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Saiba como definir se seu filho é superdotado

Quem vê a habilidade e a desenvoltura com que a pequena Isabella Barros Alves toca teclado, não imagina que a criança teve apenas três aulas de música. A quantidade de livros lidos por ela em um ano – 160 no total – e a maquete que representa os planetas

Quem vê a habilidade e a desenvoltura com que a pequena Isabella Barros Alves toca teclado, não imagina que a criança teve apenas três aulas de música. A quantidade de livros lidos por ela em um ano – 160 no total – e a maquete que representa os planetas do sistema solar – feita por Isabella - também chamam a atenção. Com apenas cinco anos de idade, Isabella é uma das crianças identificadas como detentoras de altas habilidades/superdotação. A estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que 5% da população de um País seja formada por pessoas com esse potencial acima da média.

Desde muito pequena, Isabella sempre teve livre acesso aos livros, à música e a atividades criativas de modo geral. Já nos primeiros meses de vida, a família percebeu que a primogênita tinha bastante energia. Porém, a compreensão de que o desenvolvimento da criança era muito acelerado só surgiu anos mais tarde. “Ela começou a apresentar um resultado muito progressivo com relação ao conhecimento na escola. Mas, naquele momento, decidimos não adiantar ela de série para que ela pudesse aproveitar realmente esse período da infância”, lembra a mãe de Isabella, a microempresária Ivanilce Alves, 30 anos.

Na área da leitura, a relação da estudante também começou a apresentar sinais de desenvolvimento acelerado desde cedo. Ela aprendeu a ler aos quatro anos e, um ano depois, a evolução foi tão grande que Isabella já supera a média nacional de livros lidos por pessoa. A pesquisa ‘Retratos da Leitura no Brasil’, realizada pelo instituto Pró-Livro, aponta que o brasileiro lê em média quatro livros por ano. Apenas em 2017, Isabella leu pouco mais de 160 livros, figurando entre eles clássicos de autores como Monteiro Lobato, Ziraldo e Ana Maria Machado. “Ela adora livrarias e, sempre que a gente vai, passa pelo menos 1h30 entre os livros”, conta a mãe.

Apesar de surpreendente para uma criança de cinco anos, o desempenho de Isabella na leitura não é a única indicação de alta habilidade. Depois que a família começou a participar do Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAHS) – programa do Ministério da Educação (MEC) que é mantido em parceria com as Secretarias de Educação de todos os estados brasileiros -, também foi identificado que ela possui uma grande facilidade para a música.

Como já possuía um teclado em casa, a família procurou por um maestro que pudesse ensinar piano para a filha. “Ela está na terceira aula e já toca 10 músicas, sendo que três músicas ela ‘tirou de ouvido’”, conta Ivanilce. “O professor ficou surpreso porque ele costuma passar uma música para a criança treinar por um mês, mas para a Isabella ele já conseguiu passar 7 músicas em três aulas”.

Dividindo espaço com a música e a leitura, Isabella também apresenta interesse especial por astronomia. Durante um período de férias, a criança convidou a mãe para construir uma maquete do sistema solar. Sem muito tempo, Ivanilce incentivou que a filha começasse o projeto sozinha.

Com pouquíssima ajuda, a criança utilizou uma folha e bolas de isopor para organizar os planetas de acordo com suas posições em relação ao sol. “Eu tinha uma cola colorida de brilho e peguei para pintar os planetas”, conta Isabella, animada com a conversa sobre o universo. “O meu preferido é o Saturno, por causa dos anéis”.

Independentemente do grande interesse da menina por conhecimento, Ivanilce faz questão de destacar que Isabella é uma criança como as outras e que adora brincar com as bonecas. “Por ter essa grande habilidade com a leitura às vezes ela acaba querendo ler o que ainda não é para a idade dela. Então, ficamos de olho para que ela não perca a infância dela”, destaca a mãe. “O NAAHS tem sido muito importante nisso porque ela tem aprendido a como lidar com esse conhecimento todo”.

