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MÚSICA

Roger Waters chama Bolsonaro de neofascista e cita 'Ele não'

“Mãe, eu deveria concorrer à presidência? Mãe, eu deveria confiar no governo? Mãe, eles me colocarão na linha de fogo?”, cantou Roger Waters pela primeira vez em 1979, na canção “Mother”, do icônico The Wall. De lá pra cá, o Pink Floyd se manteve polít

“Mãe, eu deveria concorrer à presidência? Mãe, eu deveria confiar no governo? Mãe, eles me colocarão na linha de fogo?”, cantou Roger Waters pela primeira vez em 1979, na canção “Mother”, do icônico The Wall.

De lá pra cá, o Pink Floyd se manteve político até seu fim em 2014, e seus membros seguiram passando a mensagem em suas carreiras solos. Alguns mais, outros um pouco menos, mas sempre esteve ali. Waters, por sua vez, vira notícia de tempos em tempos por compartilhar sua posição política — a mais recente delas é sua crítica à relação de Israel com a Palestina, a qual chama de “apartheid”.

Na noite da última terça-feira (09), entretanto, uma grande parcela de fãs do músico se mostrou surpresa e decepcionada com os ideais do icônico baixista. Mesmo ele tendo os defendido abertamente nos últimos 50 e tantos anos.

Roger Waters trouxe seu show da turnê Us+Them para São Paulo, mais precisamente no Allianz Parque, e impressionou. Com estrutura completa de palco e um telão gigantesco para abrigar as incríveis projeções que permeiam a apresentação, o músico passou pelo repertório do Pink Floyd e de seu último disco solo, Is This the Life We Really Want? (2017), para agradar — pelo menos musicalmente — todo tipo de fã.

A introdução caótica, que vai de uma mulher sentada na beira do mar à uma explosão quase apocalíptica, já dita o tom do show que vem a seguir. Abrindo com “Breathe” e já mandando pedrada atrás de pedrada com hits como “Time” e “Welcome to the Machine”, Waters mostra que seus 75 anos já pesam, mas não o suficiente para pará-lo.

Depois de um ato mais tranquilo e quieto para performar suas canções solo, como “Déjà Vu” e “The Last Refugee”, o músico emocionou o Allianz com a belíssima “Wish You Were Here”, seguida de “The Happiest Days of Our Lives”, e aí veio ela… a icônica e, olha só, também política “Another Brick in the Wall”.

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Neste momento, doze pessoas encapuzadas, remetendo aos reféns de grupos como o Estado Islâmico, sobem ao palco. Na metade da performance, todas tiram o capuz e se revelam crianças, que serviram como o coral da canção. Roger Waters explicou que eram todas brasileiras e que tiveram pouco tempo para ensaiar, elogiando-as pela apresentação impecável. Ao fim da música, no telão e na camiseta das crianças, a palavra “Resist” (em português, “resistir”). E foi isso que ele fez.

Durante a pausa de 20 minutos para recuperar o fôlego, o telão gigantesco do palco exibiu uma série de frases. Uma crítica à Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, depois a Israel, depois ao neofascismo… e é aí que começou o “problema”.

Na sua lista de neofascistas em ascensão, que já citava Putin e Donald Trump, Roger Waters incluiu Jair Bolsonaro, candidato à presidência no Brasil. A divisão na plateia foi instantânea. Enquanto nas arquibancadas e pista comum começou o grito de “Ele Não”, nos arredores da pista premium a resposta veio em vaias e no coro de “Fora PT”. Segundo relatam alguns que estavam mais próximos às saídas do estádio, várias pessoas deixaram o show antes do fim.

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Roger Waters em SP 7
Foto: Stephanie Hahne/TMDQA!

O momento se repetiria ainda mais alto durante “Mother”, uma das últimas da apresentação, quando Waters exibiu de fato o #EleNão no telão. Reagindo às vaias de forma educada e um tanto surpresa, o baixista soltou:

Sou contra o ressurgimento do fascismo. E acredito nos direitos humanos. Prefiro estar em um lugar em que seu líder não acredita que a ditadura é uma coisa boa. Lembro das ditaduras da América do Sul e não foi legal.

Pouco depois, o músico revelou que esperava pela reação por conta do Brasil ser um país tão passional — e vale lembrar que Waters já foi vaiado em alguns shows nos Estados Unidos por sua crítica a Trump, que inclusive é o foco da performance de “Pigs (Three Different Ones)”. Neste momento, um porco inflável gigante sobrevoa a plateia com dizeres como “as crianças não têm culpa” e “respeitem as mulheres”, em português mesmo.

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É bom reforçar que, como em toda boa democracia, o cidadão tem direito a expressar sua opinião — seja esse cidadão um músico aclamado ou seu fã. Mas é no mínimo confuso perceber que muitos descobriram só ali, depois de pagar caro em um ingresso, que seu ídolo (agora ex?) está do outro lado. E que deixa isso claro, há muitos e muitos anos, através de suas letras, de seu show e de seu discurso. Ao mesmo tempo, me pergunto se isso teria acontecido caso Roger Waters tocasse por aqui em uma outra época, que não fosse essa tão conturbada por conta das emoções afloradas de uma eleição em andamento.

De uma forma ou de outra, seja para o bem ou para o mal, Roger Waters deu seu recado e foi finalmente entendido. Ou pelo menos assim espero.

O músico ainda toca mais uma vez em São Paulo, também no Allianz, nessa quarta-feira (10), e depois segue para Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Curitiba e Porto Alegre até o dia 30 de Outubro. Os ingressos estão à venda na Tickets For Fun.

Setlist – Roger Waters em São Paulo, 09 de Outubro de 2018

  1. Breathe (Pink Floyd)
  2. One of These Days (Pink Floyd)
  3. Time (Pink Floyd)
  4. Breathe (Reprise) (Pink Floyd)
  5. The Great Gig in the Sky (Pink Floyd)
  6. Welcome to the Machine (Pink Floyd)
  7. Déjà Vu
  8. The Last Refugee
  9. Picture That
  10. Wish You Were Here (Pink Floyd)
  11. The Happiest Days of Our Lives (Pink Floyd)
  12. Another Brick in the Wall Part 2 (Pink Floyd)
  13. Another Brick in the Wall Part 3 (Pink Floyd)

Set 2:
14. Dogs (Pink Floyd)
15. Pigs (Three Different Ones) (Pink Floyd)
16. Money (Pink Floyd)
17. Us and Them (Pink Floyd)
18. Smell the Roses
19. Brain Damage (Pink Floyd)
20. Eclipse (Pink Floyd)

Bis:
21. Mother (Pink Floyd)
22. Comfortably Numb (Pink Floyd)

Fonte: TMDQA!

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