Estrela do Pará brilha na seleção brasileira de vôlei

O primeiro contato de Naiane Rios, 22 anos, com o vôlei foi aos seis anos de idade, ainda em Belém. A levantadora da seleção brasileira passou por uma escolinha no Sesi, juntamente com a irmã. Depois, as duas seguiram para a Tuna Luso, onde a atleta paraense conta que a paixão pelas quadras se firmou.

Naiane passou por quase todos os times de Belém, mas aos 15 decidiu que precisava realizar mais sonhos e seguiu para o Rio de Janeiro, onde jogou no Macaé. Em pouco tempo foi chamada para o Pinheiros de São Paulo, onde passou três anos. O ingresso na seleção brasileira chegou quando ela ainda era adolescente, onde atuou na base infanto-juvenil. Foi lá que a levantadora se deu conta que precisava se manter para um dia chegar na seleção principal, onde agora faz parte do time de Zé Roberto Guimarães.

A atleta já teve a oportunidade de jogar dentro de casa, diante da torcida paraense, no amistoso contra a República Dominicana, em junho deste ano, no Mangueirinho. Na ocasião, o carinho e respeito dos torcedores e fãs da atleta podiam ser vistos em todos os cantos do ginásio. Atualmente ela joga no Barueri e divide a rotina com os treinos pesados e a saudade da família que mora na capital paraense, mas reservou um tempo para esta entrevista exclusiva que você confere a seguir.

Quando saiu de Belém, já existia a expectativa de chegar à Seleção brasileira?
Antes de ir jogar em algum time fora de Belém eu fui para a seleção, então o sonho ficou ainda mais forte, porque precisava me manter lá dentro.

Para o time principal da seleção, você foi convocada quando? Foi uma surpresa?
Fui pré-convocada em 2016. Foi muita surpresa, já que era ano de Olimpíada e eu nunca pensei que tão nova pudesse participar da preparação com a seleção adulta em ano olímpico. Foi um presentão.

Em algum momento em Belém chegou a ter algum tipo de incentivo do Governo?
Sim, mas também lembro que nessa época era tudo bem amador. A gente se virava.

Como você vê a falta de apoio aos esportistas?
É triste, porque quando isso acontece são muitos sonhos anulados. Sei que eu ficaria frustrada de não poder jogar um campeonato brasileiro, sem visibilidade.

Quais os planos para o restante deste ano?
Por enquanto o foco é seleção, aproveitar essa reta final para fazer uma boa Copa dos Campeões, no Japão, em setembro. Na volta pro clube, tem a Superliga.

Não ter sido convocada para a Olimpíada de 2016 te deixou desapontada?
Não, de maneira nenhuma.

Os teus fãs vibram com o fato de você levantar a bandeira LGBT. Ainda existe preconceito no esporte? Como você lida?
Existe sim. Eu nunca sofri nenhum tipo de preconceito, mas continua sendo um grupo social, então, existe sim. No esporte como um todo.

Quando você veio jogar este ano, em Belém, várias adolescentes demonstraram o carinho e inspiração que sentem por você. Qual mensagem você deixa para essas meninas que sonham em jogar na seleção brasileira?
Se for mesmo um sonho, não desista. É muito difícil pra gente que vem do Norte conseguir jogar o profissional, mas existem exemplos de pessoas que conseguiram. Mas fica aqui um apelo para o Governo, onde ele dê continuidade ao trabalho de formação, é isso que traz esperança.

(K.L. Carvalho/Diário do Pará)