Leoni traz a Belém show com pura poesia

Mais emotivo e romântico que o repertório de Leoni é difícil de encontrar e o músico ainda conta, em entrevista ao TDB, que tem se dedicado à poesia, parcerias musicais com o poeta paulista Fabiano Calixto e a canções de outros compositores que acabaram ganhando seu coração após uma turnê com o show “Multiversos”. Um pouco disso tudo está presente no show em formato voz e violão que ele traz à Belém, amanhã, às 22h, no La Musique.

“É um show cheio de sucesso, para o pessoal cantar junto. Reúno minhas músicas mais conhecidas, alguns covers que coloquei no ‘Multiversos’ – show que faço em teatro –, mas que eu gostei tanto de tocar que levo pra esse show em Belém”, diz Leoni, referindo-se a canções de Legião Urbana, Caetano Veloso, Roberto Carlos, Paralamas do Sucesso e Belchior. “Alguns são compositores que me formaram, me ajudaram mesmo, são ídolos, como é o caso do Caetano, do Raul Seixas e do Herbet, do Paralamas”, completa.

Vindas desse show em que Leoni mescla poesia, canções e projeções, as músicas tinham sido originalmente escolhidas e agrupadas por assunto dos poemas e dialogavam ainda com suas próprias canções. “Mas aí fui gostando de tocar. Começaram a ficar um pouco minhas, já não são mais dos outros, vou me apropriando tanto de arranjo como do jeito de tocar”, ele conta. E, assim, pode-se esperar boas companhias para canções já tão queridas do público como “Garotos II”, “Só Pro Meu Prazer”, “Por Que Não Eu?”, “Exagerado” e “Como Eu Quero”.

A última vez que o cantor esteve em Belém foi ainda no ano passado e ele se diz feliz em voltar com esse repertório de sucessos e tendo ótimas lembranças tanto do público quanto da própria cidade. “Eu adoro Belém e a musica daí. Sou muito fã do Felipe e do Manoel Cordeiro”, comenta. Segundo ele, no último trabalho que lançou, o álbum “Notícias de Mim”, se inspirou na música dos dois paraenses na hora de compor “Cave Canem”. “Tentei meio que ir pro lado da música do Felipe, algo parecido, e é claro que não fui bem (risos), ficou meio um ska com carimbó (risos)”, brinca.

Leoni está em uma fase mais poética e romântica do que nunca

Foi em uma van, a caminho de um show no Rio de Janeiro, que Leoni atendeu à ligação da reportagem do TDB para uma entrevista, afinal, além da agenda na música, ele agora também anda levando uma vida universitária. Ele está cursando Letras, e conta que isso inclusive o tem inspirado a escrever – “um ou talvez dois” – livros de poesias. “Ao mesmo tempo, tenho trabalhado em algumas canções, ainda bem embrionárias, para um projeto que não sei o que vai ser. Algumas parcerias com o poeta Fabiano Calixto. Não sei se vai ser show ou disco”, diz ele.

No foco desse projeto ainda embrionário estão “esses tempos obscuros e estranhos que a gente está vivendo no Brasil e no mundo”, segundo ele, que aposta na arte como uma ferramenta da qual nunca se deve abrir mão. “Nesse momento de crise a arte é ainda mais importante pra apontar caminhos que a gente não está vendo, de valores, ética, política também, acho fundamental. A gente vê o mundo como está, lucro acima de tudo, corrupção, tudo inspirado pela racionalidade. Legal se virar para esse lado da experiência humana, mais afetiva, espiritual, estética. Acho que pode sair algo mais feliz daí”, analisa.

Leoni já vinha tateando um caminho na poesia desde o lançamento de “A Margarida Mostrando os Dentes” (Editora 7 Letras), em 2015, um minilivro de 24 páginas, costurado à mão e que fez parte de uma coleção especial da editora. “(...) crepúsculo de um prazer vertiginoso/em que não me perdi distante não vi/o amor me esperando na aurora ninguém/me ouviu no escuro nunca fui tão feliz”, escreve Leoni em um dos poemas, que ainda tem compartilhado em sua fanpage junto a de outros poetas que agora tem lido com frequência, como Antonio Cícero e Cláudia Roquette-Pinto.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)