plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Previsão do Tempo 26°
cotação atual R$


home
NOTÍCIAS PARÁ

Entrevista: José Dirceu defende reforma política

José Dirceu de Oliveira e Silva tem hoje 72 anos. Ente os anos de 2003 e 2016, durante os governos Lula e Dilma, chegou a ser um dos homens mais poderosos do Brasil. Após sair do governo foi acusado de tráfico de influência e enriquecimento ilícito. Passo

José Dirceu de Oliveira e Silva tem hoje 72 anos. Ente os anos de 2003 e 2016, durante os governos Lula e Dilma, chegou a ser um dos homens mais poderosos do Brasil. Após sair do governo foi acusado de tráfico de influência e enriquecimento ilícito. Passou 5 anos entre as prisões fechadas, semiabertas e 1 ano e 9 meses efetivamente preso, em regime totalmente fechado.

Chegou a presidir o Partido dos Trabalhadores por 4 vezes e ser o Ministro Chefe da Casa Civil do governo Lula de 2003 a 2005. Hoje, ainda respondendo a processos no Supremo Tribunal Federal. Permanece filiado ao PT mas sem cargos na direção do partido ou participação nas campanhas do partido. “Quero apenas participar como cidadão da vida política do Brasil”, garante.

Durante o ano de 2016, na prisão rascunhou à mão 700 páginas do seu mais novo livro, “Zé Dirceu Memórias - Volume 1”. O projeto atual é percorrer o país divulgando sua história de vida. A meta é escrever o segundo volume de seu livro de memórias e um outro livro sobre o sistema penitenciário brasileiro. Ele esteve em Belém ontem (3) para uma sessão de autógrafos no Instituto de Ciência das Artes da UFPA. Antes, concedeu uma entrevista exclusiva ao DIÁRIO.

P Como foi que surgiu a ideia do livro?

R Eu escrevi esse livro para a minha filha Maria Antônia, que estava com 3 anos quando fui preso pela primeira vez. Queria que ela soubesse por mim da minha história, da minha vida, das vidas que eu vivi. Escrevi 700 páginas em condições precárias na prisão aos sábados e domingos, durante 5 horas por dia, 10 horas por semana, durante todo o ano de 2016, sentado numa cama, sem mesa, em folhas de papel e com uma caneta Bic azul. Depois que saí da prisão, já no segundo semestre de 2017, pude complementar o livro com as pesquisas. A obra retrata um pouco da história do Brasil nos últimos 53 anos nas áreas de economia, política, cultura. É um livro que eu deixo para as futuras gerações lerem e conhecerem quem foi não apenas o Zé Dirceu, mas o contexto na época que eu vivi. Vou lançar o segundo volume. Já faz um mês que estou percorrendo todo o país de ônibus para divulgá-lo e dessas andanças vai sair um documentário.

P Qual sua avaliação do panorama político nacional e as eleições gerais de domingo e do radicalismo que tomou conta do país?

R Sou pouco adepto da tese do radicalismo, que desperta paixões. Há muito tempo o país vem se posicionando entre a centro-esquerda e a centro-direita. Não há mais PT x PSDB. Tanto que o PSDB não tem nenhum protagonista nessa eleição. Nesse caso o eleitorado mais conservador não teve opção e acabou migrando para a candidatura Bolsonaro. Está furada essa história que o eleitorado brasileiro é despolitizado e não tem memória. Tanto tem que se o Lula pudesse ser candidato seria eleito no primeiro turno com mais de 45% dos votos. O país vai ter que optar por dois projetos completamente diferentes. O Bolsonaro é o candidato dos ricos: do boi, da bala e da bíblia. Ele prega a favor da ditadura e discrimina negros, homossexuais e mulheres.. Ele sempre votou com o centrão, a favor da PEC do corte de gastos, da Reforma Trabalhista. O Haddad é o candidato do Lula, que defende uma outra política econômica e de desenvolvimento, que defende uma Reforma Tributária onde os ricos paguem impostos, do Universidade para Todos, do Bolsa Família... A polarização hoje é outra. E o país continua dividido.

P Quer dizer que a eterna polarização PT x PSDB acabou?

R O PT polarizou com o PSDB desde 2002 até hoje, mas nessa eleição o PSDB está pagando pelos erros que cometeu desde a eleição de 2014, como não reconhecer o resultado da vitória de Dilma, por ter votado contra medidas que o partido sempre defendeu e ter apoiado o impeachment da Dilma. Agora mesmo vi o Alckmin defendendo o salário mínimo vinculado à Previdência Social que eles votaram o tempo todo contra! Acusaram o PT de destruir o país por aumentar o salário mínimo...Agora o partido defende o subsídio para o gás, mas foram contra o subsídio da gasolina proposto pela Dilma.

P Você acha que o Brasil precisa de uma Reforma Política?

R Sim. O Quanto antes. Precisamos mudar esse sistema político onde o poder econômico domina. Quando a Justiça decidiu, contra a decisão do Congresso, que o candidato podia autofinanciar sua campanha com renda própria, foi introduzido o financiamento empresarial, já que esse candidato vai vender uma propriedade, adiantar um pró-labore, vender ações, etc. Precisamos do financiamento público e acabar com o voto uninominal, que é um voto caro, já que cada candidato é uma campanha. Não existe isso no mundo! Ou o voto é distrital ou distrital misto ou voto em lista, com votos de todos os filiados. Podemos fazer eleições primárias aqui como existe nos Estados Unidos, com os partidos escolhendo os candidatos.

P Qual sua análise da delação do ex-Ministro Palocci a uma semana da eleição?

R Os próprios procuradores recusaram a delação do Palocci por falta de provas por ser inepta e totalmente vazia, sem comprovações ou confirmações. Quem lê a delação vê que ele delata e, em seguida, ele mesmo nega o que disse. O que o juiz Moro fez foi um abuso e chega mesmo a ser um crime. É uma intromissão indevida de uma autoridade do judiciário no processo eleitoral. É quase uma boca de urna! Ele vazou uma delação que sequer estava homologada pela Justiça, o que é ainda mais grave. O poder judiciário e a Justiça Eleitoral deveriam investigar a fundo o que esse magistrado fez. Foi um abuso de autoridade. Mas a população sabe compreender tudo que está acontecendo. O que o juiz fez foi dar um tiro no próprio pé. Perdeu a credibilidade...

(Luiz Flávio/Diário do Pará)

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

Mais em Notícias Pará

Leia mais notícias de Notícias Pará. Clique aqui!

Últimas Notícias