Violência domina área histórica de Belém

As ruas Riachuelo, 1° de Março, Padre Prudêncio e adjacências, no bairro da Campina, contam muito da história do centro de Belém. Mas, o atual cenário naquela área é outro, com pontos sem iluminação pública, moradores de rua e usuários de drogas, e agora apresenta uma história de terror aos que trafegam e, principalmente, a quem
mora nas proximidades.

Em uma breve passagem nos trechos, logo é possível notar a presença dos usuários de drogas. Por isso, o lugar é chamado de ‘Cracolândia’ de Belém. O abandonado Teatro Cuíra, localizado na rua Riachuelo, esquina com a travessa 1° de Março, deixou de ser o palco de artistas para ser o local de venda e consumo dos entorpecentes. “Nesse teatro velho, eles vendem e usam drogas em qualquer hora do dia”, denunciou Paulo de Jesus, 38, taxista.

Esse contexto transmite medo a quem reside naquela área. Nas casas, como em outros bairros perigosos, as grades são bem mais do que ornamentos, mas uma forma de proteção. “A gente se tranca em casa para não ser

vítima dentro da nossa própria casa”, disse o idoso João Maria, morador da área há 68 anos.

ALERTA

O medo também caminha junto de quem passa pelo local. Apressar o passo é a forma de fugir do risco existente de ser mais uma vítima da insegurança naquela área. “A gente vê esses drogados aí que de vez em quando assaltam quem se arrisca ou precisa andar por aqui. Então, é correr para sair logo daqui”, declarou Ana Furtado, 27, secretária.

O medo dos moradores e de quem passa pela rua Riachuelo e adjacências não é nenhum exagero, mas os assaltos na área são apenas um dos problemas no bairro. Numa situação mais grave, a insegurança na área se traduz em casos de morte. Por exemplo, na noite da última quinta (9), um homem identificado como Luciano de Oliveira Lopes, 26, foi assassinado com um tiro na cabeça.

Segundo a Polícia Militar, a vítima foi morta por dois homens que estavam em uma motocicleta. Na mesma situação, uma mulher de prenome Michele tentou fugir do local, mas foi alcançada pelos suspeitos e levou um tiro nas costas. Ela foi socorrida e levada ao Hospital Pronto Socorro Mário Pinotti, no bairro do Umarizal.

A motivação do crime está sendo investigada, mas a situação é atribuída pelos moradores da área ao tráfico de drogas. “Todos esses casos relacionados à violência que acontecem aqui estão relacionados a esse tráfico. Quando não é um envolvido, pode ser um pessoa de bem”, disse Keila Santos, 26, moradora do bairro.

Ainda de acordo com os moradores, além da insegurança, a área sofre com outros problemas, como a prostituição e o acúmulo de lixo, que ajudam a compor ainda mais o cenário do abandono e terror. “O abandono é total e a esperança de melhora, principalmente em relação à insegurança, é mínima, já que o policiamento é pouco por aqui”, concluiu Mário Miranda, taxista

(Alexandre Nascimento/Diário do Pará)