Trabalhadores do canteiro de obras do BRT entram em greve

Máquinas paradas, serviços inacabados, falta de sinalização, de faixas de pedestres, buracos, lama, intermináveis congestionamentos e muita dor de cabeça para a população. Quem trafega pela avenida Augusto Montenegro, no perímetro em obras – compreendido entre o bairro do Coqueiro, após a rodovia Mário Covas, até a entrada do Distrito de Icoaraci -, não vê sequer um funcionário do Consórcio construtor do BRT (Bus Rapid Transit) trabalhando na via, situada em Belém.

O motivo seria o atraso de pagamento dos salários dos trabalhadores do Consórcio que gerou uma paralisação que teve início na última segunda-feira (19). Com a obra paralisada, mais uma vez, quem sofre é a população que padece ao utilizar a via. Pedestres, motoristas, ciclistas, passageiros de transportes coletivos e comerciantes da área que amargam prejuízos não aguentam mais o caos na área.

Funcionário de um ponto comercial situado no perímetro do Coqueiro, Antônio Vilela, 21, diz que os trabalhos pararam há mais de um mês na área. Como se não bastasse a demora na execução das obras, a via permanece em condições precárias; falta sinalização e o estreitamento da pista acaba gerando colisões frequentes ao longo do dia. “O retorno ficou muito longe, passando a Celpa. Os clientes reclamam e desistem de vir. Prejudicou muito o nosso movimento. Não tem sinalização, não tem guarda de trânsito. Acontecem muitos acidentes porque a pista é muito estreita”.

Proprietário de uma loja de revenda de veículos, o empresário Marcio Moreira, 38, encontra dificuldades para convencer os clientes a irem até a loja. Segundo ele, a queixa é de ter de enfrentar todos os problemas existentes na via para chegar ao estabelecimento. “É muito engarrafamento, acabou a eleição e infelizmente estamos no Brasil. Se tiver guarda é no sinal e só para multar. É cada um por si. Só buraco, lama. Quando a gente fala que a loja é aqui, eles já desistem. Acaba prejudicando a gente”, diz o empresário, que possui a loja há quatro anos.

Prefeitura de Belém joga a responsa para o Consórcio

Em nota, a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) informa que as obras no terceiro trecho, entre Tapanã e o Maracacuera, seguem o cronograma normal. Diz ainda que houve paralisação dos serviços apenas na segunda (19) e ontem devido a manifestação dos trabalhadores que reivindicam o cumprimento do dissídio coletivo de 2017 que está sob análise da Justiça.

A Prefeitura de Belém também esclarece que a responsabilidade direta sobre os trabalhadores é do Consórcio BRT, que executa a obra. No entanto, a pedido do Consórcio, a Prefeitura repassa a informação de que a empresa aguarda a decisão da Justiça do Trabalho sobre o dissídio coletivo de 2017 para poder atender as demandas dos trabalhadores.

Enquanto isso, o Consórcio ouve os trabalhadores para tentar medidas alternativas até a decisão judicial e reforça que independentemente da situação os salários estão em dia.

Sobre a orientação de trânsito, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informa que mantém agentes em ronda por toda a Augusto Montenegro, assim como apoiadores operacionais posicionados ao longo da avenida, com trabalhos pontuais de orientação em trechos que apresentam problemas de tráfego.

(Pryscila Soares/Diário do Pará)