Joanna revisita a carreira em show com apresentação única hoje

Uma das vozes femininas mais conhecidas do país, Joanna regressou aos palcos no ano passado especialmente para apresentar ao público de “De Volta ao Começo”, uma celebração aos seus 38 anos de carreira. Alegre, contagiante, com a energia de quem sabe trafegar por muitas memórias musicais e de quem aprendeu muito na sua trajetória, o espetáculo acabou tomando fôlego e mantendo-se em sua agenda, finalmente chegando agora a Belém. A apresentação, única, ocorre hoje, às 19h, no Belém Hall. Parte da renda dos ingressos será em benefício do abrigo Cidadela João de Deus, em Marituba.

O repertório traz canções como “Nos Bailes da Vida”, de Milton Nascimento; “Momentos”, que a artista assina com Sarah Benchimol; o sempre aclamado “Recado”, de Renato Teixeira, bem como “Espelho”, “Descaminhos”, “Vertigem” e “Mensagem pra Você”, grandes sucessos de sua carreira. O roteiro também comporta homenagens especiais a Lupicínio Rodrigues e a Gonzaguinha, que foi seu melhor amigo e compositor, além de outros com os quais o seu percurso se cruzou ao longo da vida, como Chico Buarque, Cazuza e Guilherme Arantes.

Em entrevista ao Você, Joanna define o show como muito gostoso de assistir, justamente por sua variedade de ritmos e compositores. “Traz meu compromisso musical de todos esses anos”, diz ela, que ainda convida para uma participação especial o cantor paraense Arthur Espíndola. Os dois já dividiram o palco no primeiro semestre deste ano, no Rio de Janeiro. “Cantar com ela é maravilhoso”, diz Arthur, que descobriu sua paixão pela voz da artista com o álbum “Joana Canta Lupicínio” (1994).

“Ela tem uma voz emblemática. E a partir daí me interessei muito e passei a conhecer os outros discos que fazem parte da carreira dela”, comenta. Os dois foram apresentados por um amigo e logo Joanna estava subindo ao palco para cantar no show do paraense, no Rio. “Cantamos juntos uma música do Lupicínio. A partir daí começou nossa ligação musical e resolvemos fazer esse show, em um momento especial, que é perto do Círio. A Joanna tem uma ligação religiosa muito grande e é muito bacana ter a oportunidade de participar de um show dela, desta vez aqui na minha cidade”, comemora Espíndola.

CÍRIO

A cantora não nega que estar em Belém nessa época é algo muito especial para ela. “Há alguns anos acabei fazendo parte da festa, que é lindíssima, emocionante. Já estar na cidade nesse clima é uma benção. Inclusive, durante o espetáculo, vou pontuar isso com a música ‘A Padroeira’, que acabou ficando para todo o sempre no coração do povo brasileiro”, diz.

A artista, que segue a doutrina kardecista, conta que viveu uma forte experiência espiritual em Belém. Quando realizava um show no Theatro da Paz, em 2003, ela viu um rapaz que a assistia durante a canção “Oração de São Francisco” e que logo desapareceu. Ao comentar no camarim sobre ele, descrevendo seus traços e suas roupas, soube por uma funcionária que se tratava de um rapaz que morreu no dia anterior e estava ansioso para assisti-la. A informação se confirmou quando o pai dele mostrou-lhe uma foto.

“Para mim, foi uma experiência benéfica, me fez mais crente que realmente é possível você entender o outro lado da vida. Acredito que quando algo assim ocorre é muito válido, porque acaba modificando a gente. Passamos a ter olhos mais profundos e atentos para a espiritualidade, vendo que estamos vivendo em um patamar de passagem, que há outro lugar que nos espera”, comenta Joanna sobre o fato.

Joanna projeta CD para 40 anos de carreira

O CD/DVD comemorativo deverá ser gravado em Portugal, resgatando algumas raízes da cantora (Foto: Divulgação)

O primeiro violão de Joanna foi um presente da mãe, aos 12 anos. Nele aprendeu os primeiros acordes com o irmão e logo veio a vontade de cantar e também de compor as próprias músicas, o que não mudou até aqui. Ela revela que tem muita música nova para mostrar. “Estou dedicada totalmente à composição. Ainda este ano, quero concluir o projeto de um novo CD/DVD que será em parte gravado em Portugal. E tem um documentário também. Já estou meio que caminhando para as homenagens em relação aos meus 40 anos de carreira, no ano que vem”, antecipa.

O projeto já tem nome, mas Joanna brinca: “Quando se pensa em um projeto a gente sempre dá o nome primeiro, faz a seleção, triagem, grava, edita... Depois, volta atrás e muda o nome (risos). A princípio, quero chamar ‘Casa’, porque é um retorno a tudo aquilo que eu aprendi e absorvi de bom nessa caminhada de 40 anos. Também é um resgate das minhas raízes – algumas portuguesas, por isso a gravação por lá. É um misto das minhas emoções diárias, embora traga essas raízes junto”. Cada vez mais viva e com muita força de composição, ela só adianta mais uma informação: virá com inéditas em que reencontra antigos amigos e faz novos parceiros.

MAIS MÚSICA

A noite no Belém Hall ainda terá show de Nilson Chaves, Juliana Sinimbú e Cleide Moraes. O primeiro apresenta seus grandes sucessos como “Sabor Açaí”, “Olho de Boto”, “Não Vou Sair” e “Tô Que Tô Saudade”. O cantor e compositor paraense é um dos maiores nomes da música brasileira, com discos que atravessam gerações e canções eternizadas na memória musical do público. Sinimbú brinda o público com um show especial, em formato piano e voz, todo dedicado à obra da cantora Maysa. E para completar a noite, Cleide Moraes coloca em prática sua especialidade, ser a rainha da seresta nos bailes de Belém.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)