Organize o bolso para atingir metas em 2019

“O importante é começar agora. Um real guardado é melhor do que R$ 1 pago em contas desnecessárias. Sempre há algo que pode ser ajustado e otimizado. Basta planejar para enxergar essas oportunidades”. A orientação do especialista em educação financeira, Luiz Lourenço de Souza Neto, pode ser considerada como um estímulo e tanto para quem está perdido sobre o que fazer com as finanças nesse fim de ano, mas quer começar 2019 com um bom planejamento.

Ele não defende privações radicais, mas reforça que o uso consciente dos recursos é o grande “pulo do gato”. “Isso se chama planejamento financeiro pessoal e deve ser buscado por todos”, recomenda. Quem conta com o 13º salário tem uma gama de opções que devem ser avaliadas cuidadosamente. Se já há um planejamento financeiro é possível usar o extra em viagens, compras ou até mesmo aumentar o volume de aplicações.

No entanto, o também professor e mestre da Faci | Wyden reconhece que essa não é a realidade da maioria da população, que está endividada. “Pode ser uma oportunidade para reduzir o grau de endividamento ou mesmo colocar as finanças em ordem, saindo às vezes dos restritivos de crédito. Não é a salvação da pátria, mas ajuda”.

Nesse caso, Lourenço recomenda priorizar as contas com as maiores taxas de juros e o crédito rotativo, como o cheque especial e os cartões de crédito, sempre negociando e buscando os melhores descontos. “Defendo a tese de que é perfeitamente possível usar uma boa fração para regularizar dívidas, fazer alguma coisa que gostamos e, acredite, ainda deixar um pouquinho para algumas contas que vem no início de 2019”, encoraja.

E falando no ano que começa, Luiz Lourenço destaca que não há outra forma de se alcançar objetivos sem um planejamento mínimo. Traçar uma meta que custa determinado valor, como uma viagem ou a troca do carro da família, por exemplo, estabelecer um prazo ou previsão de cumprimento e montar uma planilha ou quadro com recebimentos e pagamentos são o início dessa caminhada e ajudam a ter um panorama da situação.

“Caso a situação seja de falta de recursos, estabeleça uma forma de solução como meta, pois somente depois disso terá recursos para cumpri-la. Caso seja positiva, já se pode traçar um plano de compra e até mesmo aproveitar promoções, desde que a parcela dessas despesas caibam no volume disponível mensalmente”, explica.

PLANEJAMENTO

Dona do próprio negócio, casada e mãe de duas crianças, Lorena Fernandes trabalha com o fornecimento de refeições “fitness”. Pela sua condição de autônoma, ela não conta com o 13º e outros direitos trabalhistas, o que significa que o planejamento é algo indispensável na sua rotina.

Por causa disso ela já sabe, por exemplo, que em 2019 não vai dar para trocar de carro. Também por isso ela e o marido conseguiram arcar com as despesas que vieram por causa da crise de apendicite que a filha mais velha teve há duas semanas. “O plano de saúde cobriu os custos hospitalares, mas nunca é só isso. Ela ficou internada por alguns dias, o que significa que a gente precisou comer fora enquanto ficou no hospital com ela. Quando voltou para casa, foram dez dias de medicamentos”, relata. Ela também cancelou os planos da família de passar o fim do ano em Soure, na casa dos sogros, onde uma das vantagens seria não precisar arcar com os custos de hospedagem para quatro pessoas. “Mas teria transporte, alimentação e outras atividades, a gente gastaria, com certeza. Agora o réveillon vai ser aqui mesmo”, pondera.

Os vilões nas contas de início do ano da família são matrícula, material escolar e plano de saúde, só que já está tudo orçado nos rendimentos da casa e, até o momento, não vai faltar grana para nenhuma dessas obrigações. “Como eu não tenho 13º, vou guardando antes, já planejando esses custos. Meu marido recebe o 13º. Então, quando entra na conta, a gente complementa e dá tudo certo”, detalha.

Ela conta que, apesar do planejamento constante, ela e o parceiro não deixam de ter momentos a dois. “Uma vez por mês, pelo menos, a gente sai e as crianças ficam com a minha mãe, aí temos que ver também o horário dela, se ela pode e tudo o mais. Até isso só acontece porque a gente se planeja!”, garante.

SERVIÇO

COMO ENTRAR EM 2019 COM AS CONTAS ORGANIZADAS

- O 13º pode ser usado para compras, viagens ou aplicações financeiras em caso de uma situação positiva. Mas se houver endividamento, é essencial usar uma parte para quitar ou negociar dívidas, especialmente as do tipo “bola de neve”, como cheque especial ou cartão de crédito.

- Trace uma meta de realização e a quantifique financeiramente (ex: uma viagem que custa R$ 5 mil)

- Estabeleça um prazo ou horizonte para o alcance dessa meta (ex: julho de 2021)

- Monte uma planilha ou um quadro anotando todos os recebimentos e pagamentos (entradas e saídas de recursos) para ver como está a sua situação (superávit - sobra ou deficit - falta)

- Caso a situação seja de falta de recursos, estabeleça uma forma de solução como meta. Caso seja positiva, já é possível traçar planos de compra e buscar por promoções, contanto que os custos caibam no orçamento mensal

- Monte um cronograma separando uma parte dos recursos para ter um volume capaz de, ao final, obter o volume de dinheiro que permitiria o alcance da meta estabelecida. Chegando a pelo menos 70% da meta você já fica com um valor menor a parcelar e que provavelmente caberia no seu orçamento. O ideal é aplicar esse dinheiro guardado. O mercado tem várias opções que rendem mais que a poupança com a mesma segurança. Pesquise as melhore taxas pagas pelos bancos.

- Acompanhe, avalie e reveja seu planejamento mensalmente, para identificar necessidade de ajustes. É muito melhor, às vezes, ter um sonho adiado em poucos meses do que não fazer nada e continuar apenas sonhando. A cada mês, é interessante ir “descontando” o tempo que falta para se cumprir o planejado de acordo com o recurso economizado. Por exemplo, se você guardou R$ 100 este mês, falta somente R$ 4,9 mil para o seu sonho, e após um ano faltará muito menos. A motivação nos faz chegar muito longe em nossos objetivos.

(Carol Menezes/Diário do Pará)