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Gastronomia e mobiliário paraenses nos rumos da 4.0

Mesmo sendo um assunto considerado novo e até desconhecido por muitas empresas e indústrias no Brasil e no mundo, algumas empresas de diversos ramos já começaram a implementar tecnologias 4.0 no Pará. Em maio deste ano, por exemplo, 14 empresas paraen

Mesmo sendo um assunto considerado novo e até desconhecido por muitas empresas e indústrias no Brasil e no mundo, algumas empresas de diversos ramos já começaram a implementar tecnologias 4.0 no Pará.

Em maio deste ano, por exemplo, 14 empresas paraenses receberam certificado por participar do programa “Brasil Mais Produtivo”, ação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), que tem dois focos: o aumento da produtividade por meio de melhorias tecnológicas e por meio da eficiência energética.

Dessas 14 empresas, 6 foram premiadas por terem registrado elevados ganhos de produtividade. Foram elas: Amazon Woods, SD Portas e Wood Design (no setor de Madeira e Mobiliário); e Dom Nato, D’Fazenda e Docel (no setor de Alimentos e Bebidas).

A meta da consultoria oferecida pelo programa era um aumento de, no mínimo, 20% de produtividade. A Amazon Wood, por exemplo, atingiu ganhos de produtividade de 58% alcançando o 1º lugar na categoria Madeira e Mobiliário.

Antes das melhorias, a Amazon Wood criava um ambiente de cozinha de 6 m² em um dia de trabalho. Agora, consegue desenvolver o mesmo projeto em apenas 4 horas. Um dos equipamentos que permitiu essa melhoria chama-se Centro de Usinagem com Furação Automática (CNC): por meio de um projeto em 3D enviado por um software, a máquina fura prateleiras, portas e outras peças com precisão de 0.01 milímetro.

“Quando você passa para um corte automático, você já tira a responsabilidade de um operador de definir a qualidade e o tempo de corte ou de laminação, porque a partir daí é a máquina que consegue fazer isso”, explica Lukas Pedroso, sócio da Amazon Woods.

O Centro de Usinagem é uma tecnologia de ponta (no Pará, a outra máquina do tipo só existe no município de Paragominas). No entanto, a “alma do negócio”, como explica Lukas, são os softwares que integram todo sistema do processo produtivo e que “geram todo tipo de produção automática”.

“Dentro do software integrado, temos diversas etapas: usinagem, corte, laminação, furação, colagem. Na usinagem, tem que fazer um buraco na peça para encaixar outra. Imagina fazer isso manualmente, com uma ferramenta elétrica. O operador pode levar até um dia nesse processo. A máquina pode fazer isso em questão de um minuto, e com alta precisão”, explica o sócio da Amazon Woods.

E toda produção que parece sair de uma fábrica gigantesca, pode ser feita dentro de espaços bem menores, já que a Indústria 4.0 permite a “compactação do processo produtivo”.

“Todo o processo passa por máquinas compactas. Isso é mais um item dessa revolução industrial. São máquinas que fazem processos grandes, pesadas, mas que são muito compactas. Então tenho uma indústria com tamanho reduzido, mas que comporta bem todos os equipamentos para o escoamento da minha produção. Isso me possibilita um modelo de negócios em que posso entregar o produto em até 10 dias”, relata Lukas.

Outro ponto que é comum no cenário 4.0 - e também está presente na Amazon Woods - é a presença de sensores que fornecem dados importantes sobre necessidade de manutenções preventivas das máquinas, que, muitas vezes, diferem dos prazos indicados pelos próprios fabricantes (já que questões climáticas que variam de região para região, por exemplo, podem modificar essas instruções de manutenção).

“Com a quantidade de sensores, recebendo sinais e informações sobre o maquinário, conseguimos prever as manutenções de forma mais precisa, com acelerômetros, com sensores de vibração. Por meio disso, é possível fazer aquisição de dados e adiantar uma manutenção preventiva. Isso é ganho em produtividade, porque você vai ter certeza do período em que precisa parar para fazer essa manutenção”, comenta o empreendedor.


Tecnologias utilizadas pela Amazon Woods permitem produção de grande indústria em espaço reduzido. Foto: Divulgação

E a tecnologia proporciona não apenas a prevenção de desgaste, mas também a prevenção de acidentes de trabalhos: os sensores não permitem que qualquer atividade seja iniciada caso algum funcionário esteja com a mão próxima ou dentro do aparelho.

