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Nova revolução industrial também requer mudanças nas formas de ensino

As mudanças no mercado de trabalho causadas pela Indústria 4.0 não representarão o “fim dos empregos”, mas devem ser acompanhadas com atenção pelas organizações governamentais e por entidades da sociedade civil, segundoLuiz Pinto, diretor de Serviços T

As mudanças no mercado de trabalho causadas pela Indústria 4.0 não representarão o “fim dos empregos”, mas devem ser acompanhadas com atenção pelas organizações governamentais e por entidades da sociedade civil, segundoLuiz Pinto, diretor de Serviços Tecnológicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

“Nesse ponto, entra o trabalho do Governo. Precisamos de políticas públicas para reabilitar e migrar esses funcionários para outras áreas. Porque se não fizer nada com essas pessoas, aí sim teremos um exército de desempregados. Você tira essa pessoa da fábrica, mas tem que dar um direcionamento, uma oportunidade para trabalhar as potencialidades dela”, diz Luiz Pinto.

“Eu quero essas pessoas trabalhando dentro de laboratórios nas faculdades, criando robôs, desenvolvendo softwares, criando tecnologias, coisas que só os humanos fazem”, continua o diretor do SENAI.

E a formação para encarar os desafios da quarta revolução industrial não se restringe apenas a escolas técnicas: é preciso repensar o modelo educacional dentro e fora das escolas públicas e particulares.

Salas de aulas invertidas é uma das novas propostas educacionais para novos tempos

Nesse sentido, um dos métodos que vem ganhando espaço em diversos países do mundo, como a Inglaterra, chama-se STEAM (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática) ou STEM (sem a inclusão da disciplina artes): o modelo tem o objetivo de preparar os alunos para resolução de problemas complexos e a pensar criativamente, longe do formato dos “decorebas” do modelo considerado mais tradicionalista de educação.

Um exemplo desse modelo foi exibido em um evento realizado na Inglaterra, em janeiro deste ano, chamado British Educational Training and Technology (BETT) Show, e divulgado em reportagem pela Agência Brasil. Nele, uma apresentação da empresa Lego pedia que cada participante montasse um pato com apenas seis peças do brinquedo. O segredo da prática é que são possíveis 103 milhões de combinações apenas com seis peças.

“Isso de ficar decorando fórmulas de química, de física, você não forma um ser humano apenas com isso. A proposta é trabalhar com Legos para criar robôs, dar problemas complexos para que o aluno resolva, colaborando com outros ao redor dele, pensando criativamente e aceitando ideias diferentes”, explica Luiz Pinto.

Pensar de maneira crítica e criativa: essas são algumas das principais ferramentas educacionais na atualidade, principalmente, quando consideramos que o conhecimento é encontrado de maneira abundante, e às vezes indiscriminada, na web. Isso é o que defende o engenheiro eletrônico, professor e consultor educacional da empresa paulista Humus Sérgio Américo, um dos principais estudiosos do tema no País.

“Com o advento da Internet na sua forma web, o conhecimento se tornou altamente disponível, fazendo com que a importância do conhecimento acadêmico perdesse espaço para outras habilidades tais como: pensamento crítico, criatividade na solução de problemas, comunicação, colaboração e inovação”, explica Sérgio.

O espaço para esse tipo de aprendizagem também muda: saem de cena as salas de aulas “tradicionais”, e são incentivadas atividades em locais como laboratórios, ateliês, teatros, oficinas, dentre outros, onde são valorizadas as chamadas “habilidades espaciais” do aluno.

“Nessa linha de pensamento, diversas instituições de ensino vem trabalhando os espaços STEAM. Estes espaços são oficinas onde os estudantes se envolvem em soluções de problemas reais de forma multidisciplinar. Os alunos envolvidos nesses ambientes se tornam mais criativos e colaboradores, características importantíssimas no mundo atual”, diz Sérgio.

“Com as atividades desenvolvidas nessas oficinas, os alunos aprendem a planejar, exercitam a tentativa e erro, a colaboração e a perseverança, lições muito úteis, independentemente da carreira que venham a seguir. Na educação tradicional, quando punimos o erro, tolhemos a criatividade. Não se propõe aqui ignorar o erro, mas estimular o estudante a reconhecê-lo e utilizá-lo como aprendizado”, continua o consultor educacional.

O especialista ainda aposta nos avanços tecnológicos como meio para que os professores possam fazer um trabalho mais personalizado com cada aluno, ao mesmo tempo que esse ensino se dará de maneira mais colaborativa, como no modelo das salas de aulas invertidas.

