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111 pessoas são assassinadas em sete dias

Todos os dias, Anderson Barradas saía para trabalhar. Pela manhã utilizava o transporte coletivo até o ponto mais próximo da empresa na qual era vigilante. De repente, a rotina do ganha-pão foi interrompida de forma cruel ao ser executado com pelo menos 1

Todos os dias, Anderson Barradas saía para trabalhar. Pela manhã utilizava o transporte coletivo até o ponto mais próximo da empresa na qual era vigilante. De repente, a rotina do ganha-pão foi interrompida de forma cruel ao ser executado com pelo menos 10 tiros na tarde de anteontem, na movimentada e então segura Avenida Visconde de Souza Franco, no Umarizal, em Belém. As cenas que mostraram o momento em que Anderson era executado chocaram as redes sociais e o noticiário policial.

Anderson, que era um ex-policial militar e que trabalhava como vigilante na área, foi apenas mais um entre as 111 pessoas assassinadas no Pará em apenas sete dias. São números de guerra que deixam um rastro de medo seguido de uma pergunta: Até quando? O DIÁRIO DO PARÁ teve acesso ao Relatório de Dados Preliminares de Homicídios, Lesão Corporal Seguida de Morte e Latrocínio da Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup), entre os dias 19 e 24 de outubro. Os dados são estarrecedores: 111 homicídios, sendo 51 só na região metropolitana. A média geral no Estado é de cerca de 16 pessoas mortas a cada dia.

“Não é normal acontecer isso aqui. Os assaltos ocorrem em todos os lugares, mas uma morte, assim, violenta, não é comum. Então a gente fica com medo, não sabemos quem pode ser o próximo”, desabafa o despachante Paulo Roberto, que há 10 anos utiliza a mesma parada de ônibus na qual Anderson perdeu a vida, em plena Doca de Souza Franco, área nobre de Belém. No mesmo dia em que o ex-PM foi morto, um antigo colega de farda de Anderson Barradas foi vítima da criminalidade.

O ponto de ônibus da Avenida Visconde de Souza Franco, onde um vigilante foi brutalmente assassinado essa semana (Foto: Pedro Guerreiro/Diário do Pará)

ROTINA DE MEDO

A rotina de quem passa pela área onde o crime foi cometido já não é mais a mesma. Um comerciante e morador das proximidades conta que, por ali, a população evita sair de casa no período da noite, com medo de engordar a triste estatística das mortes. “O carro parou perto do homem e o mataram. Como a gente vai ficar em paz sabendo que a qualquer momento um homicida pode sair de um carro, uma moto, e dar um tiro na gente?”, questiona Paulo Roberto.

BARBÁRIE

O medo do morador tem razão quando confrontado com os números da Segup. De janeiro a 15 de outubro deste ano, foram registrados 3.091 homicídios em todo Estado. São mais de 300 pessoas perdendo a vida todos os meses, vítimas de todo tipo de crueldade, sem que o poder público consiga sequer explicar o motivo da barbárie.

O 2º sargento PM João Batista Menezes Dias, de 50 anos de idade, foi morto com um tiro na cabeça enquanto voltava para casa, de motocicleta, junto com a esposa. O crime ocorreu numa localidade conhecida como Capucho, no bairro do Tapanã, em Belém. O policial foi morto por causa de sua profissão. Foi abordado por dois homens que estavam em outra motocicleta. Os suspeitos cercaram as vítimas, pediram para a mulher descer da moto, e efetuaram um disparo contra o militar. Os atiradores pegaram a arma dele e exibiram como troféu pelo feito. A companheira do policial ficou em estado de choque. Foi o 41º PM assassinado em 2018.


Leandro Silva e Andreia do Socorro convivem com a dor do assassinato de um parente (Foto: Pedro Guerreiro/Diário do Pará)

SOFRIMENTO

Famílias inteiras sofrem com a perda de parentes, alguns assassinados sem qualquer explicação. A família da vendedora Andreia do Socorro conhece bem essa realidade. No dia 8 de setembro deste ano, o primo, Weverson Assunção Silva, que tinha 23 anos, foi morto a tiros quando estava em um bar, no bairro do Bengui, periferia de Belém. Ele bebia com o amigo Reginaldo Moreira, 38, e não era alvo, mas pagou com a vida a simples presença na hora e local errado. A intenção dos criminosos era matar Anderson Rodrigues, ex-detento e, ao que tudo indica, que estava marcado para morrer.

“A gente sofre a violência e não tem uma resposta do governo. Meu primo não tinha relação alguma com a pessoa procurada. Ele foi morto e ficou por isso mesmo. A Polícia não disse nada, ninguém sabe”, lamenta. “A única coisa que sabemos é que os assassinos chegaram em um carro preto e atiraram em todo mundo”, acrescenta.

MEDO CONSTANTE

O pânico implícito no semblante de cada paraense é visível. Muitas praças viraram palco para pequenos furtos e consumo de drogas, as vias se tornaram corredores de assaltos praticados por pessoas a pé, de moto ou carro. “A gente anda olhando para o lado, para trás, sempre de olho pra ver se não vem ninguém na direção. É um medo constante”, descreve o Técnico em Refrigeração Leandro Silva.

(Luiz Guilherme Ramos e Redação do Diário do Pará)

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