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Entre riscos e prazeres: trair ficou mais fácil com o auxílio da internet

“Eu traio desde meu primeiro namorado, quando tinha 16 anos, até hoje. Se meu desejo bater, eu prefiro ir lá e viver isso, matar a vontade”. É com essa sinceridade que a profissional liberal, casada e com filho, hoje com 31 anos, admite algo tão comum, ma

“Eu traio desde meu primeiro namorado, quando tinha 16 anos, até hoje. Se meu desejo bater, eu prefiro ir lá e viver isso, matar a vontade”. É com essa sinceridade que a profissional liberal, casada e com filho, hoje com 31 anos, admite algo tão comum, mas, obviamente, quase nunca revelado. Com a garantia de que não será identificada na reportagem, ela conclui o raciocínio. “A pior traição é aquela que fica só no desejo. Uma boa razão para trair é a rotina e provar que eu posso conseguir aquilo que eu desejo”, analisa.

A personagem não é a única e hoje, com o auxílio da internet e sites específicos que incentivam casos extraconjugais, a facilidade para que isso ocorra é grande. De acordo com o site de traição Ashley Madison, com alcance mundial, o Brasil é o segundo país com mais usuários inscritos em seu domínio, atrás apenas dos Estados Unidos. A rede de relacionamentos afirma ter 1,5 milhão de brasileiros cadastrados, atraídos pela promessa de uma “pulada de cerca” com discrição, já explícita no slogan estampado na página inicial. “A vida é curta. Curta um caso”.

Os motivos para tamanho alcance foram avaliados pelo diretor da plataforma, Ruben Buell, ao site Engadget. “Muitos casais estão sem sexo, mas querem manter a família”, explica ele, que ainda destaca ser o ambiente de trabalho o principal concorrente do negócio virtual. “Não coloque sua carreira em risco junto com seu casamento”, diz.

A diferença de sites assim é a garantia da discrição dada aos usuários, diferentemente de outras ferramentas virtuais como o Tinder, mais popular entre os jovens, em que é mais fácil ser reconhecido e “julgado” pela sociedade que tem a monogamia como padrão. “Ainda não é geralmente aceitável socialmente. O que achamos ridículo, honestamente”, afirma o diretor.

Apesar disso, o Ashley Madison já enfrentou problemas e acusações em um passado recente de vazamento de dados e de ter robôs como perfis, ao invés de usuários cadastrados, algo considerado superado pela empresa.

Em uma busca no Google, outros sites oferecem o mesmo serviço, como o Extraconjugais.com, que tem o slogan “Tenha um caso hoje!” e o Chegoupegou.com.br, que diz em sua página inicial “Encontre sexo casual perto de sua casa!”.

Quando a traição é descoberta...

Se a facilidade e o apelo virtual seduzem o traidor, o mesmo não se pode dizer de quem é traído. Em Belém, o detetive JB, como é conhecido, com 29 anos de atuação no mercado, oferece serviços de investigação de casos extraconjugais. Segundo ele, são cinco a seis casos de infidelidade por mês que chegam ao escritório, uma procura de ambos os sexos. “Ninguém gosta de ser traído”, define.

JB explica que conseguir as provas da traição pode levar de três dias a um mês, tudo documentado com filmagem e fotos. Os custos, para quem prefere terceirizar o serviço, ao invés de fuçar smartphones, carteiras e bolsos de roupas, variam de R$ 3 mil a R$ 5 mil. “Tudo documentado a distância, sem infringir a lei, na rua”, garante.

Para o detetive, a traição não aumentou com a chegada desses sites e internet. “Sempre foi do mesmo jeito. É do ser humano, não mudou muito”, pontua. JB só não fica a vontade para contar detalhes dos flagrantes, em nome do sigilo da profissão, mas destaca que é preciso também atuar com psicologia junto ao contratante. “Geralmente já vamos preparando essa pessoa psicologicamente, até para evitar algo mais grave. Mas ela já espera, até porque já existe a desconfiança e a mudança de comportamento”.

