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Entrevista com assessor especial Rafael Moreira

Criar uma “política de Estado” para tratar do desenvolvimento da Indústria 4.0 no Brasil é umas das principais ações que garantirá a capacidade do País de competir com outras nações como Alemanha, Estados Unidos e China. Nesse sentido, o Ministéri

Criar uma “política de Estado” para tratar do desenvolvimento da Indústria 4.0 no Brasil é umas das principais ações que garantirá a capacidade do País de competir com outras nações como Alemanha, Estados Unidos e China.

Nesse sentido, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) criou o Grupo de Trabalho da Indústria 4.0, no fim de julho deste ano, que tem o objetivo de propor uma Estratégia Nacional para a Indústria 4.0.

Além disso, o ministério é responsável pelo programa “Brasil Mais Produtivo”, que tem oferecido oficinas e capacitações - em áreas como tecnologia e eficiência energética - para empresas de todo Brasil, inclusive no Pará.

Para saber como está o panorama da Indústria 4.0 no Brasil, o DOL conversou com o Assessor Especial para a Indústria 4.0 do MDIC, Rafael Moreira.

1) É possível, hoje, ter uma visão sobre o panorama da Indústria 4.0 no Brasil? Existem setores que, no geral, estão na frente nos avanços tecnológicos?

Foi criado no Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) o GTI 4.0, que tem como objetivo formular uma proposta de Agenda Nacional para a Indústria 4.0 no Brasil. Para a confecção da visão, metas, ações e iniciativas, o GTI conta com a participação de mais de 40 entidades empresariais convidadas, bem como membros do governo, sociedade civil organizada, academia, dentre outros atores.

O Brasil tem grande poder de mobilização e liderança em alguns setores, mas também gargalos tecnológicos em outras áreas. Algumas indústrias brasileiras já se posicionam em alto grau de maturidade da indústria 4.0, mas tendem a ser a exceção. De modo semelhante, algumas instituições de pesquisa estão no estado-da-arte de várias tecnologias habilitadoras, mas há fraca conexão com o tecido industrial. É um desafio complexo equilibrar as demandas de curto prazo das indústrias brasileiras e os investimentos necessários em pesquisa e desenvolvimento para a geração de novas tecnologias para a indústria 4.0 no médio e longo prazo.

Do ponto de vista de setores econômicos mais preparados para a indústria 4.0, podemos citar os setores eletroeletrônico, automotivo, máquinas e materiais elétricos. Na outra ponta, os setores que menos utilizam as tecnologias da indústria 4.0 são calçados, vestuário e minerais não-metálicos. Mas independentemente dos setores econômicos, a principal diretriz que vem emanando nas discussões tem a ver com medidas mais horizontais, que impactem a indústria de uma forma mais abrangente, melhorando os níveis de produtividade das empresas de forma geral.

2) Diz-se que digitalização é o primeiro passo para a indústria entrar no novo patamar tecnológico da 4.0. Você poderia nos explicar sobre esse processo?

Do ponto de vista técnico, uma etapa importante da utilização das diversas tecnologias na indústria 4.0 (big data, IoT, automação, robôs industriais, machine learning, etc) passa pela organização dos processos na fábrica com consequente “digitalização”. A digitalização pode se dar por diferentes formas e camadas de aplicação na indústria, isto é, se se queira adotar uma comunicação entre equipamentos de uma linha de produção, ou integrar os sistemas de controle das máquinas na fábrica com o sistema de gestão das empresas, controlando todo o fluxo de produção e os dados de gestão da companhia; ou até mesmo incluir uma produção completamente automatizada com o uso de robôs industriais.

Enfim, há diversos níveis de complexidade na trajetória de uma empresa rumo à indústria 4.0, mas organizar os processos e minimamente digitalizar a fábrica, conectando uma parcela inicial do processo produtivo por meio de sistemas e softwares, é o primeiro passo, ao que chamamos do primeiro degrau da empresa na caminhada para se tornar uma indústria 4.0.

3) A implementação da Indústria 4.0 parece um processo que está ainda mais distante das pequenas empresas. Quais estratégias podem ser adotadas pelas pequenas empresas para avançar nesse campo? Consultorias, avaliação das tecnologias mais apropriadas?

Em toda a literatura internacional que consultamos, há uma preocupação do aumento do hiato entre as pequenas e as grandes empresas na medida em que a indústria 4.0 vai se consolidando. Assim, não só nas discussões do GTI 4.0, mas também nos diversos fóruns internacionais sobre o tema, percebe-se uma necessidade de desenho de políticas públicas que impulsionem a rápida implementação de etapas de digitalização das pequenas e médias empresas (PMEs), assim como novos modelos de negócio que venham a surgir neste novo mundo 4.0. Temos um olhar diferenciado para esta questão.

Várias medidas estão sendo sugeridas e analisadas do ponto de vista de sua execução (consultorias, avaliação de estratégias, etc), mas temos um forte viés de cooperação com o setor privado, cabendo ao governo organizar o ecossistema, fomentar basicamente algumas ações e compor com o setor privado para que haja uma rápida difusão das tecnologias para as PMEs com modelos de negócio inovadores que o próprio setor privado tem trazido no âmbito das discussões do GTI 4.0.

4) Qual risco para o Brasil de ficarmos para trás, comparados a outros mercados globais, nesse processo 4.0? Já existem gaps muito grandes entre a nossa indústria e a indústria de países como Alemanha, por exemplo? É possível reverter isso? Como deve ser feito esse esforço?

O Brasil tem gargalos tecnológicos em algumas áreas e grande poder de mobilização e liderança em outras áreas. Percebemos que algumas indústrias brasileiras já se posicionam em alto grau de maturidade da indústria 4.0, mas tendem a ser a exceção. De semelhante modo, algumas instituições de pesquisa estão no estado-da-arte de várias tecnologias habilitadoras, mas há fraca conexão com o tecido industrial. É um desafio complexo equilibrar as demandas de curto prazo das indústrias brasileiras e os investimentos necessários em pesquisa e desenvolvimento para a geração de novas tecnologias para a indústria 4.0 no médio e longo prazo.

Neste sentido, apostar em algumas tecnologias habilitadoras, bem como fortalecer o movimento da “integração” de diversas tecnologias para uma aplicação real, podem ser as ações-guia estabelecidas pelo GTI 4.0. Buscaremos estimular uma melhor conexão entre as instituições de pesquisa, as empresas responsáveis pela integração e aplicação das tecnologias e os demandantes industriais. Adicionalmente, precisamos realizar um processo de barateamento das tecnologias fundamentais para a indústria 4.0, privilegiando maior abertura comercial para que as indústrias brasileiras tenham acesso rápido e barato a diversas tecnologias já disponibilizadas em diferentes partes do mundo.

5) Por fim, você pode citar projetos nacionais que exemplifiquem avanços na implantação do modelo 4.0?

Existem vários projetos interessantes que poderia citar aqui, mas pontuaria o projeto de um fábrica-piloto (test bed) realizado com a ABIMAQ e o SENAI-SP em 2016, quando foi projetada uma linha de produção totalmente automatizada com vários ofertantes de tecnologia, utilizando-se de uma integração de soluções complexa. Para a base da pirâmide, a realização de diversas consultorias de implantação de modelos de manufatura enxuta por meio do Programa Brasil mais Produtivo, desenvolvido pelo MDIC, também serviram de um bom experimento para entender as dificuldades de organização dos processos industriais para uma posterior digitalização.

(DOL)

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