Paciente precisa de autorização para transplante

Pouco mais de um mês após o apelo feito pelos familiares de Ana Lúcia Duarte, 52 anos, que aguardava desde abril autorização para transplante de medula óssea para tentar a cura da leucemia, outro paraense denunciou a demora na autorização de um procedimento semelhante por parte de um órgão público.

Desta vez, o alvo de crítica é a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), que estaria descumprindo uma medida judicial e atrasando o procedimento que pode salvar a vida do paciente Edson Veloso Filho, 55 anos, internado no Hospital AC Camargo, em São Paulo. Veja o desabafo de seu amigo e advogado da família:

Em entrevista ao DOL, a filha de Edson, Manuela Veloso, também lamentou o problema: "O meu pai já está em São Paulo, ele já fez todos os exames prévios ao transplante, só aguardando para fazer o transplante. Ganhamos a liminar e enviamos para a Sesma no dia 10 de setembro. A Sesma está descumprindo a ordem do juiz e não tá fazendo; não está dando a mínima (importância) para a situação. E o meu pai segue lá, com insuficiência renal, fazendo quimioterapia... Ele tem que fazer urgentemente o transplante!", desabafou.

Ainda de acordo com ela, seu irmão está em São Paulo acompanhando o pai e o procedimento que deve ser feito é "transplante de medula óssea autólogo", em que, resumidamente, a medula do paciente é injetado em si mesmo após passar pro processos químicos.

Família pede prisão de secretário

Com a demora da resposta da Sesma, a família de Edson decidiu pedir a prisão do secretário municipal de saúde Sérgio Figueiredo. O pedido foi protocolado na manhã da última sexta-feira (16) na 1° Vara da Fazenda de Belém. a expectativa da família é que o pedido fosse aceito pelo juiz na sexta-feira (16), mas com ele está viajando, a decisão deve ficar para a próxima segunda-feira (19).

Resposta da Sesma

Em nota envida na manhã deste sábado (17), a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informou que que o paciente Edson Viana Filho "jamais protocolou ou solicitou verbalmente perante esta Secretaria qualquer pedido de custeio de seu tratamento no hospital A C Camargo em São Paulo".

Ainda de acordo com a nota, a Sesma afirma que "foi surpreendida com o mandado de segurança o qual, em decisão liminar, obrigava a Secretaria a custear todo o tratamento do paciente em SP, para que o mesmo pudesse realizar transplante autólogo de medula óssea. A Sesma esclarece também que de acordo com os fatos narrados pelo próprio paciente, o mesmo estava realizando o tratamento no Hospital Saúde da Mulher em Belém, através do Plano de Saúde Unimed, no entanto, por algum problema de ordem privado, entre o Hospital Saúde da Mulher e Unimed, o plano deixou de promover/autorizar o tratamento do paciente, o qual foi encaminhado pelo seu médico particular à cidade de São Paulo, para atendimento com médica do Hospital A. C. Camargo, sendo que, este Hospital mais uma vez pediu autorização para Unimed Nacional, a qual negou o atendimento", explicam.

Por fim, a Sesma afirma ainda que ao mesmo tempo em que o paciente ajuizou ação contra o município, também judicializou contra o Plano de Saúde Unimed e que após contato da Sesma com o Hospital A. C. Camargo, no setor de contas particulares, o município de Belém foi informado que o tratamento do paciente estava sendo devidamente custeado pela Unimed, em hospital conveniado ao plano de saúde do paciente, informação esta, devidamente confirmada pela Unimed através de documentação anexadas a petição de informações prestadas no Mandado de Segurança e que confirmam a autorização e o atendimento ao paciente.

As informações, no entanto, foram refutadas por Manuela Veloso, que afirma que seu pai segue sem a confirmação de transplante e que o tratamento feito por médicos em Belém foi questionado e criticado em São Paulo. De acordo com ela, a expectativa é que o juiz do caso dê o parecer até segunda-feira (19) e que a Sesma, primeira a receber a liminar, tenha que cumprir a determinação judicial.

A reportagem do DOL tenta entrar em contato com a assessoria de imprensa da Unimed para saber o posicionamento da empresa sobre o caso.

Outro caso

Em agosto, A demora era causada por dois dos planos de saúde da família: o da Unimed e Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Pará (Iasep), que demoraram a liberar o procedimento de transplante. Segundo su filha, Ana Lúcia Duarte "passa bem dentro do esperado. Apenas com náuseas, reações da quimioterapia.

A previsão mínima de internação é de 30 dias. Agora estamos na fase da imunosupressão, baixa imunidade. Isso vai melhorar com a pega da medula, que deve ocorrer nos próximos 15 dias", disse confiante.

(DOL)