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ESPORTE PARÁ

Fiel vê com bons olhos 'reaproximação' do clube com o torcedor

Desde tenra idade que Helison da Costa Alves cultiva o hábito de frequentar estádios de futebol. Inicialmente levado pelo pai, depois por conta própria. Mas, nos últimos anos, o morador do bairro do Guamá, de 37 anos, diminuiu sua ida aos jogos do Paysand

Desde tenra idade que Helison da Costa Alves cultiva o hábito de frequentar estádios de futebol. Inicialmente levado pelo pai, depois por conta própria. Mas, nos últimos anos, o morador do bairro do Guamá, de 37 anos, diminuiu sua ida aos jogos do Paysandu. Motivo: ele passou a fazer parte do exército de desempregados, que chega hoje a cerca de 14 milhões de pessoas no Brasil. Sem renda mensal, Helison, como tantas outras pessoas em situação parecida, acabou priorizando as necessidades mais básicas em detrimento do lazer o que, segundo revela, é bastante sentido por ele.

Agora, com o lançamento do projeto “Paysandu Alegria do Povo”, em parceria com o Núcleo de Responsabilidade Social, da Universidade da Amazônia (Unama), o Papão almeja beneficiar 500 torcedores de baixa renda, que passarão a ter acesso de graça aos jogos do time. Entre os contemplados poderá estar Helison, cujo último emprego, há dois anos, foi em um mercadinho do bairro onde mora. Neste caso, o torcedor voltará a acompanhar as partidas do seu Paysandu, colado ao inseparável radinho de pilha, que lhe serve de alento para não ficar tão afastado dos jogos do time do coração.

“Sem grana para pagar entrada, venho acompanhando os jogos pelo rádio, mas tenho esperança de ser beneficiado por esse projeto maravilhoso”, sonha Helison. A possibilidade de voltar a ocupar espaço nas arquibancadas fez com que centenas de torcedores bicolores procurassem na semana passada à Curuzu para providenciar o cadastramento no projeto, que de início era visto com ceticismo por parte do público-alvo. “As pessoas não estavam acreditando. Essa foi a primeira reação que percebemos”, revela Kátia Primavera, aluna do curso de Serviço Social da Unama e cadastradora do projeto.

A descrença fez com que das 500 inscrições aspiradas inicialmente pelo clube, que pretende chegar a 1.000 no futuro, pouco menos de 200 torcedores, em dois dias de cadastramento, procuraram a Unama e, depois, o próprio clube. Com a grande repercussão do projeto em mídia nacional e, principalmente, nas redes sociais, a tendência é de que a iniciativa deslanche de vez e seja até adotada por clubes de outros centros do país, forçados pela cobrança de pessoas que, como Helison, não podem usufruir dessa prática de lazer, a mais popular entre os brasileiros, por não contarem com recurso financeiro suficiente.

EM NÚMEROS

500 torcedores - A princípio, essa é quantidade de torcedores que serão beneficiados pelo projeto. Mas o número pode dobrar no futuro.

Um respiro ao bolso e lazer garantido

Camila garante que assiduidade nos jogos do Papão vai melhorar com o projeto. (Foto: Arquivo Pessoal)

Para a atendente Camila Joice Pergentino Moreira, de 28 anos, o projeto em relação ao torcedor bicolor de baixa renda caiu como uma luva. Apaixonada por futebol desde criancinha, segundo conta, a torcedora do Paysandu ainda festeja o fato de ter se cadastrado na iniciativa, estando mais perto de deixar de pagar ingressos em alguns dos jogos de seu time em 2019. Assalariada, Camila, que trabalha em um ponto de táxi próximo a um dos grandes supermercados de Belém, instalado no bairro de Batista Campos, acredita que agora poderá frequentar os estádios com mais assiduidade.

“Não vou com mais frequência aos jogos do Paysandu justamente por causa da falta de grana”, revela a torcedora. “Às vezes acontece de o horário dos jogos ser incompatível com o do meu trabalho, mas o que ocorre na maioria das vezes é mesmo a falta de dinheiro”, afirma Camila. “Pra quem ganha um salário mínimo, como é o meu caso, fica muito difícil, praticamente impossível ir a um grande número de partidas. Se fizesse isso as entradas dos jogos consumiriam quase a metade do que recebo no final do mês. Para completar, ainda moro de aluguel e aí agrava mais a situação”, salienta.

A torcedora, que começou a frequentar os estádios, levada por um tio torcedor bicolor, revela que tomou conhecimento do projeto “Paysandu a Alegria do Povo” por intermédio de uma amiga. “Vi uma postagem dela no WhatsApp e procurei me informar mais sobre o assunto”, conta. Ela confia que a ideia veio para beneficiar quem é mesmo torcedor, mas que não podem acompanhar mais efetivamente o time. “São muitos os casos de pessoas que gostariam de estar no estádio, incentivando o time, mas que não têm o recurso necessário. Com esse projeto pelo menos parte desse problema será a solucionado”, aponta.

DESPESAS ELEVADAS

- No último Brasileiro da Série B, o Paysandu fez uma média mensal de quatro partidas em casa, com o ingresso de arquibancada sendo vendido ao torcedor ao preço de R$ 20. Além do valor da entrada, o torcedor que não dispõe de veículo próprio ainda precisa reservar dinheiro para, no mínimo, duas passagens de ônibus, o que representa um gasto de R$ 6,60 a cada partida. No final do mês juntando os valores dos bilhetes e do transporte o gastos do torcedor saiu durante o Nacional por R$ 106,40, sem levar em consideração que quase sempre ocorrem outras despesas, como o lanche, por exemplo. Para quem ganha um salário mínimo, hoje no valor de R$ 954,00, as despeças com o futebol consumiram 12,2% do recebido no final do mês.

- “É um gasto que realmente não permite a quem é assalariado gastar tanto com o futebol. É preciso escolher este o aquele jogo para ir ao estádio”, ressalta a torcedora Camila Pergentino. Se quem já tem uma renda mensal baixa já reclama do montante, imagine quem vive de bico ou está desempregado, como é o caso, por exemplo, do torcedor Helison da Costa, há dois anos desempregado. “Gostaria de estar mais presente nos jogos, mas a despesa é grande pra quem tem a situação financeira como a minha”, lamenta Helison da Costa.

(Nildo Lima/Diário do Pará)

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