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Jogadoras emitem carta aberta à CBF cobrando melhores condições

A demissão de Emily Lima do comando da Seleção Brasileira de futebol feminino Emilly Lima e a repatriação de Vadão ao cargo de técnico seguiu sendo repercutida nesta sexta-feira. Através das redes sociais, experientes jogadoras do elenco verde e amarelo e

A demissão de Emily Lima do comando da Seleção Brasileira de futebol feminino Emilly Lima e a repatriação de Vadão ao cargo de técnico seguiu sendo repercutida nesta sexta-feira. Através das redes sociais, experientes jogadoras do elenco verde e amarelo emitiram uma carta aberta à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), demandando melhores condições de trabalho, em nome de todas as praticantes da modalidade no país.

O texto, escrito também em inglês, foi assinado por Marcia Tafarel, Sissi, Juliana Cabral, Formiga, Cristiane, Fran, Rosana e Andréia Rosa. Ressaltando a “tristeza e a angústia” das atletas, a publicação atenta para a situação do futebol feminino no território brasileiro e cobra igualdade de gênero no esporte.

Leia mais: Cinco atletas se aposentam da Seleção após demissão de Emily

Vou tentar resumir o sentido desta carta aberta feita por nós, atletas e mulheres. Não é uma afronta ou uma briga. É apenas o direito de termos espaço e sermos ouvidas. Foram anos de dedicação e luta por parte de todas. E de várias tentativas de sermos ouvidas. Mas essa chance nunca chegou, e nem se teve espaço para tal. Espero de coração que depois dessa carta vocês nos deem a oportunidade de mudar a modalidade como sempre pedimos e sempre sonhamos. Não é um sonho só meu, é um sonho de milhares de meninas que buscam servir a seleção brasileira e ter sua modalidade reconhecida e respeitada dentro do seu país. É o orgulho de saber que nossa luta não será em vão e que vamos de alguma maneira poder ajudar quem precisa. Obrigada pela oportunidade de servir meu país durante todos esses anos. Obrigada por me dar a chance de conhecer e trabalhar com as melhores atletas e profissionais. De vestir essa camisa que tem um peso enorme e de poder mostrar ao mundo o quanto temos talento e o quanto podemos fazer, mesmo com tão pouco. Vou continuar de fora tentando fazer o máximo possível para que haja espaço dentro da nossa modalidade, que haja pelo menos uma chance de tentar ser diferente e assim podendo ter o reconhecimento que tanto sonhamos.

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Junto da carta aberta, as jogadoras não deixaram de expor sua visão individual sobre o tema. Foram relacionados alguns casos recentes de machismo dentro do futebol, além do texto enviado para o presidente da CBF, Marco Polo Del Nerto, no dia 19 de setembro, em que as integrantes da Seleção pediam para que Emily Lima retornasse às funções de treinadora.

Confira a íntegra da carta aberta composta pelas atletas do Seleção Brasileira de futebol: 

Nós, ex-jogadoras da seleção brasileira de futebol feminino (SBFF), estamos muito tristes e angustiadas pelos recentes acontecimentos na CBF no que concerne o futebol feminino e a nossa seleção brasileira, que incluem:

– O tratamento pobre das mulheres como líderes e jogadoras por muitos anos. Esses são apenas os mais recentes exemplos: a técnica Emily Lima, apesar do apoio das jogadoras, expressado em carta para a CBF, dia 19 de setembro, foi abruptamente demitida; e cinco jogadoras de destaque – Cristiane, Rosana, Andreia Rosa Francielle e Maurine – se aposentaram, exaustas dos anos de desrespeito e falta de apoio.

– O fracasso da CBF ao longo de vários anos em providenciar oportunidades significativas para as jogadoras avançarem até a liderança – mesmo quando nós ganhamos nossas qualificações de técnicas, a um alto custo e com o encorajamento da CBF. Até agora nós tivemos uma ex-jogadora da SBFF (Daniela Alves) trabalhando com a configuração da SBFF, e, apesar das promessas, apenas Emily Lima teve a chance de ter um papel de liderança na seleção feminina.

