Aprovados em vestibular dão dicas para a vitória

Após o período de preparação intensa, o cabelo raspado até já era esperado. Mas a divulgação do resultado do vestibular ainda guardava uma surpresa para Rafael Morgado Barata, 18 anos. Sendo um dos mais de 109 mil inscritos no processo seletivo da Universidade Federal do Pará (UFPA) e dos 94 mil inscritos na Universidade do Estado do Pará (Uepa), o estudante conquistou o primeiro lugar geral nas duas instituições. O desempenho notável também deu um gosto a mais à aprovação do estudante Matheus Marinho Rios, 23, que ocupou a terceira colocação geral nas mesmas universidades. É com naturalidade que Rafael fala dos generosos 906,51 pontos (já com o bônus de 10% para estudantes da Região Norte) conquistados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Ele conta que, apesar de não ter muita certeza do que gostaria de cursar ao longo de todo o terceiro ano do ensino médio, sempre estudou o que considerava suficiente para passar em medicina – curso que historicamente figura entre os mais concorridos e com as maiores notas nos processos seletivos das universidades.

MEDICINA

Aprovado em três cursos diferentes, o calouro coincidentemente optou, somente após a divulgação dos resultados, por cursar medicina. “Eu passei em Direito na UFPA, em Engenharia de Produção na Uepa e em Medicina na UFPA através do Sisu (Sistema de Seleção Unificada)”, conta. “Mas eu decidi fazer medicina”, diz. “Eu acho que é o que eu vou gostar mais”.

Para que tais resultados fossem alcançados, Rafael lembra que chegava a estudar até 9 horas seguidas por dia, fora o tempo que passava dentro de sala de aula. A rotina de preparação rigorosa se estendia inclusive aos sábados. As saídas com os amigos ficavam apenas para os domingos, geralmente na parte da tarde. “Considerando apenas o convênio, é um ano da vida focado no estudo, mas é uma dedicação que é recompensada depois”.

Por causa do orgulho e alegria sentidos pela família, o jovem estudante acredita que a classificação em primeiro lugar fez a diferença na comemoração. Mas, para ele mesmo, o que importa é ter conseguido o acesso ao ensino superior. Ele já se mostra ansioso para o início das aulas. “Eu pretendo me dedicar da mesma forma, só que sem a pressão que tinha no ensino médio”, planeja. “Quero logo que comecem as aulas”.

Matheus conquistou o 3º lugar na UFPA e Uepa

A expectativa também sentida pelo estudante Matheus Marinho, é pelo recomeço. O jovem já cursava outro curso superior quando decidiu voltar ao conteúdo do ensino médio para tentar uma vaga em medicina. A dedicação lhe garantiu não apenas mudar sua história profissional, mas também a classificação em terceiro lugar geral na UFPA e na Uepa. “Eu esperava que fosse aprovado porque estava me dedicando muito, mas a classificação foi uma surpresa”.

Matheus lembra que estava no 6º semestre de Engenharia Civil já na UFPA quando decidiu trancar o curso e fazer novamente o Enem. Quando fez o vestibular pela primeira vez, ainda aos 17 anos, ele ficou em dúvida entre os dois cursos, mas acabou optando por engenharia. Já na faculdade, ele percebeu que não se identificava com a profissão e não titubeou em buscar a sonhada medicina. “Muita gente me falou que era muito difícil, que era impossível, mas eu sabia que, com esforço e treino, seria possível”. Depois de trancar o curso de engenharia, a rotina passou a ser dividida com as aulas no cursinho pela manhã e mais estudo em casa. A cada dia, Matheus passava de 6h a 8h sentado na escrivaninha de seu quarto em meio aos livros. O bom desempenho no cursinho também lhe rendeu bolsas em cursos complementares de redação, matemática e ciências da natureza. “Eu estudei muito com exercício e fiz muita redação”, conta.

APRENDIZADO

Motivo de orgulho para toda a família, a plaquinha de papelão usada no dia do resultado do vestibular ainda segue pendurada no portão de casa. Na rotina de Matheus, o que fica agora é a expectativa por tudo o que ainda deverá aprender. “Eu já fiz a matrícula e visitei o campus”, comenta, ao revelar que optou por cursar a vaga da Uepa. “Agora eu espero fazer o curso com tranquilidade e me tornar o melhor médico possível”.

(Cintia Magno)