse para conhecer cada préd

De tanto ver todos os dias, você pode não ter dado atenção. Só porque é imponente, pode ter pensado que ele sobrevive a tudo. Só porque parece simples, você pode ter pensado que não faria diferença. Mas, e se você realmente parasse para conhecer cada prédio histórico, praça, monumento, casarão que está na cidade? Afinal, quando você nasceu, eles já tinham história para contar. Viram gerações passarem e viverem grandes momentos. E cada vez mais, iniciativas populares, privadas, têm convidado mais pessoas a conhecerem Belém e se reconhecerem nela através do que esse patrimônio tem a contar.

Entre as iniciativas que mais se multiplicam na cidade, estão os roteiros a pé, principalmente por bairros como a Cidade Velha. O historiador e fotógrafo Michel Pinho é um dos que promovem a atividade há mais tempo: são quase 20 anos. “O mais bacana desse processo é ver ele frutificar. É quando alguém leva o pai, a mãe, o avô. Virou visita familiar”, diz.

No aniversário de Belém, ele conseguiu reunir centenas de pessoas no Forte do Presépio e no Convento das Mercês para contar a maior batalha da Cabanagem. “Aquele momento marca uma mudança muito positiva. Foi a primeira vez que me autorizaram fazer o roteiro dentro do Forte. Eles argumentavam justamente que era muita gente. E foi na vontade dessas pessoas de fazer o espaço público ser disponibilizado a elas que compraram a briga de levar a visitação até o lado de dentro”, destaca Michel.

Sem nunca ter tido nenhuma ligação com poder público ou iniciativas privadas, o historiador diz que o roteiro é sua “contribuição individual para a formação de cidadania na cidade”.
Conhecer para amar e preservar

Quase sempre o que também permeia tais roteiros é que eles ensinam até a quem deu início a eles. No caso de Michel Pinho, que sempre procura realizar edições com acessibilidade para pessoas com deficiência, a experiência com deficientes visuais foi uma grande surpresa. “Me marcou profundamente porque fez que eu enxergasse a cidade com as mãos. Essas pessoas viram a cidade tocando - igrejas, forte, prédios -, isso mobilizou as pessoas para conhecerem a história de outro jeito”.

Também no aniversário de Belém nasceu o roteiro “Descobrindo Belém”, realizado pela escola de filosofia Nova Acrópole. “Na cultura de um povo, na sua história, está sua identidade. A filosofia quer responder exatamente a essa pergunta: ‘quem eu sou?’. Aproximar-se do patrimônio histórico ajuda a conhecer sua identidade e desperta o cuidado. Se eu conheço, sei a importância daquilo para o coletivo e para mim, a tendência é preservar”, garante o professor Edmilton Furtado, guia do grupo.

Ele destaca também a grande presença de pessoas da própria cidade. “Vemos que o belenense quer conhecer sua história, conhecer a pessoa que é homenageada com aquela rua, o monumento que fica naquela praça”.

Outra iniciativa é o Roteiro Geo-Turístico, organizado por professores e alunos da UFPA e estudantes do ensino médio, atualmente com uma exposição que relata seus oito anos de existência. Aberta ao público, no Centro Cultural da Justiça Eleitoral do Pará, a mostra traz fotografias de Marcos André, que desde a estreia participa dos roteiros. “Hoje, eu consigo enxergar a Belém de verdade, com seus problemas nos seus aspectos físicos, geográficos, turísticos, econômicos e sociais”.

A geógrafa Magaly Caldas, que começou a participar da organização do roteiro ainda no ensino médio, destaca que, apesar de ter como carro-chefe a geografia, o projeto conversa e muito com educação patrimonial. “Nosso ponto de vista é que só assim vamos ter patrimônios efetivamente preservados, memória sendo contada, abraçada pela população”.

Adan Costa, curador da exposição, explica que tentou fazer do acervo de Marcos uma exposição que reunisse todas essas questões. “Ela fala de patrimônio, dá um gostinho do que é o Roteiro Geo-Turístico, mas é também o olhar do Marcos sobre a cidade. O olhar de quem faz esses roteiros”, destaca.

Separados por roteiro - o projeto realiza dez atualmente -, os grupos de imagens fazem uma imersão por cada trajeto. “E sem revelar tudo, porque a intenção é também instigar as pessoas a se perguntarem: ‘em que prédio é esse detalhe?’, ‘que esquina é essa?’. A ideia é despertar a curiosidade das pessoas para a cidade”, diz o curador.

O roteiro permite ainda que as pessoas tomem consciência real da cidade, reforça Magaly: “A gente pega a dinâmica da rua, de andar a pé pelos bairros, para que as pessoas vivenciem o belo do patrimônio, mas também os problemas, como a insegurança, o lixo, a falta de estrutura de acessibilidade”. Tal feito rendeu ao projeto o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, em 2016, dado pelo Iphan, como “Projeto de Iniciativa de Excelência em Promoção e Gestão Compartilhada do Patrimônio”.

