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MÚSICA

Porão do Rock celebra 20 anos de forma apoteótica; resenha e fotos

Fotos por Stephanie Hahne, texto por Ana Júlia Tolentino e Stephanie Hahne No último final de semana de Setembro, os dias 29 e 30, Brasília não foi lenha, mas incendiou. E o cenário para tudo isso acontecer foi no estacionamento do Estádio Nacional Mané G

Fotos por Stephanie Hahne, texto por Ana Júlia Tolentino e Stephanie Hahne

No último final de semana de Setembro, os dias 29 e 30, Brasília não foi lenha, mas incendiou. E o cenário para tudo isso acontecer foi no estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha, que tornou-se palco para mais uma edição do festival Porão do Rock.

Enquanto os arredores da cidade ecoavam em protestos, o lado de dentro do festival reverberou junto. Em suas comemorações de 20 anos de existência, o evento celebrou a força da música nacional em uma das suas melhores formas, levantando vozes que muitas vezes não são ouvidas por aí.

O festival foi direto em sua abordagem, agregou lados que não eram destinados exatamente à vertente do rock e abraçou os que de fato trouxeram o rock em sua forma mais visceral. Dentre os três palcos, a energia se renovava a cada atração. 

Em dois dias bastante intensos, o palco principal, que é dividido em dois, celebrou a cena de Brasília, como a banda O Tarot tocando em horário nobre, parcerias antes vistas apenas atrás dos palcos, como no show do Nação Zumbi e BNegão, e shows com coros tão fortes quanto, como na despedida do Matanza, a estreia de Cordel do Fogo Encantado no festival e os mantras das letras da Pense ecoando no palco pesado.

Para alguém que já organizou eventos e sentiu a frustração de um evento vazio, é necessário abordar novas formas de chamar o público. Tendo dito isso, a sensação desértica do Porão nessa última edição desanimou gradativamente, com o total de 15 mil pessoas. E mesmo que em pouca escala, o público foi bastante convidativo e enérgico, tão poderoso quanto as próprias atrações, vivenciando a troca de energias absurdamente incríveis em meio a um cenário de cartão-postal.

Vale dar o destaque à acessibilidade para quem precisava: o acesso aos banheiros químicos (que tinham até cabines para cadeirantes), cardápio em braile, e todos os shows tiveram tradução simultânea para libras, o que rendeu elogio das bandas, inclusive.

Porém, nem tudo são flores e os moldes continuam os mesmos a cada ano que passa. Nos últimos anos, tudo tem seguido um certo padrão, principalmente de estrutura, que muitas vezes chega a incomodar, e nessa edição não foi diferente. E fora das questões técnicas que possam ter envolvido isso, houve o fato dos intervalos entre um show e outro terem sido bastante silenciosos. Festival de música sem música no decorrer dele é sinal de que tem algo bastante errado. 

Outro tópico também a se abordar é a pontualidade dos shows, até com alguns minutos adiantados, e isso contou bastante, já que a edição anterior a essa deixou muito a desejar. Contudo, o viés é que gerou uma certa pressa para passar o som das bandas. Muitos shows com vocal baixo e guitarra lá no alto, baixo gritando e vibrando até o coração ou, por vezes, quase inaudível. Até mesmo as grandes atrações, como Braza e CPM 22, não conseguiram se safar dessa.

Abaixo, falamos um pouco sobre o festival seguindo por dia e palco, e ainda uma galeria incrível de fotos. Confira!

Primeiro dia

A responsa de abrir os trabalhos do evento ficou com a Ursa, banda de Sobradinho que está se preparando para lançar o primeiro EP. O power trio não se intimidou pela presença ainda quase nula da plateia e entregou um show enérgico, que deu início ao Porão no tom certo. Depois, dividindo os palcos principais, vieram os também locais Matamoros e Clausem Vitrola Sound, que levaram um pessoal considerável ao menos na área VIP do festival e, assim como a Ursa, não se deixaram abalar pelo número de ouvintes.

Ainda em um público consideravelmente pequeno, a banda carioca Drenna trouxe sua potência com músicas bastante intensas, em especial a versão de “Roda Viva”, de Chico Buarque. Em seguida, o rapper mineiro-brasiliense Froid, junto da cantora Cynthia Luz, fez um dos melhores shows da noite. O público, crescente no decorrer do fim da tarde, fazia coro ao som de “Sk8 do Matheus”, “Flow Lázaro Ramos” e tantas outras que sua banda, intitulada pelo rapper como Tubarão Vermelho, tocou.

Drenna no Porão do Rock 2018
Drenna no Porão do Rock 2018. Foto por Stephanie Hahne

Outra apresentação que tomou conta do palco principal foi a dos paulistas do Deb and the Mentals, banda que continua provando que sabe fazer um baita show, e em palcos de qualquer tamanho. A energia da vocalista Deborah Babilônia conquistou aqueles que estavam na grade do evento, e o set contou com canções como a incrível “Alive”, “Mantra”, “Mess” e várias outras. Ao fim da apresentação, foi possível ouvir um membro da plateia perguntando pelo nome do grupo, que já estava de saída. A banda com certeza saiu de lá com mais fãs na bagagem.

Chegando perto do horário nobre da noite, a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana trouxe uma setlist instrumental de músicas brasileiras, que vão de Zé Ramalho a Toquinho, e preparou a plateia para os shows seguintes.

Os brasilienses da banda O Tarot acalentaram a noite com grande parte do repertório do seu disco A Ilha de Vidro, e trazendo mensagens simbólicas com suas letras.

Os principais shows da noite ecoaram em protesto e muita dança, principalmente dos paulistas da Pavilhão 9 e dos cariocas da Braza, que retornaram aos palcos principais com setlists incríveis.