Tanta inovação e tecnologia, no entanto, logo mais estará defasada. Outros equipamentos e soluções surgiram dentro de poucos anos ou meses, por isso, para Lukas, o principal caminho para o sucesso dentro do novo mercado é a capacidade de se reinventar.

“Normalmente a indústria atual tem uma média de 17 anos do seu maquinário em uso. Para você conseguir entrar nesse mundo, além dos investimentos, capacitação, tecnologia, você tem que reinventar seu ramo. Precisa criar a necessidade desse negócio para poder gerar a necessidade dessa indústria. Não é só pegar a indústria 4.0 e investir, porque às vezes você estará investindo em algo que não te dará esse retorno. Para entrar nesse mundo, o primeiro passo é se reinventar sempre”, conclui o empreendedor.

Investimento em sistema permitiu melhoria de até 90% em padaria

A empresa de alimentos e panificação Dom Nato foi outra companhia que alcançou 1º lugar na categoria dela dentro do programa “Brasil Mais Produtivo”. Com pouco mais de quatro anos de atuação no mercado e atendendo cerca de 1000 pessoas por dia, desde o café da manhã até o jantar, o restaurante iniciou um processo de automação, que aumentou a produtividade do negócio em 90%.

Uma das principais mudanças implementadas pela Dom Nato foi a instalação de um sistema online de controle para todos os processos dentro da empresa: os alimentos são pré-pesados e embalados, ao mesmo tempo que é confeccionada uma ordem de serviço com a receita daquele produto (um bolo, por exemplo).

“Com isso o comprador vai saber exatamente, pelo sistema, o que foi usado e produzido. Não precisa ficar perguntando para o estoquista o que está faltando, o que precisa comprar”, explica Vanessa Lourenço, sócia da Dom Nato.

O resultado é que existe um controle quase que total sobre as quantidades gastas e rendimento do alimento, que também é registrado no sistema. Mesmo estoques, volume de produção e operações financeiras são integradas ao sistema, garantindo que haja uma comunicação entre todos os processos da Dom Nato.


Softwares integrados garantem controle total sobre produção da indústria. Foto: DOL

“Acho que tudo isso serve para melhorar os resultados financeiros da empresa e você ganha no final também, porque você consegue padronizar a produção. São mudanças que fazemos desde o primeiro mês da Dom Nato. Em busca de modernidade, de coisas que melhorem a produtividade e o padrão da empresa”, comenta Ricardo Rattes, um dos sócios da Dom Nato.

O aumento na produtividade foi tanta que a empresa foi escolhida - entre as demais participantes na região Norte - para servir de modelo para uma nova iniciativa do programa “Brasil mais produtivo”, focada, dessa vez, na eficiência energética.

Serão quatro meses do projeto voltado para analisar dados sobre gastos energéticos nos equipamentos da empresa e propor soluções para reduzir esse consumo. No início da ação, por exemplo, oito engenheiros elétricos de todo Brasil visitaram a Dom Nato para acompanhar de perto o processo produtivo.


Dom Nato alcançou melhoria recorde dentro do programa Brasil Mais Produtivo entre as empresas paraenses. Foto: Divulgação

“Ficamos muito felizes de termos sido escolhidos para esse novo projeto. Acho que isso mostra que o primeiro trabalho foi produtivo e também que compensa o fato de abrirmos sempre as portas da Dom Nato. Muitas empresas não deixam as pessoas entrarem com medo de mostrar os erros. Nós abrimos nossas portas exatamente por sabermos que existem erros e que eles devem ser melhorados”, pondera Ricardo.

“Acho que está tudo muito ligado à questão do investimento, e do medo de o empresário investir. Os valores no primeiro momento parecem altos, mas existem outras formas de apoios, como do Senai, que às vezes são até gratuitos. O ideal para que dê certo é fazer um estudo prévio para saber a tua realidade e até onde você pode ir, para você não se empolgar e não ter como pagar a conta”, conclui o empreendedor.

O especialista em Política e Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Vinícius Fornari, concorda com a análise de Ricardo Rates e diz que os investimentos nas tecnologias devem ser feitas a partir de uma análise crítica e pensada para a realidade de cada negócio.

“Em outros países, a incorporação por pequenas empresas também é um grande desafio. Não existe um padrão para a adoção dessas tecnologias nessas empresas, pois elas precisarão adotar as tecnologias que melhor se adequam ao seu modelo de negócio e ao planejamento”, afirma Vinícius.


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