Aposta bicolor mostra potencial e ganha destaque no time profissional

A declaração de Guilherme Alves, após a goleada sofrida pelo Paysandu (4 a 0) diante da Ponte Preta-SP, na semana passada, aumentou ainda mais a responsabilidade do lateral-esquerdo Diego Matos, de 21 anos. De acordo com a avaliação do treinador, após a partida, o defensor foi o único entre os atletas utilizados por ele, a se entregar em campo. Com tanta moral com o “patrão”, Diego passou a ter lugar cativo no time, pelo menos enquanto estiver jogando a bola redondinha que vem mostrando desde que foi acionado pela primeira vez pelo técnico, no decorrer do confronto com o Guarani-SP, pelo Brasileiro.

A surpresa de Alves e, principalmente, os elogios dele ao seu comandado são cada vez maiores. “É um jogador diferente”, resume o comandante bicolor. Sobre uma eventual saída do lateral da equipe, Alves é taxativo: “É difícil, porque enquanto esse menino tiver a atitude que vem tendo, não dá para tirar”, ressalta o treinador. Se para muita gente o enaltecimento do atleta feito por Alves poderá até prejudicar o jogador, para o ex-treinador de Diego na base, Rogério Gameleira, isso só deve ajudar a melhorar ainda mais a auto-estima do atleta.

“Todo tipo de elogio para um garoto, como o Diego, que está começando na carreira, a meu ver, é um fator positivo”, afirma Gameleira. “Cabe a ele saber assimilar, com os pés no chão e a cabeça no lugar, os elogios que vem recebendo”, recomenda o técnico da base bicolor. Conhecendo o atleta como conhece, Gameleira tem certeza de que o sucesso que vem fazendo com a camisa do Papão não subirá à cabeça da cria bicolor. “Ele é um garoto, assim como o Pikachu, que tem uma boa estrutura familiar e, com certeza, não vai se deixar levar pela empolgação”, confia.

O próprio lateral já mostrou em entrevista à imprensa, aliás, a primeira que deu como profissional, que é mesmo equilibrado e consciente. Falou como um jogador maduro, dando sinais de que realmente sabe o que quer na vida profissional. “Vou procurar me dedicar ao máximo pra agarrar a oportunidade que estou tendo”, prometeu o jovem defensor.

DIEGO MATOS

Nome: Diego Daniel Rodrigues de Matos
Nascimento: 08/01/1997
Naturalidade: Belém
Posição: lateral-esquerdo
Jogos pelo Paysandu: 4
Estreia: Paysandu 1 x 0 Guarani-SP

Cartão de visitas dado em apenas quatro jogos

Lateral-esquerdo Diego Matos mostra potencial em seus primeiros jogos no time adulto profissional do Papão e reafirma valor dos atletas da base regional (Foto: Jorge Luiz/Paysandu)

Foram poucas as partidas disputadas por Diego Matos pelo Paysandu até agora. Para ser mais exato, foram apenas quatro, num total de 302 minutos em campo. Mas, surpreendentemente, em tão curto tempo, o lateral já conseguiu cair nas graças não só do técnico Guilherme Alves, mas também da Fiel. O jogador já é apontado como a principal revelação do futebol local e candidato ao trono deixado pelo ex-ídolo da torcida, Yago Pikachu. Com tanto prestígio, a permanência do jogador na equipe é inquestionável por torcedores e pelo próprio técnico.

“O Diego é mais uma prova de que o jogador local deve ter a sua oportunidade”, afirma o engenheiro elétrico, Carlos Rodrigues Santana. “A base do Paysandu já revelou uma porção de jogadores, mas os caras (dirigentes) continuam importando, deixando o jogador da casa em segundo plano”, acusa. Já o pedreiro Célso Martins Filho destaca a qualidade técnica do atleta. “Ele tem um bom domínio de bola e troca bem os passes, além de ser um jogador que se doa em campo”, elogia.

Quanto ao fato de o ex-técnico do time, Dado Cavalcanti ter preferido apostar nos laterais Mateus Müller e Carlinhos, que passa mais tempo no Departamento de Saúde, do que em Diego, o torcedor Luis Augusto Souza, estudante, faz uma consideração. “Isso deveria servir de reflexão para os nossos dirigentes, que parecem fazer questão de importar jogadores. O caso do Diego é mais uma lição”, dispara.