CPM 22 no Porão do Rock 2018-4
CPM 22 no Porão do Rock. Foto por Stephanie Hahne

Em sequência, a nostalgia rolou solta no show do CPM 22, antecedendo o espetáculo absurdo (no bom sentido) de Nação Zumbi e a participação especial do BNegão. Alternando as músicas entre um artista e outro, o show da banda pernambucana com o cantor carioca foi pura catarse, destacando a hora em que o público ficou ensandecido com a emblemática “Dança do patinho”.

Outro destaque do festival, mesmo que um tanto escondido, foi o Palco Pesado, responsável por levar diversas atrações do metal para o Porão do Rock. Por lá passaram bandas como Seconds of Noise, a excelente Deaf Kids, Project46, Cabibode, La Raza — jogando rap na mistura — e fechou com o Krisiun, que tocou para cerca de 300 pessoas.

Krisiun no Porão do Rock 2018
Krisiun no Porão do Rock 2018. Foto por Stephanie Hahne

Pelo menos no sábado, talvez por conta da localização do palco, o Pesado sofreu um pouco com a falta de público. Para as bandas isso não foi um freio, já que todos os shows foram enérgicos e insanos, a maioria com mosh pits de respeito, mesmo que com poucos headbangers.

Confira a galeria de fotos do primeiro dia abaixo:

Porão do Rock 2018 | Dia 1

Segundo dia

O segundo dia começou com menos público, e infelizmente bandas locais saíram em desvantagem. Uma delas é a Ellefantevencedora de umas seletivas do festival, que trouxe músicas do seu recém lançado disco Mansidão, mostrou segurança no palco e não perdeu o ânimo. Durante a tarde, os paraenses da Molho Negro misturaram a empolgação do palco com a acidez de suas composições, como em “Fã do Nirvana” “Souza Cruz”. Já a banda Lupa deu continuidade e fez um show com a sua cara: dançante e com músicas grudentas.

Em seguida veio o explosivo show da Francisco, El Hombre, tão necessário e tão ressoante neste momento político que vivemos. Entre gritos de “Ele Não” e canções como “Calor da Rua”, “Bolso Nada” — é claro –, “Triste, Louca ou Má” e outras cantadas a plenos pulmões, o grupo colocou fogo na plateia e levantou de vez a galera que precisava de um pique extra para o resto do festival.

Francisco, El Hombre no Porão do Rock 2018
Francisco, El Hombre no Porão do Rock 2018. Foto por Stephanie Hahne

Colada no fim da Francisco veio a estreia do Cordel do Fogo Encantado no palco do Porão, que arrastou uma boa quantidade de gente tanto na pista VIP quanto na comum. Por lá, vários olhos marejados com a performance etérea do grupo, que saiu ovacionado. No outro palco, quem tomou conta foi a Plebe Rude, celebrando seus 37 anos de estrada no estado onde nasceu. Ao executar “Até Quando Esperar”, a banda foi acompanhada pelo coral poderoso da plateia, servindo também como um grito de protesto mesmo após tantos anos de seu lançamento.

Por alguns momentos, o festival agregou lados que não eram destinados exatamente à vertente do rock, como no caso da cantora Letrux. A noite já estava bem intensa e a cantora estreou com um repertório consistente e um público fiel ao seu primeiro trabalho lançado ano passado, Letrux Em Noite de Climão.

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Letrux no Porão do Rock 2018. Foto por Stephanie Hahne

Quase ao encerramento do festival, os momentos nostálgicos se fizeram presentes na apresentação do Barão Vermelho. Com um público majoritariamente jovem, o coro por muitas vezes soava maior que a própria voz de Rodrigo Suricato, atualmente vocalista da banda. O show inteiro foi feito de grandes hits, como “Maior Abandonado”, “Down em mim”, “Bete Balanço”. Já perto do show, a plateia já estava no aguardo do headliner da noite: Matanza.

Em turnê de encerramento dos trabalhos, a banda carioca já trazia uma energia de despedida. Foi um show agitado, digno de deixar os fãs satisfeitos e conformados com o fim. Assim como o Barão Vermelho, Jimmy e companhia trouxeram os principais sucessos, desde o primeiro disco de estúdio, Santa Madre Cassino (2001), até o penúltimo, Thunder Dope (2012).

O destaque do terceiro palco foi para a banda Pense. Os mineiros tocaram pela primeira vez no festival com sensação de banda veterana. O disco Realidade, Vida e Fé, lançado em maio desse ano, predominou o setlist. O destaque foi o público ensandecido que, chamado pelo vocalista Lucas Guerra, subiu ao palco e trouxe uma energia gloriosa para o que estava perto do fim.

Pense no Porão do Rock 2018-4
Pense no Porão do Rock 2018. Foto por Stephanie Hahne

Ainda no Pesado passaram também bandas como as locais Device e DFC, mas a responsabilidade de encerrar o palco do metal ficou com Korzus, banda paulista de metal. O grupo foi recebido com um público volumoso e insano, tanto pelo repertório dos caras quanto para honrar o encerramento do palco.

Apesar de todas lacunas presentes no festival, o Porão se fez completo: sustentabilidade propagada teve êxito com um ambiente extremamente limpo, o aplicativo para celular, mesmo que em sua simplicidade, deixou tudo bem organizado pra ver o mapa e os horários dos shows, e a identidade visual incrível, com um estilo HQ atemporal e datado ao mesmo tempo, que divergiu bastante da “mesmice Pinterestiana” e rendeu ao evento um merch incrível, com cartazes, camisetas e copo lindíssimos.

Viva os 20 anos do Porão!

Confira a galeria de fotos do segundo dia abaixo:

Porão do Rock 2018 | Dia 2

Fonte: TMDQA!

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