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“A devoção mariana está na raiz do povo paraense”, diz Dom Alberto Taveira

O Arcebispo Metropolitano de Belém Dom Alberto Taveira Corrêa, 67 anos, está comandando, pela oitava vez, a maior procissão Mariana do mundo. Discreto, Dom Taveira é capaz de falar horas seguidas sobre temas como evangelização, fé e religiosidade, mas rec

O Arcebispo Metropolitano de Belém Dom Alberto Taveira Corrêa, 67 anos, está comandando, pela oitava vez, a maior procissão Mariana do mundo. Discreto, Dom Taveira é capaz de falar horas seguidas sobre temas como evangelização, fé e religiosidade, mas recua diante de perguntas mais pessoais. Questionado sobre a preparação para a maratona de compromissos nesta época do ano, afirma que essa é a rotina de um bispo e logo retorna ao assunto da evangelização. Nesta entrevista ao DIÁRIO, ele fala sobre sua adaptação à Belém, sacrifícios físicos durante o Círio e deixa uma mensagem para os fiéis que se preparam para a romaria deste domingo, 8 de outubro.
P O senhor acompanha o Círio como arcebispo há oito anos. Ainda se emociona ou se acostumou com a grandiosidade da festa?

R O Círio não é uma questão de emoção. É diferente. O Círio é um acontecimento de igreja e de evangelização. É um processo de anúncio do evangelho, de valorização da devoção à Nossa Senhora. Então ele é vivido pelo bispo e por todas as pessoas que aqui trabalham nessa perspectiva da evangelização. A emoção é natural, humana, quando se fica feliz de ver tanta gente junta, mas se fica mais feliz ainda quando se pode anunciar a palavra de Deus, quando vejo que as pessoas acolhem a pregação, rezam juntas.

P E o Círio é uma oportunidade extraordinária para a evangelização...

R Sem dúvida alguma, porque o Círio é um dos fenômenos mais significativos do mundo daquilo que a gente chama de piedade popular. E a igreja considera a piedade popular, ou religiosidade popular, como um caminho de evangelização. Então, as procissões que fazemos, as visitas da imagem peregrina, a pregação da palavra de Deus, a quinzena do Círio. Tudo isso, consideramos como oportunidade única de evangelização. Nós chegamos ao coração do povo e temos essa devoção mariana, que está na raiz do povo paraense.

P O tema deste ano é Maria, “Estrela da Evangelização”. Por que esse tema?

R A Arquidiocese de Belém realiza neste ano a sua assembleia de pastoral, então a evangelização é considerada uma graça, um privilégio mais importante da missão da igreja. Foi em função dessa perspectiva que eu escolhi uma frase que é tirada da exortação apostólica do Papa Paulo VI, a respeito do anúncio do Evangelho e o Papa usou essa expressão “Maria é a Estrela da Evangelização”. Onde chega a presença da palavra, a oração, o exemplo de Maria, abre-se a portas para a Evangelização. Ela sempre conduz a Jesus que é o senhor e salvador. O tema é justamente para que ela seja essa estrela, que nos mostra o caminho.

P O que mais lhe chama a atenção nessas manifestações religiosas populares durante o Círio?

R O que mais me chama a atenção é o fato de as pessoas participarem e o fato de demonstrarem terem dentro do seu coração o desejo de uma proximidade com aquilo que é sagrado. A imagem, a corda, as procissões são ícones do Círio. Isso significa que são coisas físicas, mas que nos mostram uma realidade que é maior do que o físico. A corda para nós expressa o desejo das pessoas de estarem perto de Deus. Eu trabalho muito ressignificando constantemente os ícones do Círio.

P Algumas pessoas, durante o Círio, chegam a fazer sacrifícios físicos para demonstrar sua fé, pagar uma promessa. Como o senhor avalia essas manifestações?

R É a escolha das pessoas. Às vezes, elas querem manifestar, fisicamente, por meio de um gesto de penitência, a sua gratidão a Deus e seu pedido de graça. Eu nunca poderei ir contra essa escolha das pessoas. Eu prefiro que as pessoas façam outros gestos como, por exemplo, a caridade para com os mais pobres. Mas eu respeito quem quer fazer esses gestos penitenciais, justamente porque vejo muita seriedade e muita dedicação.

P Como foi a sua adaptação nesses oito anos como arcebispo de Belém? O senhor se sentiu acolhido pelos fiéis paraenses?

R Imediatamente. Quando a gente é nomeado bispo de um lugar, a gente segue um princípio que está no apóstolo São Paulo: “Fiz-me um com todos para ganhar o maior número possível”. Então, imediatamente chegando aqui, eu vivi a vida aqui, os costumes, as práticas, o jeito das pessoas se comportarem, o jeito de agir. Entro na realidade em que as pessoas estão. Desde a nomeação, minha preocupação era florescer onde Deus me plantasse e é isso que tento fazer.

P Isso se refere em hábitos do dia a dia. Por exemplo, Tomar açaí e tacacá, o senhor gosta?

R Sim. Essas coisas são normais da alimentação nossa, mas a minha tônica não é essa. A minha tônica são as pessoas. Isso é mais importante para mim.

P Nessa época de Círio, o senhor enfrenta uma maratona de compromissos. Como o senhor se prepara?

R Se você me acompanhar o ano inteiro, vai ver a preparação (risos). Porque a maratona é o ano inteiro. Não vou para uma academia fazer um exercício especial para esta época. Continuo a minha vida normal. É o ano inteiro cheia de empenhos e faço aquilo que está programado. Hoje estou desde 5 da manhã em atividade. Não parei. É uma coisa atrás da outra, mas isso não é só no Círio. É o ano inteiro.
P Que mensagem o senhor gostaria de deixar para os fiéis em mais um Círio?

R Quero que todos se sintam acolhidos e que o Círio seja essa grande família de mais de dois milhões de pessoas. Lembrar a todos que a preparação deve ser principalmente espiritualmente: a participação na missa, a escuta da palavra de Deus, a confissão, a participação da quinzena nazarena, quando nós temos missas todos os dias. Todos os anos, eu convido bispos de todo Brasil que veem para pregar. Então o Círio não é só o domingo. É todo um evento religioso.
P E tem também um forte víeis cultural ...

R Porque religioso é que ele se torna cultural. A fé faz cultura. Quem gera a cultura do Círio é exatamente a experiência da fé cristã. Meu desejo é que todos os romeiros, peregrinos, a população de Belém e os paraenses que moram fora e vem para cá nesta época, se sintam muito em família. Eu experimento nesses anos de Círio como as pessoas se sentem bem. Na chegada do Círio, eu fico ali perto do Colégio Santa Catarina. Enquanto tem gente passando, eu fico abençoando, apertando as mãos. Eu sei que para muitas pessoas essa é a única oportunidade de ver o bispo. Então agradeço muito a Deus por essa oportunidade de estar tão próximo das pessoas. Uma vez, em uma peregrinação em uma casa penal, uma pessoa me disse ‘vou encontrar o senhor no Círio’ e um tempo depois, no meio da multidão, recebi um aperto de mão, um agradecimento com alegria. Isso é que vale para mim.

(Rita Soares)

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