plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Previsão do Tempo 26°
cotação atual R$


home
NOTÍCIAS PARÁ

'O Brasil precisa ter um projeto que una o povo', Manuela D’Ávila,candidata do PCdoB

A candidata à presidência pela República pelo PCdoB, Manuela D’Ávila, que deve ter seu nome confirmado na Convenção Nacional do partido, programada para o próximo dia 1º, em Brasília, esteve em Belém na última quinta-feira (26), para participar de um cong

A candidata à presidência pela República pelo PCdoB, Manuela D’Ávila, que deve ter seu nome confirmado na Convenção Nacional do partido, programada para o próximo dia 1º, em Brasília, esteve em Belém na última quinta-feira (26), para participar de um congresso de saúde. Acabou por falar bastante sobre as propostas de sua candidatura de esquerda nas eleições gerais de 2018. A revogação da PEC dos gastos, o fortalecimento do SUS, um debate mais amplo sobre a legalização das drogas e uma revisão na gestão do Sistema Nacional de Segurança Pública são algumas das proposições da jornalista e ex-deputada federal pelo Rio Grande do Sul. Também não faltaram críticas ao atual Governo e ao Judiciário, em especial, ao juiz federal Sérgio Moro.

Quais as suas propostas para a saúde?
São três temas centrais, para mim, e que fazem parte de uma contenção do Estado Brasileiro em relação ao Sistema Único de Saúde (SUS): A primeira delas é a necessidade de reformar o Estado Brasileiro para que, ao mesmo tempo em que a gente combate a corrupção, a gente não impeça os investimentos públicos no sistema. É preciso garantir transparência, controle e combate à corrupção com menos judicialização. Isso é o que chamamos de reforma do Estado. O segundo ponto é a revogação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 95, dentro de uma visão de que são os investimentos públicos os responsáveis também para que o país possa enfrentar a crise econômica. E a terceira questão é uma proposta, dentro do nosso programa, que é a ampliação da Contribuição Social de Lucro Líquido (CSLL) de 9% para 18%. Na nossa compreensão, os municípios são aqueles, que investem mais 50% na Atenção Básica, por exemplo, e um terço do total de investimentos no restante, em média. E recebem menos de 20%. Então não nos adianta imaginar o aumento do financiamento do SUS sem imaginar uma nova forma de distribuição que valorize mais esse trabalho dos municípios brasileiros.

Como você avalia uma possível união da esquerda no atual cenário eleitoral ?
Nós defendemos a unidade do nosso campo político desde sempre. Desde a redemocratização. Eu recebi, nas minhas redes sociais, um material de 1994 do PCdoB defendendo a unidade para derrotar o então candidato Fernando Henrique Cardoso. Nossa defesa da ampliação da rede política é algo antigo porque, para nós, mais que o protagonismo individual, nós temos urgência em derrotar esse projeto, que é o projeto Temer [presidente da República pelo MDB], [Geraldo] Alckmin [candidato à presidência da República pelo PSDB], [Jair] Bolsonaro [candidato à presidência da República pelo PSL], até mesmo o da Marina [Silva, candidata à presidência da República pela Rede].
Fiz um conjunto de gestos, e na última reunião da direção da Nacional o centro da discussão foi esse: a manutenção da nossa candidatura diante de um quadro de não -unidade, de não-saída para o nosso campo político. Mas eu também acredito que o lado de lá enfrenta seríssimas dificuldades. Ou seja, não dá para ter 97% de reprovação para um Governo por causa da cara do presidente, é por causa do projeto. E eles representam esse projeto.

Você poderia compor uma chapa sendo vice de um candidato do PT? Nossa convenção é dia 1º (de agosto), e a tendência é a reafirmação da nossa candidatura. Você chegou ao Congresso anunciando ter em mãos uma carta do ex-presidente Lula, isso poderia ser um indicativo...
Eu leria essa carta em qualquer cenário, porque era sobre propostas para o fortalecimento do SUS. Assim como eu participei de todos os espaços de denúncia de sua prisão. Eu não denuncio a prisão dele pela possibilidade de ocupar um espaço a chapa do PT. Denuncio desde sempre porque acho que não corresponde às leis, à Constituição e o conjunto de leis do Brasil. Acho que a prisão de Lula é política, consequência de um julgamento político feito por um juiz [referindo-se se ao juiz federal Sérgio Moro] que até de férias julga. Que anda ‘serelepeando’ por aí acompanhado dos tucanos. Tirou, absolutamente, a venda que deveria ter dos olhos.

