Paes de Carvalho chegará aos 177 anos em situação precária

O colégio estadual Paes de Carvalho, em Belém, vai completar 177 anos no próximo dia 28, mas o clima não é de celebração. Alunos, professores e demais servidores sentem o desânimo de estarem em uma unidade que já teve seus tempos áureos e que hoje amarga uma ruína estrutural.

(Foto: Wagner Santana/Diário do Pará)

Na fachada azul desbotada e com pintura descascada, brota uma vegetação entre as frestas. As janelas têm madeira podre e vidros quebrados. Na parte interior, as salas de aula apresentam goteiras. Há também infiltrações. Não bastasse isso, a maioria das salas não tem ar condicionado e, no período do verão amazônico, é muito difícil permanecer atento ao que o professor apresenta por causa do intenso calor. A estrutura elétrica e hidráulica já deveria ter sido trocada.

No final de junho, alunos denunciaram a presença de um rato morto na copa do colégio. O episódio trouxe à tona, mais uma vez, o tipo de tratamento que o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), dispensa ao Paes de Carvalho.

(Foto: Wagner Santana/Diário do Pará)

O professor de sociologia Juscelino Costa, que leciona no colégio há 19 anos, comenta que a situação por lá nunca esteve tão precária. “A escola está deteriorada e sucateada, bem como outras escolas da Região Metropolitana de Belém. É complicado para professores e alunos e para o processo de ensino e aprendizagem. E, mesmo assim, a gente segue sendo uma das escolas mais procuradas pela população”, diz Juscelino.

Como integrante do conselho escolar, o professor também denuncia a demora na realização da reforma - que ainda está em vigência, tendo iniciado em dezembro do ano passado. Com valor de aproximadamente R$ 2,5 milhões, as obras receberam financiamento do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID) e do tesouro estadual e deveriam terminar em 180 dias, conforme a placa colocada na calçada da escola. Mas, de acordo com a Seduc, a previsão é que a reforma seja concluída apenas em dezembro.

(Foto: Wagner Santana/Diário do Pará)

DEMORA

A demora no término das obras, obviamente, traz transtornos. De acordo com Juscelino, existem turmas com cerca de 80 alunos, já que foi necessário unir turmas no turno da manhã em uma única sala de aula. “Além do Governo não entregar a reforma no prazo correto, também nos coloca nessa situação. O correto seria o Estado fazer todos os esforços possíveis para nos alocar e não ficarmos nesse desconforto”, reclama.

Segundo Willians Silva, coordenador estadual de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Pará (Sintepp), o estado do Paes de Carvalho preocupa a categoria. “Uma das nossas pautas é a melhoria das estruturas físicas das escolas desde 2011. Mas o que vemos é uma dificuldade do Governo em manter um cronograma real de reformas”, diz.

RESPOSTA

Por meio de nota, a Seduc disse que a reforma está em fase final nos anexos I (ginásio de esportes) e II, com sete salas de aula e três laboratórios, além de outras dependências, e que as obras já iniciadas no prédio principal estão sendo executadas por fases, conciliadas às atividades pedagógicas.

Sobre o rato, diz que a direção da escola, sob orientação da Coordenadoria de Apoio ao Estudante, reforçou os cuidados com os alimentos na cozinha. A nota diz que, enquanto se finaliza a obra da cozinha, no anexo II, os alimentos estão armazenados na sala da direção da escola.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)