Após eliminação inédita, azulinos precisam ver onde erraram e corrigir a rota

O planejamento montado pelo Clube do Remo para essa temporada, em que a principal meta resultaria na conquista de títulos, foi colocado em xeque, após a eliminação precoce da equipe na Copa Verde, na quarta-feira passada (14), para o Manaus-AM. Para amenizar o impacto, o treinador Ney da Matta apontou a sequência do trabalho como solução para a oscilação e falta de competitividade que o seu grupo vem apresentando ao longo do ano. Contudo, a saída azulina da competição, que era encarada como prioridade dentro do esboço feito pelos responsáveis de futebol, evidenciou problemas graves no plantel azulino, o que pode comprometer ainda mais os objetivos, caso não sejam reparados.

O principal deles é a incógnita quanto à definição tática e técnica da equipe. Nos setes jogos oficiais do Remo no ano, Ney da Matta mexeu na escalação titular em cinco oportunidades, além de outras três relacionadas ao sistema de posicionamento, alternando entre o 4-4-2 e o 4-3-3. Essa falta de padronização, fez com o que o técnico armasse o seu conjunto em meio a mistérios, conforme as adversidades que encontraria pela frente, em vez de priorizar o entrosamento de uma só vez. Como consequência, o Remo deu adeus à competição regional, que fará falta aos remistas, seja a curto ou longo prazo.

Em um primeiro momento, a ausência do Leão na Copa Verde será sentida pelo calendário. Por ser um ano de Copa do Mundo, as datas oficiais de partidas foram antecipadas, dessa maneira, o time deixou de contabilizar confrontos em casa, o que geraria receita para os cofres da instituição. E o fator financeiro, é o que mais pesará na sua eliminação. Embora a premiação do torneio não seja tão significativa, cerca de R$ 270 mil ao vencedor, no entanto, o campeão do certame cai de paraquedas nas oitavas de final da Copa do Brasil do ano seguinte, desembolsando mais de R$ 2 milhões somente de cota.

Além disso, o Remo enfrenta o Internacional-RS, em mais um jogo decisivo, na próxima quarta (21), pela Copa do Brasil. Aqui, o clube paraense não é o favorito e, caso não haja zebra, verá mais uma competição ficar pelo caminho, abdicando de mais uma boa quantidade de grana. Entretanto, mesmo com a pressão, a comissão técnica mantém o tom otimista. “Não podemos nos dar por vencidos só por essa partida (Manaus). Ainda tem muita coisa pela frente. A eliminação era algo que a gente não esperava, para ser sincero. A equipe nossa tem qualidade e vamos procurar mostrar isso contra nossos próximos adversários”, disse Ney da Matta.

FALHAS AZULINAS: FATORES QUE CULMINARAM NASDERROTAS/ELIMINAÇÃO DO CLUBE DO REMO

Falta de padrão tático: a insistência de Ney da Matta em fazer testes na sua equipe em véspera de jogos, não tem dado certo. A cada duas partidas, o comandante alterna peças no time titular, além do próprio esquema tático. Essa falta de definição tem deixado cada vez mais a equipe confusa, dando um ritmo de jogo desorganizado e sem objetividade. As mexidas, aliás, pouco surtiram efeito, uma vez que o time não demonstra evolução dentro de campo.

Grupo comum: embora as contratações dos atletas para essa temporada tenham sido feitas a dedo, respaldadas na experiência dos profissionais, o fato é que o Clube do Remo conta com um plantel extremamente comum. Nenhum jogador demonstrou qualidade para trazer a responsabilidade para si em momentos de adversidade. A equipe do Manaus-AM, por exemplo, que conta com a folha salarial equivalente a metade dos azulinos, embora não conte com nenhuma estrela, possui no elenco três jogadores raçudos, como o meio-campista Hamilton, que ajudou o time a eliminar os remistas.

Desamparo do Cifazul: uma das ferramentas do Clube do Remo para essa temporada, foi a implementação do Centro de Inteligência de Futebol Azulino (Cifazul), no suporte de coleta de informações de seus adversários. Contudo, sempre que entra em campo, o time parece não conhecer nada do rival, principalmente nos jogos fora de casa. Dessa maneira, o Remo acaba indo para o jogo às cegas, desenvolvendo a estratégia em cima da hora. As mudanças repentinas do treinador apontam isso.

Estratégia ineficaz: nas últimas quatro partidas do Clube do Remo, a comissão técnica optou por fazer mistério nos treinamentos. Apesar da artimanha, a equipe sempre apresenta a mesma proposta de jogo, além da limitação no setor de criação. Além disso, o rival sempre sabe como desestabilizar o Leão.

Poder de reação: com exceção do clássico Re-Pa, onde o Clube do Remo conseguiu reverter o placar e sair vitorioso, nas duas derrotas sofridas até aqui os azulinos não exibiram, sequer, poder de reação. O mesmo é valido para o empate de quarta-feira. Sempre que ameaçada, a equipe desmonta taticamente. Essa falta de raça pode prejudicar a equipe nos jogos fora de casa.

(Matheus Miranda/Diário do Pará)