Circular

Outro ganhador do mesmo prêmio foi o Circular Campina Cidade Velha. Nascido da iniciativa de moradores, espaços culturais e todos aqueles que de alguma forma se relacionam com o centro histórico de Belém, o Circular também acaba colaborando para ampliar essa consciência patrimonial. “Ele tem como princípio de trabalho ‘o bom uso’. Então, quando colocamos parceiros na rede, por exemplo, indicamos a maneira como pensamos esse relacionamento das ações culturais e espaço urbano. A gente investe numa relação de afeto das pessoas com esse espaço. E acho que qualquer espaço urbano, não só o centro histórico, se qualifica nesse relacionamento, ele melhora individualmente e coletivamente. O que está acontecendo no centro histórico hoje é isso. O Circular colocou capital de afeto ali, que potencializou essa relação”, afirma Tamara Saré, coordenadora da equipe gestora do projeto.

A iniciativa também nasceu da sociedade civil porque faltavam políticas públicas. Um dos passos nesse sentido foi uma carta aberta, fruto do 1º Fórum Circular. “Foi uma tentativa de falar das angústias que a gente tem em relação ao centro histórico, que vive um momento delicado, de liberar projetos não indo ao encontro do que já se tem como diretriz do próprio tombamento. Talvez ela não tenha chegado ao patamar que a gente imaginou, mas queremos ampliar essa consulta pública, o relacionamento entre gestão e demandas reais da população. O Fórum já foi para conversar de maneira coletiva, e saímos muito satisfeitos, tanto que ele já está garantido para 2019”, adianta Tamara.

Calendário produzido por arquitetos

Quem também resolveu se unir em favor do patrimônio histórico foram alguns dos arquitetos da cidade. Eles lançaram, a partir de um calendário para 2019, o projeto “Eu Apoio a Preservação do Patrimônio Histórico de Belém”. Segundo os organizadores, “um resgate de autoestima com a cidade, ressaltando a inserção humana ao registro patrimonial”.

A designer de fotografia Ana Cristina Marçal, que assina o projeto do calendário junto ao fotógrafo André Marçal, comenta que Belém tem um potencial de turismo patrimonial enorme. “Se for fazer comparativo com outras cidades e regiões, cito Minas Gerais, que tem uma autoestima imensa em relação ao seu patrimônio e gera grandes recursos a partir desse interesse”.

Ela conta que os arquitetos têm contado com a parceria de várias iniciativas locais, incluindo algumas já citadas, como o Fórum Circular, e o Instituto Histórico e Geográfico. “Foram os pesquisadores presentes no fórum que nos ajudaram a escolher os patrimônios e fornecer as informações”, comenta.

O calendário traz ainda a classificação do estado de conservação do espaço, se é visitado, o horário e endereço. “Não é uma análise técnica. E foi uma iniciativa totalmente privada”.

Entre os espaços registrados, estão o Solar do Barão do Guajará, o Palácio Lauro Sodré, o Palácio Antônio Lemos, o Palacete Pinho e o Mercado de São Brás. “Temos prédios belíssimos, mas não usamos. Quando conversamos sobre o calendário, nós tínhamos essa mesma vontade de ver nosso patrimônio em evidência e sendo utilizado. Já estamos programando uma série de atividades educativas para a Semana do Patrimônio Histórico, com o objetivo da educação patrimonial, valorização da história e um olhar para a parte arquitetônica também. A gente tem uma série de ideias”, adianta Ana Cristina.

Juntamente com ela e o fotógrafo, o projeto inclui os arquitetos Thamires Arruda, Luciana Melo, Mônica Piedade, Ana Cecília Lima, Márcio Tavares, Helusa Sato, Maurício Toscano, Ana Cristina Lúdice, Nelma Maroja, Ana Priscila Corrêa, Tainá Arruda, Amanda Souza e Thatiana Guimarães, idealizadora do projeto.

Visite

- Exposição “Roteiro Geo-Turístico e o Olhar de um Fotógrafo”

Visitação: Até 28 de fevereiro, de segunda a sexta, de 8h às 15h

Onde: Centro Cultural da Justiça Eleitoral (Rua João Diogo, 254, Campina)

Quanto: Entrada franca


l Roteiros GeoTurísticos
Informações de datas e roteiros: www.facebook.com/Roteiros-Geo-Turísticos

l Vivência “Ser Circular”
Quando: 2 de fevereiro, das 8h30 às 12h
Onde: Fórum Landi (Rua Siqueira Mendes, 60, Cidade Velha)
Quanto: Aberto ao público

l Michel Pinho
www.michelpinho.com.br

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