Dívidas são heranças malditas para Remo e Paysandu

Remo e Paysandu conquistaram, mesmo com defasagem estrutural, boas colocações em rankings nacionais pelos feitos de suas torcidas. Maiores médias de público, de arrecadação... nesses quesitos, não é raro ver os times bem posicionados entre clubes da primeira divisão. No entanto, Leão e Papão voltaram a figurar em um ranking entre os 20 maiores do País, mas por uma marca que ninguém gostaria de estar associado – endividamento. Os clubes foram os únicos representantes do Norte do Brasil na relação de 20 maiores agremiações de futebol devedoras do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), segundo a Procuradoria Nacional da Receita Federal.

A 15ª colocação do Paysandu e a 16ª colocação do Remo colocam os times em um patamar de endividamento superior ao Santos-SP, Sport-Pe e Goiás-GO – equipes com estrutura e histórico de investimentos e gastos muito superior aos times parenses. A dívida do Papão, R$ 11,7 milhões, é cerca de R$ 1 milhão menor que a do Cruzeiro, um dos maiores clubes do País!

NEGLIGÊNCIAS

Os débitos com a Receita Federal, muitas vezes, são efeito não de uma gestão específica, mas da falta de cuidado ao longo de seguidas gestões. O principal fator de aumento das dívidas é justamente a aplicação de juros e multas sobre os valores não pagos, que elevam os valores originais a números muito superiores.

As dívidas dos clubes por todo País é estimada, no total, pelo Ministério da Fazenda em mais de R$ 2 bilhões. As tentativas de propiciar às agremiações que quitem os débitos somam mais de 20 anos em iniciativas frustradas.

Débitos não são de hoje

Embora encarar os números frios possa ser chocante para a torcida, o tamanho da dívida de Remo e Paysandu com a União não é um número desconhecido dos clubes. “Essas dívidas são muito antigas, são referentes a falta de recolhimento que o clube não fazia”, explica o diretor jurídico do Paysandu, Alexandre Pires. “Os valores estão parcelados pela Lei que regulamenta o Profut. Esses compromissos de pagamentos estão todos contabilizados junto ao planejamento orçamentário do Clube”, explica Gilmar Nascimento, diretor jurídico do Remo.

Tanto Leão quanto Papão tem na adesão ao Profut o caminho para quitar sua dívida. O Paysandu se antecipou na busca das certidões negativas e na inscrição no programa, se tornando o primeiro clube do Norte do País a aderir, em 9 de junho de 2016.

A antecipação permitiu ao Paysandu, inclusive, reduzir o seu prazo final para pagamento de 240 para 193 parcelas. “Toda a dívida com o INSS está incluída no Profut e o clube vem pagando regularmente o valor mensal. Não temos dívidas novas com a Previdência pois recolhemos todos os meses, após o desconto dos funcionários”, explica Alexandre Pires.

CLUBE DO REMO

Já no Remo a situação é mais recente. Embora o clube tenha tentado se inscrever no Profut desde 2016, a confirmação da inscrição no programa veio apenas em fevereiro de 2017.

O parcelamento e redimensionamento das dívidas do clube levou o Leão Azul a contratar os serviços de uma firma de contabilidade para uma auditoria na instituição. O prazo para o início do pagamento ainda não começou, mas o clube tem trabalho pra executar os pagamentos de forma regular. O atraso nesse programa prevê punições ao clube – entre elas rebaixamento e exclusão de competições.

(Taion Almeida/Diário do Pará)