Potencial para ser um novo Pikachu

O futebol de entrega mostrado por Diego Matos com a camisa do Paysandu, segundo quem conhece bem o atleta, no caso Rogério Gameleira, treinador da base do clube, de onde saiu o defensor, ainda não é tudo o que o garoto tem a mostrar à Fiel bicolor. Gameleira aposta todas as fichas de que o defensor, que até agora fez apenas quatro partidas pelo Papão, ainda tem muito futebol a desenvolver na Curuzu. “Ele jogou poucas partidas. Por isso acho que a tendência é o Diego evoluir ainda mais com uma sequência maior de jogos, apesar de ele ter um concorrente forte, que é o Guilherme Santos”, diz Gameleira sobre o outro lateral-esquerdo que ainda nem estreou.

Mas, o pouco tempo de Diego como titular da equipe principal já enche de confiança o seu ex-treinador do sub-20. “Acho que aí é que ele tem de mostrar que tem condições de jogar, que tem qualidade e que poderá até almejar coisas maiores na carreira”, avalia Gameleira. Para o funcionário do Papão, o lateral tem tudo para seguir os passos de Yago Pikachu, jogador que saiu das divisões de base da Curuzu para brilhar, hoje, com a camisa do Vasco da Gama-RJ.

“Ele tem todas as condições pra isso. É um garoto que gosta de aprender, é um garoto disciplinado, fazendo o que se manda. Também é insistente em chegar aos objetivos que ele pretende”, avalia. “Ele tendo continuidade, vai render muito mais e poderá seguir o caminho do Pikachu”, diz. O retorno de Guilherme Santos deve ser positivo para Diego, na visão de Gameleira. “O Guilherme jogou em grandes equipes, então o Diego sendo o titular vai comprovar que também reúne condições”, salienta.

É de pequeno que se torce o pepino

Craque de bola se conhece desde pequeno. Que o diga a família do lateral-esquerdo Diego Matos. De acordo com o pai do atleta, Daniel Bandeira de Matos, 50 anos, balanceiro no mercado do Ver-o-Peso, o filho, desde os sete anos de idade, já mostrava habilidade com a bola nos pés, se mostrando um futuro jogador profissional.

“Desde os sete anos, em uma escolinha de futebol aqui do conjunto, ele já mostrava potencial e se destacava”, conta Daniel Bandeira, se referindo ao residencial Xingu, em Belém, onde o jogador mora com a família.

O início da carreira do defensor, como recorda o pai, foi em um clube dos funcionários da Sespa. “Ele jogava na escolinha da Cresespa quando houve um amistoso do sub-13 contra o Paysandu e o técnico Antônio Teles viu que o Diego se saiu bem e convidou o meu filho, que tinha de 11 pra 12 anos, pra treinar no Paysandu”, lembra. E logo em sua chegada à Curuzu, para orgulho do pai, da mãe Rosana Rodrigues e da irmã Danielly, torcedora fervorosa do Papão, o garoto foi logo colocando a faixa de campeão sub-13, mesmo tendo 12 anos.

O curioso é que no time da Cresespa, Diego era dirigido pelo próprio pai. O bom momento vivido pelo atleta na Curuzu só faz encher de orgulho a família Rodrigues.

Até mesmo o cunhado do lateral, Renan, que é torcedor do Remo, não deixa de acompanhar os jogos de Diego. “Ele participa de tudo e dá o maior incentivo”, conta Daniel Bandeira. Com o filho em alta cotação, o pai do atleta conta que os telefonemas de empresários não param de tocar. “Isso faz com que eu, a mãe dele e a irmã pensem bastante nessa situação”, admite.

Tendo Pikachu como exemplo, Daniel Bandeira acredita que o lateral-esquerdo tem todas as condições de, no futuro, chegar a um clube de ponta do futebol brasileiro. “Potencial ele tem para chegar a um grande clube”, afirma.

O pai agradece ao técnico Guilherme Alves. “Com ele as coisas começaram a mudar. É um treinador que conhece futebol e viu que o Diego sempre se dedicou muito”.

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(Nildo Lima/Diário do Pará)