Bruno Araújo marca 20 anos de carreira com show

Longe de Belém há mais de 10 anos, o músico e compositor paraense Bruno Araújo está de volta para a gravação do seu primeiro DVD, em comemoração aos 20 anos de carreira.Com um estilo musical eclético – ele começou no samba, passou pelo reggae e depois seguiu para o rock –, ele reúne no trabalho um pouco de cada uma dessas produções. Entre as canções inéditas, o cantor e também compositor traz novas misturas, desta vez, entre o reggae, o rock e o carimbó, em busca de uma música contemporânea. A gravação do DVD ocorre amanhã, às 20h, no Teatro Gasômetro, pelo projeto Parque Musical.

De acordo com o cantor, o trabalho marca uma nova etapa em sua carreira, feita de quatro CDs gravados com as bandas que formou em Belém antes de partir para morar no Rio de Janeiro. “É meu primeiro trabalho solo e eu estou muito animado, inclusive por retornar a Belém para apresentar esse trabalho, justamente aqui, onde tudo começou”, afirma o músico.

No repertório do show, entre as releituras de músicas que fizeram sucesso por aqui, estão “Vou Pra Ilha”, “Paisagem” e “O Recado”, reggaes que fizeram parte da sua passagem pela banda Sevilha. E entre as inéditas, está “Carimbó Mundi”, com letra de Calibre. Segundo Bruno, “um carimbó misturado com um pouco de reggae e rock”, com a ideia de descobrir um som novo, misturando música eletrônica com vários estilos.

“Eu digo que é um projeto world music (música para o mundo). É algo bem diferente, com arranjos modernos, em uma concepção totalmente nova”, descreve Bruno.

Também há a inédita “Carimbera”, uma parceria com o percussionista Rafael Barros, em que fala do carimbó e da capoeira. “Eu fiz a gravação dessa música quando vim ano passado a Belém, para levar para a Alemanha e fazer uns shows lá”, conta. Agora, a canção entra no DVD e conta com a participação dos cantores Rodrigo Morgado e Andrey Gorayeb. “Eles tocaram no grupo Extravagância comigo, quando comecei a tocar profissionalmente. Fizeram muito parte da minha vida”, comenta Bruno.

A terceira inédita ainda não está pronta, mas já é certa, garante o músico. Ela será uma parceria com a banda Ponto de Equilíbrio. “Eu sou amigo do baterista, Lucas Kastrup, a gente se conheceu no reggae do Rio de Janeiro, quando ele também foi fazer música por lá”, conta. Em todas as canções, ele afirma trazer influências da música popular brasileira, do jazz e também do rock mundial. Bob Marley, Manu Chao e Nação Zumbi foram algumas das principais inspirações do novo trabalho.

“É um show inédito e único. Depois de 10 anos eu volto a Belém, mais maduro, com um estilo musical arrojado e autoral. Eu estou muito feliz comesse retorno. Depois da gravação vamos correr pelos festivais de todo o Brasil. Já tenho shows agendados na Europa também. A ideia é seguir pelo mundo todo com esse novo projeto”, diz Bruno.

O show contará com vários músicos já conhecidos pelo público paraense em sua banda base: Marcel Barreto (guittarista), Calibre (baixista), Tiago Belém (baterista), Rafael Barros (percussionista), Jó (trombone), Alexandre Pinheiro (saxofonista) e Marcelo Negrão (teclados e programação).

Muitas experiências musicais trouxeram maturidade

Nascido em Belém, Bruno Araújo começou a estudar música aos sete anos de idade, no Conservatório Carlos Gomes, e aos 17 já tinha dado os primeiros passos na carreira profissional. Foi vocalista da banda Extravagância (samba), depois Sevilha (reggae) e Floresta Sonora (rock). Todos esses trabalhos, segundo ele, foram fundamentais para ajudá-lo a amadurecer musicalmente. “O samba foi meu primeiro estilo musical e me ajudou muito na questão de ritmo. No Sevilha, eu comecei uma fase de compor e escrever minhas próprias músicas e no Floresta eu passei a entender mais de estúdio”.

A paixão pela música veio de família. O pai tinha um violão em casa, mas não sabia tocar. Os irmãos já frequentavam aulas no Conservatório Carlos Gomes e acabaram sendo um incentivo para o cantor entrar no universo musical.

Além de cantor e compositor, ele é multi-instrumentista, tocando arcodeon, violão, bandolim, guitarra, sanfona, piano, banjo, cavaquinho e percussão. E foi da mistura de estilos e ritmos nos trabalhos que fez na música que Bruno se reinventou.

“Depois de passar por essas bandas em Belém, fui morar no Rio e continuei trabalhando com música de outra forma, em estúdio, fazendo trilha sonora, dando aula em escolas de música, tocando com artistas de vários estilos, desde sertanejo até rock e reggae”, conta.

Bruno também diz que nos últimos anos viajou bastante pelo Brasil e pela Europa, em projetos próprios ou acompanhando outros artistas. “Decidi voltar para gravar esse DVD aqui porque mais da metade da minha vida como músico foi tocando aqui”, ele afirma.

E o cenário que encontrou em Belém foi bem diferente do que lembrava, conta Bruno. “Percebo que a música do Norte tem ganhado mais espaço na mídia no Sudeste e no país como um todo. Mas também recordo que quando estava começando teve ‘boom’ tanto no rádio quanto na imprensa do que as bandas autorais andavam fazendo na cidade, surgiam bandas em toda esquina, em todos os ritmos, reggae, samba, as pessoas estavam muito a fim de fazer música autoral e a gente foi para fora tocar com vários artistas. O resultado é que principalmente na categoria autoral, eu vejo que a gente cresceu bastante”, diz ele.

Voltando a olhar este cenário de dentro, a partir da capital paraense, Bruno quer lançar seu DVD comemorativo ano que vem. “E, de repente, vir a Belém para shows de lançamento. A ideia é vir pelo menos uma vez por ano a Belém, em vez de passar dez anos longe. Conhecer outros lugares me amadureceu muito, mas também me sinto ansioso para voltar”, comenta Bruno, antecipando que nos ensaios para a gravação do DVD o clima já tem sido de reencontro com a turma da cena local.

De Volta

Show de Bruno Araújo Gravação do DVD comemorativo pelos 20 anos de carreira

Quando: Amanhã, às 20h.

Onde: Teatro Gasômetro (Av. Governador Magalhães Barata,830).

Ingressos: R$20 (antecipado) / R$40 (no dia)

Pontos de venda: As Mulatas (Pátio Belém e Castanheira), Ná Figueiredo e bilheteria do Teatro Gasômetro.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)