A universitária S., de 20 anos, conta que não precisou chegar a esse ponto para descobrir as duas traições de que foi vítima e contou com o auxílio da própria web para isso. “Na primeira vez, eu lembro de ter chorado um dia inteiro até cair no sono de noite. Nos dias seguintes, eu me afastei das duas pessoas envolvidas na traição. Mas a dor foi cruel”, lembra, sobre a infidelidade descoberta no WhatsApp.

“Me traiu com a minha melhor amiga de infância. E como ela imaginava que eu nunca ia descobrir, me emprestou o celular para enviar uma mensagem, aí chegou mensagem dele na hora e eu achei estranho, fui ler a conversa. Aí eu vi tudo”, relata.

“Na segunda, não faz tanto tempo, eu acabei descobrindo as mensagens no celular. Eu chamei ele para conversar e disse que já sabia de tudo. Ele ficou assustado sobre como eu tinha descoberto. Me pediu perdão. Eu perdoei, mas não reatei”, afirma. A universitária destaca que, nesse caso, ainda soube que o ex-amado arrumou a amante no site de relacionamentos Tinder. “Tanto que foi de um print que ele enviou para um amigo que eu consegui achá-la nas redes sociais”, explica.

Outro que sentiu na pele as dores da infidelidade iniciada no meio virtual é o professor L., 19 anos. “Para mim é tão óbvio ele entrar nesses sites que eu nunca pensei a respeito”, diz. “Mas ele não admitiu a traição. Na hora da conversa eu tava pleno, mas depois eu fiquei triste”, admite aos risos de quem já superou o fim do romance.

ENTREVISTA

A psicóloga Daniela Athayde, 25 anos, respondeu algumas questões sobre o tema “traição”. Acompanhe.

P- POR QUE TANTAS PESSOAS BUSCAM O AMBIENTE VIRTUAL PARA TRAIR?

R - Esse ambiente transmite uma sensação de falsa segurança. O indivíduo tende a se sentir mais seguro em se expor. Esse meio também permite que ele mostre apenas o que ele quer, montando uma imagem que por vezes não condiz com a realidade. Tem também a facilidade de se relacionar virtualmente, não precisa sair de casa e se expor em local público, ele pode fazer isso no conforto e “segurança” de estar atrás de um celular e computador.

P - O QUE LEVA UMA PESSOA A TRAIR?

R - São diversos fatores. Os mais presentes nos relatos são a baixa autoestima, uma forma de se sentir desejado pelo outro, faz bem pra ele. É uma forma de se autoafirmar. Também tem a questão da falta de comunicação entre os casais que, às vezes, não se sentem à vontade para falar de suas relações, aí fica com medo, inseguro, medo de ser julgado, então não fala sobre suas preferências, o que gostam; aí ele tende a procurar isso fora. A Internet permite isso. A procura por essas relações é a busca por algo que só traga prazer, que seja livre de
cobranças, da rotina.

P- QUAL O PERFIL DESSA PESSOA QUE BUSCA RELACIONAMENTO NA INTERNET, MESMO COMPROMETIDA?

R - São pessoas mais discretas que encontram nesse meio virtual essa facilidade, porque não precisam se expor publicamente.

P- COMO A PESSOA TRAÍDA GERALMENTE REAGE?

R - Alguns vão sentir raiva, outros tristeza, alguns vão querer brigar, chorar. O mais importante, após o primeiro impulso, é conversar com o parceiro sobre isso, tentar entender o que aconteceu. É importante tentar estabelecer essa comunicação. Às vezes ele vai procurar na rua o que não encontrou no relacionamento. Às vezes a pessoa quer é afeto, um vínculo emocional, porque está em um relacionamento enfraquecido.

P - É POSSÍVEL PASSAR POR CIMA DE UMA TRAIÇÃO?

R - Sim, vai depender muito de cada um. De como a pessoa vai lidar com isso, como o casal vai lidar junto.

(Luiz Octávio Lucas/Diário do Pará)

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