– A falta de mulheres em papéis de liderança na CBF; a ausência de qualquer estrutura dentro da CBF que permita que mulheres façam parte da gerência e da administração do futebol; e a ausência de voz daquelas que vivenciaram o futebol; e a ausência de voz daquelas que vivenciaram o futebol feminino, em decisões sobre o futebol feminino.

– O fracasso em apoiar e estimular o futebol feminino em todos os níveis do esporte, desde a grama do campo até o Brasil como um todo. Nós, as jogadoras, investimos anos das nossas próprias vidas e toda a nossa energia para construir essa equipe e criar toda essa força que o futebol feminino tem hoje. No entanto, nós e quase todas as outras mulheres brasileiras, somos excluídas da liderança e das tomadas de decisão relativas à nossa própria equipe e ao nosso esporte.

Nós convidamos a CBF a trazer reformas de igualdade de gênero para o Brasil. No ano passado, a FIFA fez grandes reformas, como a inclusão obrigatória de mulheres em seu próprio Conselho, e a adição de mulheres em todos os níveis de administração do futebol. Membros como a CBF são obrigados a levar em conta a importância da igualdade de gênero na composição de seus órgãos legislativos.

A CBF ainda não tem nenhuma mulher no seu conselho de administração. Não há quase nenhuma mulher na sua assembleia legislativa e administração senior. Não há nenhum caminho relevante para ex-jogadoras entrarem na CBF e ajudarem a gerir o próprio jogo delas.

Nos últimos anos, nós temos vivido e assistido horrorizadas enquanto as mulheres brasileiras foram negligenciadas pela CBF. Os eventos da última semana — onde as vozes das jogadoras foram ignoradas, e algumas agora estão se aposentando em protesto — são o resultado de um longo histórico de portas fechadas.

Enquanto alguns validamente escolhem permanecer dentro da equipe e buscam mudar a partir de dentro, o fato de jogadoras terem que fazer tal escolha traz à tona alguns problemas mais graves. Isso nos deixou decididas a falar sobre isso e exigir uma mudança. É chegado o tempo da CBF rever as suas práticas, em linha com as reformas e os princípios da FIFA.

Especificamente nós pedimos a CBF que:

(1) Respeite as reformas internacionais de governança, incluindo mulheres em todos os níveis de tomada de decisão, especialmente no seu Conselho.

(2) Construa um caminho inclusivo para o jogo para as mulheres que praticaram o esporte durante toda a vida delas, por meio da:

a) Criação de um Comitê de Futebol Feminino dentro da CBF, composto de experts em futebol feminino, e que tenha poderes para construir a estrutura de como o futebol feminino deve ser desenvolvido, organizado e gerenciado no Brasil.

b) Criação de caminhos relevantes para mulheres ocuparem posições administrativas, gerenciais e como técnicas, dentro da CBF.

Nós somos gratas pela oportunidade de ter jogado pelo nosso amado país por tanto tempo. Nós permaneceremos gratas pelo resto das nossas vidas pela chance de servir nossa nação e nossa equipe, e de chegar tão perto de realizar nosso sonho de sermos campeãs do mundo. As ações que estamos tomando agora são motivadas por um desejo de que todas as mulheres e meninas que seguem os nossos passos possam ser capazes de alcançar mais do que nós, dentro e fora do campo.

Marcia Tafarel 
Sissi do Amor Lima 
Juliana Ribeiro Cabral 
Miraildes Maciel Mota (‘Formiga’) 
Cristiane Rozeira 
Francielle Manoel Alberto (‘Fran’) 
Rosana dos Santos Augusto 
Andréia Rosa de Andrade

Fonte: Gazeta Esportiva

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