“Por meio de ferramentas computacionais, os professores conseguem com maior rapidez identificar os pontos fortes e fracos de cada um de seus alunos, permitindo a personalização do ensino. Tal personalização não significa que o aluno irá estudar sozinho, mas sim em grupos com demandas e interesses semelhantes, em um trabalho altamente colaborativo”, explica Sérgio.

“Para estimular essa interação, os professores devem propor projetos onde os estudantes tenham de resolver problemas reais aplicando os seus conhecimentos. Desafio, cotidiano e realidade são palavras chaves em qualquer proposta de trabalho”, conclui o estudioso.

Empresa paraense aposta em miriti, realidade virtual e apps para transformar educação

Em Belém, essa proposta de criatividade aliada à tecnologia para tentar um ensino mais desafiador, atrativo e próximo das rotinas das crianças e jovens de hoje em dia já ganha contornos: uns virtuais e outros bem reais, a partir da tradicional matéria-prima do miriti.

No início deste ano, a empresa Interceleri começou a desenvolver o projeto dos óculos de realidade virtual Miritiboard, que será ferramenta para ensinar geometria e matemática por meio da projeção de cenários mundiais, como a Torre Eiffel, em Paris, ou o Coliseu, em Roma.

Os óculos fazem parte do projeto chamado Aluno Explorador e tem como objetivo oferecer mais estímulos para o aprendizado.

Óculos de realidade virtual misturam inovação na educação e sustentabilidade. Foto: Interceleri/Divulgação

“Quando o aluno olhar a Torre Eiffel, por exemplo, ela irá se converter em uma pirâmide, com uma mini-aula de geometria. Depois, a imagem se converte em 2D e o aluno poderá classificar aquelas formas geométricas para que, depois, no cotidiano dele, ele possa ter aquele reconhecimento geométrico sem os óculos”, detalha Walter Júnior, sócio-diretor da Interceleri e professor de pós-graduação de Gestão de Tecnologia da Informação da Universidade Federal do Pará (UFPA).

“Queremos proporcionar uma visita a uma cidade que ele nunca esteve e a partir daí apresentar processos da geometria. É um processo transversal que irá trazer muito benefício e muita motivação para os alunos. E isso que falta, motivação para os estudantes”, continua Walter.

Parceira da empresa global Google na região Norte, a Interceleri existe desde 2014 e já trabalhava a experiência da união ensino-tecnologia com o projeto “Matematicando for education”, que criou um jogo para o aprendizado da matemática e o disponibilizou gratuitamente para download como aplicativo para celulares com sistemas Android e para Iphones.

“Queremos que a tecnologia seja uma aliada da educado e não uma concorrente dela. Hoje os alunos chegam em casa e ficam brincando com o celular, acessando coisas que não têm nada a ver com o conteúdo das aulas. Nós queremos aproximar esses mundos. A sala de aula ainda está muito dessincronizada com o mundo exterior”, diz Walter.

Semelhante a Sérgio Boggio, Walter crê que a tecnologia pode oferecer oportunidades únicas para educação, como aproximar professores e alunos e realizar um acompanhamento mais individual dos estudantes.


Alunos aprendeream a fabricar o molde do Miritiboard na 8ª Feira Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação. Foto: Divulgação

“A tecnologia proporciona um ambiente em que o professor possa fazer uma gestão mais eficiente, seja mais proativo com o aluno. Por meio de plataformas, ele pode, por exemplo, ter uma visão melhor de quais alunos estão entregando as tarefas enviadas. A partir daí, trabalhar os motivos pelos quais algum aluno não as entregou. Podemos enviar simulados e testes e avaliar, em tempo real, como eles estão se saindo. É possível fazer uma intervenção direta a partir dos resultados proporcionados por essas tecnologias”, comenta o professor.

Outra ideia do projeto com os óculos Miritiboard é inserir imagens de cenários regionais nas plataformas de realidade virtual para que estudantes e usuários do recurso de outros países podem conhecer as paisagens daqui.

“Queremos fazer imersões de realidade virtual no Ver-o-Peso, na praça Batista Campos, Arquipélago do Marajó. Assim como nós queremos ver as paisagens deles, eles poderão ver as nossas paisagens. Para os estrangeiros é fantástico ver toda nossa cultura”, explica Walter.

O equipamento Miritiboard também despertou interesse em países como Holanda e Estados Unidos por trabalhar com o ideal da sustentabilidade, já que a matéria-prima do miriti - parte da árvore da palmeira Mauritia flexuosa - “só é usada quando o braço da árvore cai”, como explica Walter, além de ser um material mais barato e menos agressivo para o meio ambiente que o plástico, por exemplo.

O aplicativo “Matematicando” é gratuito e está disponível na Apple Store e na Google Play Store.


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