plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Previsão do Tempo 30°
cotação atual R$


home
NOTÍCIAS PARÁ

Sem respostas, comunidade entrará com ação contra a Hydro

Não há pesca, plantio e água para o consumo. Tampouco, há esperança de que a vida volte ao normal tão certo, em Barcarena. Afetados diretamente com a poluição provocada por metais tóxicos provenientes de efluentes da lama vermelha de uma das bacias da emp

Não há pesca, plantio e água para o consumo. Tampouco, há esperança de que a vida volte ao normal tão certo, em Barcarena. Afetados diretamente com a poluição provocada por metais tóxicos provenientes de efluentes da lama vermelha de uma das bacias da empresa Hydro Alunorte, a população sofre e não tem respostas efetivas. Por causa disso, os moradores da Comunidade Quilombola de São Sebastião do Burajuba, a 600 metros da bacia de rejeitos da refinadora entrarão com uma Ação Civil Pública no Ministério Público do Estado contra a mineradora.

O laudo divulgado na última terça-feira (27), pelo Instituto Evandro Chagas (IEC) confirmou a suspeita do agricultor Jorge Luiz Nunes, 49. “Minha filha está doente. Os cabelos dela estão caindo. É da água cheia de minérios que estamos consumindo”, conta. Jorge mora com a pequena Rebeca, de 4 anos, e mais três pessoas na comunidade. “Há um mês, ela apareceu com essa coceira na cabeça e os cabelos caindo. Não sei mais o que eu faço”, diz, desesperado. “Já comprei vários remédios. Nada melhora, não temos médico e nem dinheiro”, continua.

Este ano, Jorge colheria cerca de 60 sacas de macaxeira, 30 de milho, 10 de maxixe, no entanto, sua plantação não vingou, com isso, não haverá produção. “Está murchando tudo. Não dá nem para comer, quanto mais para vender”, observa. O sofrimento de Jorge é semelhante ao de, pelo menos, 2.800 pessoas da comunidade que se reuniu, no último sábado (31), para decidir o quê fazer.

“Nossos rios estão poluídos, o solo também. O Evandro Chagas (IEC) confirma. Sem água, não há vida”, aponta Arivaldo Moraes, 29, representante comunitário de Burajuba. Ele afirma que as 480 famílias que ali vivem, não querem apenas dinheiro para sobrevivência, eles pedem projetos ambientais e sociais, que reparem os danos. O documento feito na assembleia com os pedidos será encaminhado ao Ministério Público Estadual.

Na análise feita nas águas do rio Pará foi encontrado alto nível de 14 substâncias químicas pesadas - arsênio, chumbo, manganês, zinco, mercúrio, prata, cádmio, cromo, níquel, cobalto, urânio, alumínio, ferro e cobre. Segundo o IEC, esses metais tóxicos circulavam pelos canais irregulares já identificados na empresa.

Na praia da Beja, contaminação espantou frequentadores. (Foto: Maycon Nunes/Diário do Pará)

CONTAMINAÇÕES TAMBÉM AFETAM ABAETETUBA

Distante 22km da comunidade de Burajuba, a Praia de Beja, em Abaetetuba, também já sente o peso das contaminações. Local considerado turístico na região, e, em pleno feriado prolongado da Semana Santa, estava vazio. O barraqueiro Sérgio Marinho, 49, trabalha no local desde criança, acompanhando o seu pai. Ele nunca viu o movimento cair desta forma em pleno Sábado de Aleluia. “Isso era para estar cheio. Passa das 11h30 e ainda não vendemos nenhuma refeição. Não tem cliente, ninguém”, observa.

Segundo o laudo do IEQ, o balneário também foi afetado. As amostras de água da Praia de Beja apresentam metais pesados. “Depois que saiu na imprensa a notícia de contaminação ninguém veio. Além dos riscos que estamos correndo, contabilizamos prejuízos”, relata. A pescadora Maria de Lourdes Mandes, 44, diz que tem medo de colocar os matapis na água. “O camarão pode vir doente, além disso, os peixes sumiram. Não pescamos mais aqui”, relata.

Hoje, uma reunião de emergência está marcada para acontecer em Brasília, sob a coordenação da Casa Civil da Presidência da República, para definir sanções à Hydro. Na pauta, estão previstas multas e até o embargo de 100% das atividades da mineradora.

Os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) farão a primeira atividade externa da comissão com uma visita in loco às regiões afetadas, marcada para a próxima segunda-feira, dia 02 de abril.

O agricultor Jorge Nunes perdeu toda a plantação de milho. (Foto: Maycon Nunes/Diário do Pará)

HYDRO

Em nota, a Hydro Alunorte informa que as comunidades de Burajuba, bem como Vila Nova e Bom Futuro, continuam recebendo água potável e assistência médica em ações realizadas em parceria com órgãos públicos e entidades humanitárias. A empresa ressalta, novamente, que não houve ruptura, vazamento ou transbordamento dos depósitos de resíduos da empresa. No caso da Praia de Beja, em Abaetetuba, como nas demais comunidades e praias de Barcarena, a Alunorte esclarece que as atividades da refinaria não causam ou tiveram impacto negativo na região.

FUNCIONÁRIOS ENTRAM EM FÉRIAS COLETIVAS

Quatrocentos funcionários da mina de bauxita da Hydro, em Paragominas, no Pará, entram em férias coletivas de 15 dias a partir desta segunda-feira (2). A medida foi tomada em virtude do corte de 50% da produção da refinaria Alunorte, da Hydro, que recebe a bauxita de Paragominas e a transforma em alumina calcinada. Por causa da redução da produção na Alunorte, os funcionários da refinaria também terão férias coletivas, mas de dez dias. A estimativa é que até 600 empregados da Alunorte sejam afetados pela medida. Mas, diferentemente de Paragominas, na Alunorte os funcionários serão divididos em grupos para que saiam em férias coletivas. O primeiro grupo, de 40 empregados, saiu de férias no sábado (31).

A Hydro foi obrigada a reduzir a sua produção em 50% por determinação do juiz Iran Ferreira Sampaio, da Comarca de Barcarena, que justificou a decisão com base no possível risco à vida das comunidades envolvidas e à natureza, após a confirmação de vazamento de rejeitos no Meio Ambiente.

(Roberta Paraense/Diário do Pará)

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

Mais em Notícias Pará

Leia mais notícias de Notícias Pará. Clique aqui!

Últimas Notícias