IDENTIFICAÇÃO A PARTIR DE AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA

A coordenadora do NAAHS da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Silvia Oliveira explica que a identificação de uma criança com altas habilidades/superdotação é feita a partir de avaliação pedagógica. Em alguns casos, a peculiaridade consegue ser percebida logo. Porém, há casos em que a análise pode durar até 4 meses.

O núcleo – que funciona na Escola Estadual Vilhena Alves, mas é voltado tanto para alunos da rede pública, quanto privada – adota como método de identificação os conceitos desenvolvidos pelo teórico e estudioso do tema, Joseph Renzulli. “São avaliados três grandes traços apontados por Renzulli: a capacidade acima da média, comprometimento com a tarefa e a criatividade”, aponta Silvia.

Uma série de livros didáticos-pedagógicos organizados pelo MEC e denominados de “A construção de Práticas Educacionais para Alunos com Altas Habilidades/Superdotação”, aponta que Renzulli organiza a superdotação em duas categorias de habilidades: a superdotação escolar e a superdotação criativo-produtiva.

Segundo o teórico, na superdotação escolar a habilidade incide sobre os processos de aprendizagem e aquisição de informações. Já a superdotação criativo-produtiva resulta no desenvolvimento de produtos originais, com ênfase no uso da informação de forma integrada e indutiva para problemas reais.

A coordenadora do NAAHS aponta algumas características que podem indicar aos pais a possibilidade de superdotação dos filhos. “Normalmente elas apresentam vocabulário diferenciado para a idade; aprendem a ler muito cedo; são muito questionadoras e curiosas e geralmente gostam de conversar com pessoas mais velhas do que as da sua idade”.

GRANDE INTERESSE POR ASTRONOMIA E ASTROLOGIA

No caso do estudante Sávio Resque, 12 anos, a característica que fez com que a mãe percebesse que ele tinha algo de diferente foi a capacidade do menino refletir criticamente sobre filmes de desenho animado. A psicóloga Rita Rodrigues, 40 anos, conta que o filho tinha 6 anos quando começou a fazer tais relações. “Ele assistiu ao filme Toy Story e, ao final, começou a avaliar as relações de companheirismo e amizade retratadas pela história”, lembra. “Uma criança com essa idade dificilmente faz esse tipo de relação sem que tenha alguma orientação de um adulto”.

Sávio Resque e sua mãe, Rita Rodrigues (Foto: Mauro Ângelo/Diário do Pará)

Com o passar do tempo, as conversas sobre estrelas, planetas, buracos negros e o tempo e a distância da luz do sol em relação à terra só se intensificaram. Junto com o grande interesse por astronomia e astrologia, surgiu o desânimo em relação à escola. “Durante os exercícios pediam que desenhasse uma quantidade de maçãs e contasse, mas ele acabava escrevendo só o resultado”, exemplifica a mãe. “Isso começou a ser visto como indisciplina. Mas, na verdade, ocorria porque, como ele já sabia o resultado, achava desnecessário fazer a primeira parte”.

Durante algum tempo, Rita conta que chegou a pensar que o filho possuía algum distúrbio de aprendizagem. O entendimento mudou quando procuraram atendimento especializado. O que pensava que era uma dificuldade, na verdade era uma alta habilidade de Sávio.

Passado um ano e meio de atendimento no NAAHS, Sávio já teve a oportunidade de desenvolver pesquisas relacionadas aos assuntos que mais têm interesse. A mais recente foi sobre a existência dos buracos negros – regiões no espaço onde a gravidade é tão intensa que suga até mesmo partículas que se movem na velocidade da luz.

As atividades são realizadas a partir da orientação de professores de diferentes áreas de ensino. As atividades extra-curriculares desenvolvidas no núcleo têm como objetivo desenvolver ainda mais as potencialidades das crianças. Para Rita, esse suporte já tem surtido benefícios ao desenvolvimento de Sávio, sobretudo no que diz respeito aos campos emocional e social.

"As pessoas confundem altas habilidades com perfeição, mas não é isso. Não podemos esquecer que eles são crianças e que necessitam de suporte para desenvolver toda essa capacidade".

(Cintia Magno/Diário do Pará)

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