O Pará vem registrando percentuais cada vez maiores de falta de cobertura vacinal, principalmente entre crianças menores de um ano de idade, situação que se repete país afora. O Estado precisa vacinar a cada ano, em média, 143 mil crianças menores de um ano dentro do esquema básico para imunizar contra 14 doenças. Em determinadas vacinas a cobertura chega a ser de apenas 50%. A falta de cobertura acaba por criar uma população de pessoas vulneráveis a doenças que poderiam ser perfeitamente evitáveis pela vacinação. Para que aja eficiência da vacina pentavalente, por exemplo, a cobertura tem que ser de 95%. “Se ficar em 80% é como se o trabalho não tivesse sido realizado”, alerta Jaíra Ataíde, coordenadora estadual do programa de imunização da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa). A pentavalente é indicada para imunização de crianças a partir de dois meses de idade contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e doenças causadas por influenza tipo b. “Se chegar ao final do ano e não atingimos a meta, criamos uma bola de neve e o volume só cresce e muitas no ano seguinte já saem da faixa etária da proteção”, explica. Ela avalia que o Pará forma uma espécie de bolsão de pessoas suscetíveis por não estarem protegidas devidamente e que pode favorecer o aparecimento de surtos e manutenção de doenças imunopreviníveis, como o sarampo e a poliomielite, que já estão erradicadas no Brasil desde 1994. Caso a população esteja vacinada uma pessoa com sarampo vinda de outro país será inofensiva. “Mas, caso haja espaços de pessoas não imunizadas nas populações-alvo, existe o risco sério de contaminação, com propagação para outras pessoas”, explica.
A baixa procura vacinal atinge sobretudo bebês com menos de um ano porque é justamente nessa faixa que se concentra o maior esquema vacinal. “No primeiro dia de vida a criança já recebe duas vacinas e, a partir daí, já começa o esquema que é extenso. Só no primeiro ano de vida são necessárias 14 vacinas imunopreviníveis”. Outro fator que contribui para a baixa procura é a falta de salas vacinais aos sábados, o que beneficiaria os pais e responsáveis que não têm tempo durante a semana. Soma-se a isso a pouca infraestrutura de municípios mais afastados, sobretudo na zona rural, onde há dificuldades em se levar as vacinas. “Um problema grave que enfrentemos é a “fake news” referentes às vacinas. Os pais absorvem muitas notícias fantasiosas que desqualificam as vantagens da imunização. É uma boataria sem qualquer comprovação científica”, cita. A baixa procura se registra em todas as vacinas do calendário de vacinação, com percentuais diferentes de registro para cada imunização, o que inviabiliza tirar uma média dessa situação, já que cada uma possui seu indicador epidemiológico. (Luiz Flávio/Diário do Pará) |
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