Crônicas da Bola: analise situação da seleção brasileira

É preciso ir além do tatiquês!

Uma brincadeira que viralizou no Twitter pedia que os usuários elencassem cinco opiniões impopulares sobre determinado tema. No caso do futebol, houve uma enxurrada de críticas a Tite, técnico da seleção brasileira, que tentou justificar o injustificável empate contra o Panamá com um palavreado rebuscado, claramente para disfarçar a falta do que dizer. Ele teve também defensores, entre os quais o jornalista Dassler Marques, da Folha de S. Paulo, que disse que a torcida merecia o Dunga, por causa da “patrulha” ao Tite.

Bom, estou do lado dos “corneteiros” nessa. Primeiro porque há um problema de origem aí. Dunga não é e nem nunca foi um técnico de futebol. Ele “esteve” no cargo, apenas isso, uma entre tantas lambanças da CBF. Não ter entregado um desempenho bom (em que pese as conquistas de uma Copa América e uma Copa das Confederações), era até esperado. De Tite, este sim um treinador, e, diga-se, um dos mais incensados pela imprensa - a paulista, sobretudo, pela sua ligação com o Corinthians -, é possível cobrar com mais critério.

Além disso, meus amigos, no dia em que cobrar da seleção brasileira, no mínimo, uma goleada sobre Panamá e não passar sufoco, como ontem, contra a República Tcheca, for considerado “pegar no pé” ou “perseguição”, realmente poderemos decretar o fim do escrete canarinho. O fato é que o Brasil de Tite teve apenas um momento de brilho - nas Eliminatórias. Na Copa e depois dela, assistimos a atuações fraquíssimas, uma atrás da outra.

Defendo então a demissão do treinador? Ainda não. Mas Tite precisa mostrar resultado, precisa fazer o seu time jogar bola. Ele já teve o seu período de lua de mel, quando ninguém ousava critica-lo - muitos ainda não o fazem. Agora, pro casamento continuar, é necessário mais do que discurso empolado e tatiquês. O torcedor quer ver essa teoria linda que o técnico tanto prega na prática, dentro de campo.

Até porque a relação do torcedor com a seleção já não é a mesma. Muitos nem ligam mais, não há identificação alguma com um time que só joga em outros continentes e nunca por aqui, com jogadores que só passaram uma chuva em nossos times e foram despontar lá fora anos mais tarde. Sem contar com esse fator, essa simpatia imediata, o mínimo que se espera é uma atuação decente, despertar o prazer em ver a amarelinha jogar. Se não conseguirem, fica difícil.

enho pra mim que Tite, inclusive, já teria caído se o Brasil jogasse por essas bandas. Imaginem um 1 a 1 com o Panamá em algum estádio brasileiro... A frieza de locais neutros, como Porto, Londres ou algum canto da Ásia, joga a favor do técnico. Por isso vai ser interessante ver como a seleção vai se comportar na Copa América, em solo brasileiro, pois, apesar desse “estranhamento” (ou seria melhor dizer “distanciamento”), todos nós temos, sim, um carinho pela seleção. Ele está guardado, pode até se manifestar pouco, aqui e ali, em época de Copa, talvez, mas existe. E Tite e seus comandados precisam estar à altura dele.

Obrigação Papão precisa jogar bonito

Vai ser interessante observar o jeito do Paysandu jogar a partir de agora com Léo Condé no comando técnico. Sim, porque o motivo dado pelo presidente Ricardo Gluck Paul para a demissão de João Brigatti foi a falta de um bom desempenho em campo e de evolução tática/técnica, mesmo com resultados sendo obtidos. Então poderemos esperar pelo mesmo critério de avaliação quanto ao trabalho de Condé? Ou, nesse caso, vencer sem convencer será suficiente e tudo não terá passado de mero discurso? A conferir.