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Ophir Loyola: paciente pode esperar até 1 ano para fazer tratamento

Calamidade. Essa foi a palavra usada para definir o estado do hospital Ophir Loyola - referência no tratamento de câncer no Pará - em relatório feito pela Defensoria Pública da União (DPU), após vistoria na unidade. “Encontramos situações que ferem a dign

Calamidade. Essa foi a palavra usada para definir o estado do hospital Ophir Loyola - referência no tratamento de câncer no Pará - em relatório feito pela Defensoria Pública da União (DPU), após vistoria na unidade. “Encontramos situações que ferem a dignidade dos pacientes”, diz a defensora Regional de Direitos Humanos, Mayara Soares, responsável pelo trabalho que será enviado para o Defensor Nacional dos Direitos Humanos, Anginaldo Vieira, e pode resultar em ação civil pública contra as autoridades de saúde do Estado.

Uma das maiores dificuldades é a falta de leitos. Para atender a pacientes de Belém e dos municípios paraenses (além da capital só Santarém tem referência para tratamento do câncer), o Ophir Loyola tem seis leitos para internações, todos ocupados. Com isso, a área de triagem onde os doentes deveriam ficar no máximo 24h acabou se transformando em uma enfermaria improvisada. Durante a vistoria, foram encontrados pacientes em cadeiras e macas, espalhados pelos corredores. Até uma área próxima, que antes servia como garagem, está abrigando pacientes que podem ficar mais de um mês à espera de leitos.

“Os pacientes estão misturados, o que aumenta os riscos de contaminação. Há homens e mulheres e, muitas vezes, os enfermeiros precisam dar banho nos doentes lá mesmo. Vimos até pacientes colostomizados (com saída artificial para fezes) expostos. Isso fere a dignidade deles”, diz a defensora, afirmando que as instalações são “insalubres”, agravando ainda mais o sofrimento de quem luta pela vida. Quem já chegou até a cirurgia comemora porque outro problema é a demora para conseguir o atendimento.

ESPERA

Presidente da Amigas do Peito, Organização Não Governamental criada para apoiar mulheres com câncer de mama, Patrícia Cítero afirma que há casos em que um paciente espera até um ano para o início do tratamento. Por tratamento entenda-se procedimentos que vão efetivamente combater a doença. A lei prevê que pacientes de câncer não esperem mais que 60 dias por atendimento, mas de nada adianta, por exemplo, terem acesso à consulta se a cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, que podem ser efetivas contra o câncer, não forem iniciadas tão logo indicadas pelos médicos.

Moradora de Parauapebas, a cabeleira Francisca Brito enfrenta, desde 2015, uma via crucis para conseguir o tratamento da mãe, a dona de casa Raimunda Rodrigues, 45 anos, que teve câncer de mama. A suspeita de que Raimunda tinha câncer começou durante um exame de rotina. Para fazer a biópsia, a família pagou pelo exame. Após o diagnóstico, contudo, a dona de casa esperou quase um ano pela primeira cirurgia. Oito dias depois, encontrou novo nódulo. Esperou dois meses pela quimioterapia e, depois de um ano, só no último dia 25, fez uma nova retirada do tumor. “Ligava dia e noite para o serviço de assistência social do hospital”, conta Francisca, afirmando que o tratamento só foi feito graças a intervenção da Amigas do Peito.

Há duas semanas a reportagem esteve em frente ao Ophir Loyola durante a madrugada. Desde que a fila na rua foi denunciada pela imprensa, os pacientes em busca de consultas passaram a ficar em uma sala dentro do hospital. Mas a espera para marcar consulta continua longa. Com a mãe já internada na área de triagem, a esteticista Paula Moraes pensou que não teria de enfrentar a fila para falar com o médico, mas passou dois dias na fila para conseguir a consulta. Na quinta-feira (23 de novembro), foi encontrada pela reportagem às 5 da manhã em frente ao hospital. “Vim tentar pegar uma ficha para a consulta para só então marcamos a radioterapia”, contou, explicando que havia chegado ao hospital na manhã da quarta-feira do dia anterior. “São poucas as fichas”. Paula conseguiu marcar a consulta e foi atendida, mas até então não sabia quando será feita a radioterapia.

OS RISCOS DA DEMORA SÃO GRANDES

Para pacientes com câncer, mais do que qualquer outra doença a demora no início do tratamento pode ser fatal. “Câncer de mama, por exemplo, se detectado no início e tratado pode ter cura em mais de 80% dos casos. Da mesma forma no câncer de próstata”, diz o oncologista Rodney Macambira. “À medida que o tratamento vai demorando, esse percentual vai diminuindo”, explica.

O médico afirma que os profissionais que lidam com os pacientes também sentem a angústia pela demora no atendimento. “A gente faz o diagnóstico, prescreve um tratamento, mas quando o paciente começa, a doença já está em outro estágio e aí é preciso começar tudo de novo”, diz.

RESPOSTA

A assessoria do Ophir Loyola informou que está acompanhando a conclusão do relatório da DPU e que há obras e projetos e reformas em andamento que “já contemplam melhorias a pontos citados”.

(Rita Soares/Diário do Pará)

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