Você falou que a direita está em maus lençóis, mas a esquerda também chega a essa eleição com uma reputação bastante danificada após os últimos dois anos. O que as candidaturas de esquerda, nesse momento, representam, qual será o papel delas nessa eleição?
O papel da minha candidatura é a defesa do Brasil e da ideia de que o Brasil não precisa punir cotidianamente o seu povo. Não precisamos ser eternamente um dos países mais desiguais do mundo. As saídas não são aquelas que colocam pessoas como números em planilhas, administrando quem vai viver e quem vai morrer, qual criança que merece viver, como minha filha, que está me acompanhando. Eu acredito, e minha candidatura está à serviço disso, que o Brasil precisa ter um projeto para se desenvolver, que una o povo. Temos condições de ter algo nesse sentindo unindo a maior parte do povo brasileiro, não é 50% mais um. É 99% do povo. São só os bancos e o rentismo que ganham com a destruição do país. Existe como desenvolver o Brasil sem colocar no centro do projeto o enfrentamento às desigualdades regionais e de gênero e raça? Não existe.

Falando em desigualdades, sua candidatura também é das minorias?
Na minha candidatura, o debate sobre a desigualdade entre homens e mulheres tem um papel central. Assim como entre negras, negros, e brancos. O desemprego é igual para todo mundo agora? Não. Tem regiões, como o Norte e Nordeste, principalmente, que são predominantemente negras. A violência atinge igual a todo mundo do ponto de vista do medo mas, na vida real, as mulheres negras enterram seus filhos todos os dias. E morrem também. A gente precisa falar sobre essas coisas. Acredito na viabilidade da minha candidatura porque 50% da população ainda não escolheu candidato. Existe como reconstruir o país sem voto, sem democracia? Não.

Como as redes sociais vão te ajudar nessa campanha, ainda mais que os tempos de TV de vocês são pequenos?
Sou de uma geração que sempre usou redes sociais. A transparência nas redes, desde o primeiro mandato, em 2005, já me acompanha. Pretendo fazer muitas conferências virtuais, tenho apelado para que espaços aceitem. É muito caro, por exemplo, sair do Rio Grande do Sul e vir ao Pará. Estou aqui hoje, com três agendas, mas se estivesse em São Paulo apelaria para participar ao vivo virtualmente, porque barateia o custo das campanhas. O lance de superar o curto tempo de televisão também é real, mas eu tenho uma outra preocupação, e provoquei há poucos dias o Facebook e a Justiça Eleitoral sobre. Não me preocupo com a distribuição de mentiras, é algo que sempre existiu na política. Eu tive uns 150 maridos, nem sabia como me arranjavam tanto tempo e disposição para namorar. Mentira sempre houve, de uma forma ou de outra. Meu problema é: quem financia? A quantidade de páginas que foi retirada do ar recentemente tem uma origem de dinheiro, e a Polícia Federal pode ajudar a descobrir quem está por trás disso.

O problema do Brasil é gasto de menos com Segurança Pública ou má gestão do sistema?
Eu não acho que nós estamos gastando muito dinheiro com Segurança Pública. Eu acho que o Governo gasta um conjunto grande de recursos nas [missões de Garantia da Lei e da Ordem] GLOs, que são feitas de forma excessiva, e não planeja, não toma para si a responsabilidade da reforma do sistema que é preciso fazer. O Governo reproduz uma equação que não tem dado certo: mais armas, mais prisões, e o resultado é o aumento da paz? Não, e sim, mais mortes. É preciso pensar no papel da União, irrisório hoje, na construção, sobretudo, de inteligência policial e do mecanismo de controle das polícias. É preciso polícia com legitimidade social, com ouvidoria, auditoria, punição para os que se excedem. Aqui no Pará o índice de elucidação de homicídios é de 3%. Que crimes a gente quer resolver? Homicídios, crimes sexuais, de atentado contra a vida humana. Presídio não é espaço de vingança, e sim de proteção da sociedade, de quem a gente quer se proteger. O governador não pode fazer milagre.

Qual o papel da Amazônia nesse desenvolvimento proposto pela sua campanha?
É impensável pensar no desenvolvimento sustentável do País, com a retomada da atividade industrial, sem pensar no potencial que a floresta em pé e os minérios dessa região representam para o Brasil. Portanto, para nós, o desenvolvimento do século 21 é o que mantém as riquezas e as explora de forma sustentável, mas que garante que o nosso país ocupe posições, sobretudo na disputa científica, com relação a esse território tão rico que é a Amazônia. O povo da floresta precisa viver com dignidade. Não dá para ter um olhar de Audeste e Sul sobre uma região riquíssima com desigualdade avassaladora. Precisamos garantir condições para que o meio ambiente seja preservado. Não podemos ter um olhar que não leve em consideração de que aqui está a população sobre a terra mais rica do planeta e convive com muita pobreza.

(Diário do Pará)

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

Mais em Notícias Pará

Leia mais notícias de Notícias Pará. Clique aqui!

Últimas Notícias