Andar sem capacete lidera infrações em Belém

Dados recentes do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), referência no atendimento de traumatologia no Estado, mostram que, em 2016, a instituição realizou 5.647 atendimentos às vítimas do trânsito. Destes, os com motos lideram a estatística: 2.695 casos. Já a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) mostra que, de janeiro a setembro do ano passado, 8.180 motociclistas foram autuados por conduzir o veículo sem capacete.

No que depender dos condutores, o problema está longe de ter um fim. O DIÁRIO percorreu vários pontos da capital e flagrou diversas irregularidades. Até novembro do ano passado, o Departamento de Trânsito Nacional (Denatran) contabilizou 830.403 motos no Pará, sendo, em Belém, 114.776. No bairro do Guamá, normalmente o trânsito é movimentado, devido a quantidade de bicicletas e transportes alternativos. Porém, um ponto específico se destaca pela quantidade de irregularidades.

Em 30 minutos, foi possível ver, no cruzamento da avenida José Bonifácio, com a rua Barão de Igarapé-Miri, ao menos 50 infrações de motociclistas. A mais comuns das irregularidades é a falta de capacete e o uso de sandálias de dedo, de condutores e passageiros.

SEM LEI

À luz do dia, os motociclistas ignoram a obrigatoriedade dos equipamentos de segurança. Até mesmo um homem com a farda da Polícia Militar foi flagrado sem capacete. A quantidade de pessoas na moto também chama atenção. E até crianças são submetidas aos riscos. Duas mulheres, sem proteção, levavam uma menina, de aproximadamente dez anos de idade.

O avanço do sinal vermelho também é comum no local, que tem dois pontos de mototáxi, um na calçada do mercado e outro do lado oposto, na José Bonifácio. Mas, até mesmo esses trabalhadores ignoram o uso de capacete.

O vendedor ambulante, identificado apenas como Daniel, trabalha no cruzamento há dez anos, e indagado sobre as irregularidades, ele solta: “isso é normal. Os acidentes também. Até cinco pessoas em uma moto se vê, inclusive crianças”.

Em nota, a Prefeitura de Belém informa que o cruzamento da avenida José Bonifácio com a rua Barão de Igarapé-Miri recebe fiscalização constante e diária da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) por meio de rondas realizadas em horários diferenciados. A Semob ressalta que ontem os agentes de trânsito que fiscalizam a área estavam prestando ordenamento em uma ação especial para a liberação do cruzamento da avenida Bernardo Sayão com a José Bonifácio.

Motociclistas fazem a farra em todos os bairros da capital

As infrações não são particularidades da periferia. No cruzamento da avenida Gentil Bittencourt com a Alcindo Cacela, em Nazaré, por volta das 11h, um motociclista avançou o sinal vermelho. E mais: ele entrou pela contramão na Gentil, no sentido travessa 14 de Março. No local, os condutores de moto também não respeitam a faixa de pedestre.

No cruzamento da avenida Almirante Barros com a travessa Lomas Valentinas, no Marco, os motoqueiros invadem a faixa de pedestre, andam sobre as calçadas e avançam o sinal. Vendendo bombons no calçadão do Bosque Rodrigues Alves, Carlos Lima, 56, já perdeu as contas dos absurdos que já viu. “Até quatro pessoas na moto passam aqui”, revelou ele que atua há nove anos no local.

(Roberta Paraense/Diário do Pará)